Xbox encerra o estúdio The Initiative, cancela Perfect Dark, Everwild e dezenas de outros projetos não anunciados

- Publicidade -

O impacto dos despedimentos na divisão Xbox agrava-se com o fecho de estúdios, cancelamentos de jogos e uma reestruturação profunda.

Na sequência do corte de 9.100 postos de trabalho confirmado ontem pela Microsoft, surgiram imediatamente vário detalhe sobre as consequências diretas destas decisões dentro da divisão de jogos da Xbox. Um dos casos mais significativos é o encerramento do estúdio The Initiative, estúdio sediado em Santa Monica que estava responsável pelo reboot de Perfect Dark, também oficialmente cancelado. O projeto tinha sido apresentado em 2020 e voltou a ser mostrado em junho deste ano, mas, de acordo com informações internas citadas pela Bloomberg e pelo portal Windows Central, a produção foi interrompida e a equipa dissolvida.

Também Everwild, um novo título da Rare, foi oficialmente cancelado, após uma década de desenvolvimento e múltiplas reestruturações. O jogo, originalmente revelado ao público em 2019, nunca teve uma janela de lançamento definida, e enfrentava dificuldades desde o início, com a sua direção criativa a ser frequentemente reformulada. Não é claro, para já, qual será o impacto direto desta decisão na estrutura da Rare, mas vários membros da equipa já revelaram publicamente estar à procura de novo trabalho.

Estas medidas inserem-se num plano mais alargado de reestruturação, liderado por Phil Spencer e Matt Booty, com o objetivo declarado de dar “prioridade a áreas com maior potencial estratégico”. Através de um comunicado interno, Booty referiu que foram encerrados “vários projetos não anunciados”, como parte de um esforço para alinhar os recursos com as novas prioridades da empresa, num contexto de ajustamento às transformações do mercado.

Os efeitos destes cortes estão a fazer-se sentir em várias locais da organização. O estúdio Turn 10, responsável por Forza Motorsport, terá perdido cerca de 50% da sua equipa, de acordo com Jason Schreier. Também a Raven Software, que trabalha na série Call of Duty, foi afetada. Na Europa, os escritórios da ZeniMax e a divisão mobile King, sediada em Barcelona, registaram despedimentos significativos, com 200 postos eliminados — cerca de 10% da equipa local. Para além disso, foi também cancelado o projeto com nome de código Blackbird, um MMO da Zenimax Online Studios que estava em produção há vários anos. O jogo Warcraft Rumble, da Blizzard, também é afetado e deixará de receber atualizações, entrando numa fase de manutenção contínua — um modelo semelhante ao que foi aplicado a Heroes of the Storm e StarCraft 2. Estes caso em particular, revelam que as alterações em curso, não estão só a afetar os estúdios criativos, mas também áreas técnicas e de apoio, como as equipas de user research, family safety e outras operações editoriais.

Neste turbilhão de incertezas e desinformações, começaram a surgir rumores sobres uma eventual saída de Phil Spencer, no entanto a Microsoft já veio garantir que “não há planos para a sua reforma”, numa declaração ao The Verge da responsável de comunicação da Xbox, Kari Perez. A Microsoft tenta também confortar os fãs ao afirmar que ainda mantém mais de 40 projetos em desenvolvimento dentro da divisão Xbox. No entanto, este é já o quarto despedimento em larga escala no espaço de 18 meses, com um total que ultrapassa os 17 mil postos de trabalho eliminados desde o início de 2024, numa reestruturação contínua que está a alterar profundamente a estrutura da Microsoft Gaming.

Face a estas decisões e do sucesso da Microsoft, como Spencer afirma no seu comunicado anterior, a confiança na marca por parte dos consumidores e dos fãs mais acérrimos corre o risco de atingir um mínimo recorde. Estes despedimentos também acontecem numa fase particularmente estranha para a marca Xbox, que após muitas outras incertezas sobre o futuro da marca na indústria, estava agora a posicionar-se com grande força enquanto distribuidora multiplataforma. Recentemente, a marca também anunciou estar a trabalhar em novo hardware com a AMD – futura consola – e prepara-se para lançar em conjunto a ASUS, dois novos computadores para jogos, a ROG Xbox Ally e a ROG Xbox Ally X. Por outro lado, também cresce a incerteza e a confiança de quem trabalha nas divisões da Xbox e por artistas e programadores que aspiram a juntar-se aos seus estúdios e projetos. Assim, levanta-se a questão: com que confiança poderão os consumidores apostar numa marca que promete projetos que nunca chegam a ver à luz do dia e colocam em risco a vida e o bem-estar de quem cria os seus produtos?

David Fialho
David Fialhohttps://echoboomer.pt/
Licenciado em Comunicação e Multimédia, considero-me um apaixonado por tecnologias e novas formas de entretenimento. Sou editor de tecnologia e entretenimento no Echo Boomer, com um foco especial na área dos videojogos.
- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados