R-Type Delta HD Boosted Review: O poder da nostalgia

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R-Type Delta HD Boosted é um excelente e muito desafiante shoot’em up espacial que peca pela sua reedição desprovida de extras e melhorias significativas, tornando-se essencial apenas para os fãs.

A minha familiaridade com a série R-Type data aos primórdios da minha vida, ao ponto de questionar se alguma vez pensei e joguei videojogos sem ter conhecido a série da IREM. A presença constante de R-Type remete a tardes em casa de familiares, a versões de Spectrum e depois de Game Boy, a momentos de aprendizagem e até à capacidade de reconhecer influências e referências a outras obras que já conhecia e pelas quais nutria genuíno carinho. A nostalgia é apontar para um ecrã 4:3 e dizer “aquele é o Alien” enquanto o meu primo enfrentava o primeiro boss de R-Type. Uma memória que não se perde, nutre-se, agora adocicada pela passagem do tempo enquanto eu ganho cabelos brancos e caminho lentamente para os 40. Estas imagens ficam connosco.

R-Type não é uma das minhas séries favoritas, mas é exaltada por memórias especiais, e acabo de me aperceber que R-Type Delta, lançado originalmente em 1999 para a PlayStation, é uma bomba nostálgica. Assim que iniciei a nova versão, HD Boosted, lançada pela CITY CONNECTION, reencontrei-me com uma memória perdida. O design dos menus, os efeitos sonoros, o minimalismo na apresentação, os cenários desolados do primeiro nível, os excelentes modelos 3D e a utilização de perspetiva e ângulos diferentes para realçar a ação e dar ao jogo uma maior cinematografia fizeram-me redescobrir um jogo praticamente esquecido.

A nostalgia é uma armadilha, capaz de adocicar o passado para nos puxar para ele e prender-nos para sempre. É essa a lição que retiro de R-Type Delta HD Boosted porque a dificuldade atirou-me ao tapete. Mesmo em Easy (ou Kids), a IREM não poupou os jogadores e manteve a fasquia elevada para todos aqueles que procuram dominar o layout dos níveis. O sistema de checkpoint continua implacável e Delta esmera-se ao construir sequências de ação onde temos de navegar através de obstáculos enquanto avançamos lentamente por um nível já repleto de inimigos e projéteis. À semelhança de outros shmups, R-Type centra-se muito na mobilidade e posicionamento dos jogadores e a dificuldade nasce do domínio do espaço. Com uma movimentação mais lenta, R-Type torna-se especial dentro do género, onde a velocidade deixa a IREM experimentar com inimigos mais imponentes ou então set pieces que aproveitam a velocidade reduzida para adicionar novas camadas de dificuldade à jogabilidade.

Não posso colocar em causa a qualidade de R-Type Delta e não posso ignorar o impacto nostálgico que este regresso ao passado teve em mim, mas posso – e vou! – criticar a nova versão por oferecer tão pouco aos jogadores. A portabilidade e remasterização não são propriamente acessíveis ou financeiramente viáveis, mas a 21,99€ pedia mais da CITY CONNECTION. Não temos os upgrades típicos neste tipo de remasterização, não temos extras ou novidades que justifiquem o preço. É o mesmo jogo de 1999 só que em alta definição, mas nem esse trabalho de renovação é consistente, já que podemos ver os efeitos da remasterização nos modelos 3D, mas nem tanto nos menus do jogo. É um trabalho incompleto que não me permite recomendar uma série que merece mais atenção.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela City Connection.

João Canelo
João Canelo
Crítico de videojogos, Guionista, Professor e o responsável pelo melhor mortal nas aulas de Educação Física em 2002. Um aficionado por jogos peculiares.
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