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Night Swim não consegue superar as armadilhas do horror genérico.

Ao entrar no cinema com apenas uma vaga recordação do que me intrigara em Night Swim, a cena inicial lembrou-me de como as minhas esperanças de um boa sessão cinéfila repousavam principalmente nos ombros de Wyatt Russell (The Woman in the Window) e Kerry Condon (The Banshees of Inisherin). Apesar das minhas baixas expectativas – embora esteja bem ciente de que filmes de horror em janeiro costumam ser bastante desapontantes – estas escolhas de elenco aludiam ao potencial de uma visualização satisfatória para começar o novo ano. Para além disso, é uma estreia na realização de longas-metragens por parte de Bryce McGuire, logo esperava por uma surpresa agradável…

Infelizmente, Night Swim não consegue superar as armadilhas do horror genérico, apoiando-se na estrutura gasta de uma narrativa de ‘casa assombrada’ – substituindo a casa por uma piscina. Russell e Condon são o grande ponto positivo nesta produção que, de outra forma, é pouco inspiradora. As suas prestações mostram uma química louvável, injetando uma certa maturidade no filme. As interações da dupla são convincentes, fornecendo uma base sólida para o espetador se envolver com as personagens, mas o argumento previsível simplesmente não permite a exploração adequada de nenhum arco ou tema. Para além dos atores principais, um destaque inesperado foi a revelação da jovem de 19 anos Amélie Hoeferle (The Hunger Games: The Ballad of Songbirds & Snakes), que oferece uma exibição surpreendentemente cativante, colocando-a firmemente entre as jovens atrizes mais promissoras do momento. Apesar da desilusão geral, estas interpretações adicionam uma camada de credibilidade e envolvimento que ajuda a manter a audiência ligada à história.

Charlie Sarroff (Smile) merece igualmente uma menção honrosa pela sua cinematografia, com alguns ângulos de câmara não convencionais e sequências de sustos bem executadas. Ao navegar pelo espaço limitado de um ambiente de piscina doméstica, Sarroff consegue alocar alguma criatividade em alguns sustos, embora a eficácia desses momentos seja efémera, já que Night Swim tem dificuldades em manter altos níveis de tensão e suspense.

Estes são os únicos elogios que consigo encontrar e, infelizmente, não são suficientes para compensar o argumento insípido de McGuire, que faz pouco para elevar Night Swim para lá dos clichés do género de horror. A premissa de “casa assombrada” já se encontra desgastada há muito tempo, necessitando de “pedir emprestado” a inúmeros outros filmes que já desbravaram terreno semelhante. Mesmo que o cineasta tenha o potencial para explorar temas mais profundos relacionados com sacrifício e amor familiar, a narrativa simplesmente utiliza estes tópicos como dispositivos de enredo em vez de oportunidades para linhas de enredo significativas.

Até os tais sustos bem executados tornam-se uma faca de dois gumes, visto que, apesar de tecnicamente impecáveis, acabam por cair na previsibilidade. A dependência de Night Swim destas táticas convencionais diminui o seu impacto com o tempo, deixando a audiência com uma sensação de déjà vu em vez de medo genuíno. A combinação de elementos de efeitos visuais com maquilhagem em certas personagens não encaixa bem, tornando-as mais visualmente distrativas do que realmente assustadoras.

Night Swim poderia facilmente ser um daqueles filmes de horror razoáveis que, apesar de não possuírem muita substância, conseguem satisfazer a maioria dos espetadores com uma história e sustos básicos. No entanto, a conclusão apressada e problemática afeta a experiência geral. Normalmente, defendo filmes com finais ousados e arriscados, mesmo que estes não funcionem, mas as decisões de McGuire no terceiro ato sobressaem como extremamente forçadas e carentes de qualquer nuance… tanto que, sinceramente, preferiria um daqueles finais genéricos fáceis de se preverem após um par de minutos do início da obra.

Em retrospetiva, mesmo estando ciente de que certamente não era a intenção do cineasta, Night Swim aproveita-se de certa forma da complicada doença de uma personagem como um simples meio para um fim, usando-a como um traço ligado à piscina assombrada em vez de dar um tratamento respeitoso e cuidadoso a um tópico sensível. Os últimos minutos deveriam transmitir uma mensagem de resiliência e perseverança diante das lutas humanas internas, mas, em vez disso, concluem com uma mensagem confusa e quase contraditória exclusivamente para conseguir obter um certo valor de choque. Choque esse que nunca é verdadeiramente merecido…

VEREDITO

Night Swim não consegue superar as armadilhas do horror genérico. Apesar das prestações louváveis de Wyatt Russell, Kerry Condon e da emergente Amélie Hoeferle, a dependência de Bryce McGuire em clichés desgastados, sustos previsíveis – mesmo que bem executados – e temas e personagens subdesenvolvidos afunda o filme sob o peso das suas próprias escolhas narrativas desinspiradas, nomeadamente o final apressado com uma mensagem frustrante. Infelizmente, não é a obra que gostaria de poder usar para contestar a ideia de que janeiro não pode ter filmes de horror memoráveis.

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