A nova cláusula dá à empresa o direito de utilizar conteúdos transferidos para desenvolver tecnologias, incluindo inteligência artificial.
A partir de 8 de agosto de 2025, os novos termos e condições do WeTransfer serão aplicados, permitindo à plataforma utilizar os ficheiros enviados pelos utilizadores para treinar modelos de inteligência artificial — algo que já está a gerar críticas por parte de quem depende do serviço para trabalho criativo.
A alteração surge na cláusula 6.3 dos novos termos, onde é especificado que os utilizadores passam a conceder à empresa uma licença “perpétua, mundial, não exclusiva, livre de royalties, transferível e sublicenciável” para usar os conteúdos enviados. A utilização pode incluir reprodução, modificação, distribuição, comunicação pública e até a criação de obras derivadas. De acordo com o texto, essa licença destina-se a “operar, desenvolver, comercializar e melhorar” o serviço, incluindo “modelos de aprendizagem automática que melhoram os nossos processos de moderação de conteúdos”.
Na prática, isto significa que qualquer ficheiro — seja uma curta-metragem, uma ilustração, um guião ou qualquer outro tipo de conteúdo criativo — enviado através do WeTransfer pode agora ser integrado em sistemas de IA sem que o autor tenha direito a qualquer compensação.
A reação nas redes sociais tem sido rápida e extremamente justificável, com utilizadores a mostrarem preocupação sobre a propriedade intelectual dos seus trabalhos e a falta de uma opção clara de exclusão. Muitos sublinham que a natureza do serviço — amplamente usado por artistas, fotógrafos, designers e cineastas independentes — torna esta decisão especialmente controversa.
Em 2023, o CEO da WeTransfer, Alexandar Vassilev, já havia defendido o papel da IA como forma de “quebrar barreiras” na criação e edição de conteúdos, prometendo que o estúdio procurava “minimizar obstáculos” para os seus utilizadores. No entanto, essa visão parece entrar agora em choque com a forma como está a ser implementada, sem uma política explícita de consentimento individual para este tipo de uso.
Os termos revistos entram em vigor oficialmente no início de agosto. Até ao momento, a empresa ainda não fez qualquer declaração pública sobre a reação negativa, mas confirmou que tudo está alinhado com a sua política de privacidade atual. Para quem estiver preocupado com os seus dados, terá que encontrar agora uma alternativa menos predatória, algo que se revela desafiante no atual panorama tecnológico e capitalista. Entre as alternativas, os utilizadores nas redes sociais apontaram rapidamente serviços como o Smash, o Zipline ou o Blip.