Musicbox encerra definitivamente a 15 de setembro, após quase duas décadas de atividade

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Lisboa prepara-se para a despedida do Musicbox. O clube fecha portas em setembro, mas continuará no novo projeto Casa Capitão.

O clube lisboeta Musicbox anunciou que encerrará portas no dia 15 de setembro, após 19 anos de atividade no Cais do Sodré. A sala abriu a 6 de dezembro de 2006, numa altura em que o bairro tinha pouca vida cultural e era marcado pela marginalização. Hoje, do tempo em que nasceu, resta apenas o nome.

Desde a abertura, o Musicbox assumiu-se como um espaço de programação musical independente, com forte aposta em concertos e DJ sets. Em média, por ano, realizaram-se mais de 200 concertos e 500 atuações de DJs. No total, milhares de artistas passaram pelo palco da sala, que se tornou uma referência no circuito cultural alternativo de Lisboa.

A equipa que sustentou o projeto foi igualmente vasta: centenas de profissionais, entre bar, sala, limpeza, técnica, programação, comunicação, produção e gestão, estiveram envolvidos ao longo dos anos. Segundo os registos da própria sala, cerca de 100.000 pessoas passaram anualmente pelo espaço, acumulando quase dois milhões de entradas desde 2006.

O impacto do Musicbox não se limitou ao espaço físico do Cais do Sodré. Foi também a base da atividade de uma empresa de gestão cultural que dinamizou projetos como o Club Docs, o Festival Silêncio, Lisboa Capital República Popular!, Poetas do Povo, MIL (nas suas diferentes dimensões), Liveurope, entre outros.

Apesar do encerramento, o coletivo por trás do clube prepara já o futuro. O projeto Casa Capitão, iniciado há oito anos, ganha agora nova centralidade. Situado no Beato Innovation District, o espaço abrirá oficialmente ao público a 19 de setembro, após um processo de requalificação exigente e de financiamento complexo. Toda a equipa do Musicbox, bem como a sua programação, transitará para esta nova casa cultural.

A decisão de encerrar o Musicbox surge num contexto em que Lisboa enfrenta um processo de transformação urbana acelerada. A aposta reiterada no turismo, na especulação imobiliária e na atração de residentes temporários com maior poder económico tem fragilizado a permanência de espaços culturais e afastado muitos habitantes da cidade. Os responsáveis do projeto sublinham que a defesa do direito à cidade e da cultura de base deve ser uma prioridade política, apelando a que o tema seja incluído de forma clara nos programas eleitorais autárquicos.

Foto: Ana Viotti

Alexandre Lopes
Alexandre Lopeshttps://echoboomer.pt/
Licenciado em Comunicação Social e Educação Multimédia no Instituto Politécnico de Leiria, sou um dos fundadores do Echo Boomer. Aficcionado por novas tecnologias, amante de boa gastronomia - e de viagens inesquecíveis! - e apaixonado pelo mundo da música.
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