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Uma aventura musical que oferece poucos motivos para que queiramos explorar melhor o seu mundo e aprimorar as suas mecânicas.

O adorável Melobot é um robô capaz de preservar as harmonias à sua volta. Para um robô que acompanha missões espaciais, muitas delas de reconhecimento por um número extenso de planetas, a sua utilidade poderia ser reduzida devido à ausência de um programa de combate e defesa. O pequeno Melobot é pacifista, um robô de pesquisa e recolha, mas cuja enorme determinação em ajudar poderá ser tudo o que necessita salvar o planeta onde está agora encalhado. Uma estranha doença está a afetar a flora do planeta e a roubar-lhes a sua memória, enquanto máquinas, intitulas Guardiãs, continuam a sugar os recursos naturais. Melobot pode não saber lutar, mas é o único capaz de salvar as plantas e flores do planeta, e tudo através do poder da música.

Melobot: A Last Song é uma curiosa combinação entre um jogo de ação e aventura, onde temos várias regiões do planeta para explorar enquanto ajudamos a flora infetada e colecionamos novos detalhes sobre as ruínas do passado, com as mecânicas de um título de ritmo. A música é o verdadeiro poder do jogo da Anomalie Studio e é através das suas melodias que libertamos as plantas e flores da viscosidade que a afeta, encontrando a melodia do planeta para que lhe possamos devolver a energia. A campanha leva-nos a explorar vários biomas que associamos regularmente ao género de aventura, com níveis centrados em florestas e selvas densas, mas também zonas geladas e desérticas, naquela que é uma viagem por um planeta marcado pela exploração desenfreada dos seres humanos.

Apesar da beleza e tranquilidade das suas zonas, tal como a presença de monumentos que caracterizam o passado das civilizações já desaparecidas – cuja investigação complementa a narrativa do jogo e funciona como os seus únicos colecionáveis –, o mundo de Melobot: A Last Song é muito mais superficial do que deveria ser e existem não só poucas oportunidades de exploração – os mapas são restritos ao progresso e temos de recolher plantas antes de termos acesso a novas secções do mapa –, como a beleza natural dos espaços não é suficientemente memorável ou única para validar o vazio de certas zonas.

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Melobot – A Last Song (Microids)

O processo de cura e salvamento da flora envolve repetirmos a melodia das plantas e flores. Para tal, basta aproximar-nos das plantas afetadas pela matéria negra e ouvirmos os padrões da sua melodia. Através dos botões do comando, podemos imitar o padrão e recriar a música que ouvimos através de uma combinação de ações, cada uma única a uma determinada melodia. No final, somos pontuados pela nossa prestação, que depende não só da sucessão de melodias realizadas, mas também do ritmo e duração de cada nota. No total, podemos ser pontuados até três estrelas, sendo a pontuação máxima intitulada Virtuoso.

Quanto maior for a nossa pontuação, mais depressa teremos acesso a pontos de habilidade que poderemos utilizar para melhorarmos as habilidades inerentes do nosso robô melódico – como a duração do seu sprint, escudo e pontos de vida. Podemos recomeçar uma melodia sempre que queiramos e basta carregarmos no R1 (na versão PS5) para voltarmos ao início. Também temos a opção de ver as indicações das notas que temos de carregar e a sua ordem, mas é possível ignorar esta ajuda de acessibilidade e tentarmos descobrir as melodias pelo ouvido enquanto experimentamos novas combinações de botões.

Entre a exploração e a musicalidade das plantas, Melobot: A Last Song apresenta ainda pequenos momentos de combate. Isto parece ser uma contradição, é verdade, já que Melobot não tem um programa de combate, mas é muito mais simples de explicar. À medida que libertamos as zonas e plantas do vírus, acabamos por chamar a atenção do Guardião, um robô enorme que está responsável pelas zonas principais do planeta. Quando o Guardião é apresentado no mapa, o combate é inevitável e só podemos continuar a nossa missão se o desativarmos. Como Melobot é incapaz de atacar os seus inimigos diretamente, o pequeno robô tem de utilizar as suas habilidades para desativar as defesas do Guardião e obriga-lo a recuar. As defesas, representadas por cilindros que giram em torno do Guardião, estão sempre em movimento e quase sempre protegidas por barreiras ou projéteis, transformando Melobot num jogo de ação e reflexos rápidos, ainda que apenas temporário. Com o Guardião derrotado, a exploração e musicalidade continuam, num loop sucessivo e sem variações na fórmula.

Apesar de adorar jogos de ritmo e considerar o conceito de Melobot: A Last Song interessante, a sua jogabilidade é incapaz de evoluir ao longo da campanha e está demasiado refém da sua estrutura. As músicas ficam mais difíceis de replicar, especialmente se quisermos alcançar sempre as três estrelas, mas a navegação e recolha de colecionáveis é sempre idêntica e os mapas não oferecem novos desafios. O terreno é quase sempre plano, não há propriamente dificuldade na sua navegação ou elementos narrativos que exponenciem o seu passado atribulado, fora a presença dos colecionáveis. Então caminhamos à procura das plantas e flores que necessitam de ajuda através de um mapa cansativo, cujos pontos de interesse estão sempre visíveis em campo.

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Melobot – A Last Song (Microids)

Quando encontramos uma planta, repetimos sempre o mesmo processo: primeiro ouvimos a melodia e depois repetimo-la. Algumas melodias são complexas devido ao seu timing e ritmo, mas o processo nunca muda e é sempre uma questão de decorarmos a sucessão de notas do que propriamente termos destreza para as tocarmos. Também existe alguma inconsistência na forma como tocamos nas notas e somos pontuados, e encontrei momentos em que alcancei a melhor pontuação, apesar de falhar o tempo da música, e outras onde fiz tudo certo, mas o jogo recusou-se a dar-me as três estrelas.

Outro problema encontra-se nos controlos. Talvez seja um problema único aos botões direcionais do DualSense da PlayStation 5, mas o input dos controlos não funciona muito bem com as notas e combinações exigidas. Com notas que envolvem um dos botões direcionais, é muito normal registarmos mais do que uma nota se tentarmos passar rapidamente para a próxima nota, fazendo-nos perder a pontuação máxima. O que temos de fazer é levantar completamente o dedo do comando e escolher o próximo botão, o que, sua vez, leva-nos a perder o ritmo da música. Como solucionar este problema? Ou ter melhores tempos de resposta dos inputs, exigindo maiores tempos de pressão, ou então ter combinações que não obriguem ao deslocamento do dedo entre botões direcionais. Melobot – A Last Song dá-nos uma primeira boa impressão devido ao seu foco na musicalidade. A ideia de salvarmos as plantas e flores através da música, tocando as suas notas para as revitalizar, é interessante e a dificuldade crescente das composições musicais satisfará os jogadores mais experientes com o género. A possibilidade de melhorarmos o adorável Melobot também é uma mais valia e incentiva à conclusão das músicas com pontuação máxima, tal como a descoberta dos colecionáveis. No entanto, a jogabilidade torna-se repetitiva devido à estrutura da campanha, sempre assente nas mesmas ações, sem quaisquer variações. Os confrontos contra o Guardião são quebras interessantes, mas não são difíceis ou exigentes, antes cansativas, já que giram em torno das mesmas mecânicas e condicionam a nossa progressão. No fundo, Melobot: A Last Song é um jogo competente que faz muito pouco com o seu conceito, tornando-se pouco memorável ou mecanicamente envolvente.

Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Neonhive.

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