#DRIVE Rally (Early Access)

- Publicidade -

A nostalgia é só o ponto de partida para um jogo distintamente único das suas inspirações, mas com espaço para melhorias se quiser mesmo ser um excelente arcade racer.

Jogos de rally foram praticamente a minha porta de entrada nos videojogos, particularmente com a icónica série Colin McRae Rally, desde a sua génese em 1998, naquilo que ainda hoje guardo com carinho e como referência de jogo de corridas divertido e mecanicamente bem afinado, algo que é facilmente comprovado ao ligar a PlayStation 1 para fazer mais uma super-especial. Apesar da idade, a sua jogabilidade é extremamente atual e, aos meus olhos, imaculada.

Ao longo dos últimos 26 anos, o género evoluiu. Foi melhorado, afinado, expandido até um registo bem mais imersivo e de simulação. Mas há algo naquele jogo do final dos anos 90 que permanece especial. Algo mais valioso que a nostalgia e que a sua jogabilidade intemporal. Algo difícil de descrever, mas que vários fãs e produtores independentes tentam recuperar num pacote mais moderno. É o caso de Old School Rally, já disponível em early access, e de #DRIVE Rally, que chega também agora à Steam no mesmo modelo.

Enquanto que Old School Rally se apresenta como um clone de marca branca direto de Colin McRae Rally, #DRIVE Rally posiciona-se como algo mais distinto e com uma identidade própria, onde se destacam imediatamente os seus visuais de geometria Low-Poly, mas extremamente limpa e cartoonizada. O título denuncia um ângulo mais divertido e brincalhão, consciente da sua abordagem mais arcade e menos simuladora, que se comprova com um tom de paródia com piadas durante as indicações de co-piloto, onde um deles até puxa pelo sotaque de um certo exterminador implacável austríaco.

Os ingredientes para divertidas sessões de jogo estão lá, com os produtores a afirmarem repetidamente que estão a apontar para uma jogabilidade de condução de arcade “muito mais divertida que em simuladores”. No entanto, desde a sua demo, e agora com o seu early access, este fator de diversão não foi tão elevado como gostaria.

drive rally echo boomer 1
Drive Rally (Pixel Perfect Dude)

O objetivo da pequena equipa da Pixel Perfect Dude é que o jogo evolua com o tempo, recebendo novos modos, novos trilhos, veículos e muitos mais conteúdos até ao seu lançamento final, em 2025. Para todos os efeitos, a versão agora disponível já oferece uma quantidade saudável de conteúdos para explorar, mas, ao mesmo tempo, muito para melhorar.

Nesta versão temos acesso a um “modo de carreira” livre, onde podemos viajar até quatro regiões bem distintas, com diferentes provas nas quais conduzimos diferentes veículos e desbloqueamos partes e créditos para podermos personalizar os 12 carros disponíveis no modo Quick Play. Para já, são apenas estes os dois únicos modos disponíveis, com a promessa de, no futuro, serem lançados mais campeonatos e, até, um editor de trilhos e especiais. Planos para modos multijogador não existem, sendo o objetivo de #DRIVE Rally apenas o de bater os melhores tempos de outros jogadores. E fazê-lo não será tarefa fácil.

Se há coisas que, com o tempo, podem ser melhoradas, é a sensação de condução. #DRIVE Rally não é tão livre e arcade como estava à espera, com curvas largas e prontas para colocar o carro de lado. A sua condução é, na verdade, um pouco rígida demais e extremamente sensível à travagem e direção. Através das definições do jogo, vi-me obrigado a reduzir a sensibilidade da direção para os 50-60%, algo que aliviou bastante a condução, mas o mesmo não posso dizer dos travões dos carros, que, com um pequeno toque no gatilho dos comandos, ficam colados a qualquer piso. Já o travão de mão parece não ter o efeito desejado para colocar os carros verdadeiramente de lado com o embalo certo.

Também a melhorar é a forma como o jogo regista tempos e penáltis. Apesar de os carros de #DRIVE Rally não sofrerem danos – e, segundo os produtores, essa funcionalidade não está planeada -, qualquer toque ou derrube de estacas e fitas nos contornos das pistas são extremamente penalizantes, retirando pelo menos 0.10s de tempo, o que cria alguma ansiedade no controlo já rígido dos veículos. É irónico quando afirmam que o objetivo do jogo é ser mais divertido que outros simuladores, mas depois acaba por ter um sistema de penalização quase tão cruel como um Gran Turismo. Outro aspeto confuso no sistema de penalização é assistirmos aos fantasmas cortar entre curvas e contracurvas, mas, quando é o jogador a fazê-lo, metade das vezes leva com um reset de volta à pista e um puxão de orelhas do co-piloto. É extremamente inconsistente e difícil de perceber se cortar caminho é, de facto, uma mecânica de jogo válida.

drive rally echo boomer 2
Drive Rally (Pixel Perfect Dude)

O que poderá não ser alterado com o tempo são as suas pistas e a forma como são criadas. A Pixel Perfect Dude, ao invés de criar pistas distintas, com identidade e temas próprios, com uma seleção curada e variada, optou pelo formato de pistas baseadas em HUBs/mundos abertos, como muitos jogos de corrida em mundo aberto fazem. Neste caso através dos quatro mapas, com estradas entrelaçadas, caminhos curtos e entroncamentos, fechados em determinados biomas que traçam o destino dos pilotos. Esta escolha, apesar de eficaz e de potencialmente funcionar no futuro editor de pistas, traduz-se numa experiência de progressão repetitiva e pouco divertida de descobrir. A cada novo desafio do campeonato, continuamos a explorar as mesmas regiões, as mesmas curvas e os mesmos traçados, mas remisturados.

Para tornar o jogo ainda menos interessante, numa decisão que afeta a jogabilidade e a ansiedade dos seus sistemas de penalizações, é que as pistas são extremamente apertadas, uma decisão de design que ecoa novamente mais aos simuladores do que aos jogos de arcade, com os carros a ocuparem “80%” da largura das pistas e com os pilotos a confrontarem-se recorrentemente com curvas incrivelmente apertadas. Assim, o que poderiam ser corridas cheias de adrenalina, aproxima-se mais de uma experiência de jogo assente num para-arranca constante.

Talvez tenham sido as minhas expectativas traídas, a espera de algo mais reminiscente da origem do género, ou da minha confiança na descrição e no aspeto geral do jogo – que esse é, de facto divertido -, mas jogar #DRIVE Rally tornou-se, de facto, numa pequena maçada, que pode obviamente melhorar com o tempo. Pelo menos esse é o meu desejo.

Com um early access disponível via Steam, podem também experimentar #DRIVE Rally através de uma pequena demo gratuita, que dá também para retirar algumas pequenas primeiras impressões desta aposta no género de jogos de rally “à antiga”.

#DRIVE Rally | Gameplay Trailer

Cópia para análise (versão PC/Steam Deck) cedida pela Evolve PR.

- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados