Antes dos Queens of the Stone Age, subia a palco uma banda muito mais calma, mas capaz de criar temas absolutamente viciantes. Falamos, claro está, dos The National, naquele que foi o seu 15º concerto em Portugal.
Na bagagem traziam Sleep Well Beast, disco que já tinham vindo apresentar ao Coliseu de Lisboa a 29 de outubro do ano passado, e que foi aclamado pela crítica e fãs. Aliás, só assim se explica que, em 15 músicas, seis tenham sido retiradas do último trabalho.
Quase que podemos considerar a banda de Matt Berninger como sendo portuguesa, dadas as vezes que já atuaram por cá. Só assim se percebe a facilidade com que as canções são absorvidas, novas ou velhas, e a forma como o vocalista cativa a audiência. Matt Berninger, com a sua voz meio embargada, não é um cantor de excelência – nota-se umas desafinações aqui e ali – mas a alma, a força e a importância que dá a cada interpretação tornam esse detalhe meramente acessório.
Nas primeiras cinco músicas, os The National despacharam logo cinco temas do mais recente álbum, com especial destaque, claro, para o single “The System Only Dreams in Total Darkness”.
Contudo, destacar apenas um tema num concerto dos americanos fica apenas mal. Por exemplo, se “Guilty Party” foi um misto de emoções, “I Need My Girl” foi entoada por todos os presentes; Se “Day I Die” é outro dos pontos altos do novo disco, “Fake Empire” leva-nos de volta a Boxer, de 2007. É assim um concerto destes senhores, sempre com pontos altíssimos, e que, apesar de se considerarem uma banda de rock alternativo, acabam por ter uma atitude mais rockeira e punk que muitas bandas do planeta.
Matt Berninger, sempre irrequieto, andou de um lado ao outro do palco, teve um momento quase poético com uma das câmaras telecomandadas de palco que seguia as suas ordens e, ainda, conseguiu a proeza de ir buscar uma cerveja numa das laterais do recinto. Claro que não a chegou a beber – os fãs entornaram a cerveja e o homem não teve outro remédio senão atirar para a plateia. Coitado de quem levou com aquilo pela cabeça.
Para o final – fortíssimo, diga-se -, ficaram “Mr. November”, “Terrible Love” e a velhinha “About Today” – ao meu lado fãs excitados pediam a faixa insistentemente. Foi feita a vontade.
Um concerto que apenas pecou por não incluir alguns temas considerados obrigatórios pelos fãs, mas que se justifica plenamente pela duração prevista do alinhamento. Foram 15 músicas e uma setlist de luxo, distribuídas por um concerto excelente.
Em 2013 lembro-me de ler um artigo onde o vocalista Matt Berninger referia que, naquele momento, já conseguiam dar um bom concerto. E a verdade é que, não tendo acusado as dores do crescimento, os The National dão um espetáculo que entretém facilmente milhares de festivaleiros.