Primeira dança no octógono mais famoso do mundo foi um tango satisfatório.
Como fã de longa data de jogos de combate, diria que EA Sports UFC 5 era uma das pedras do infinito que faltavam na minha luva do poder. E ainda bem que finalmente a obtive, pois esta representação do que é a MMA passou as expectativas (pelo menos dentro do octógono).
Dos vários pontos positivos, o que me chamou desde logo à atenção foi a seleção abismal de lutadores disponíveis para combater. São mais de 300 lutadores, espalhados pelas várias categorias de peso, entre os quais constam imensos ícones e lendas, bem como muitas das estrelas presentes de UFC. Isto não só vos vai permitir replicar combates que se verificam na atualidade, como também vos vai permitir dar asas à vossa imaginação para combates de sonho entre lutadores de gerações distantes.
Pessoalmente, não acompanhando a modalidade há muito tempo, encontrei valor no modo de combate semanal (que ao que parece já fez parte de jogos passados), mais concretamente dos contratos, que são atualizados diariamente. Isto porque não conhecendo muito e com o rooster de atletas disponíveis, é algo assombroso decidir objetivamente que combates fazer. Então havendo já emparelhamentos definidos nas lutas da semana, ajuda bastante a manter a objetividade, pelo quão cativante é. Neste modo, vão poder defrontar o CPU, já com nível de dificuldade pré-definida e, enquanto o fazem, ganham moedas para gastar na loja – que para mim não faz grande diferença, mas percebo quem goste.
Esta edição de UFC marca a transição do Ignite Engine para o Frostbite – motor de jogo proprietário já usado pela Electronic Arts noutros jogos desportivos, dos quais é exemplo o EA Sports FC24 – e, felizmente, parece ter corrido bem. Visualmente não tenho nada de especial a criticar, dado que os gráficos são bons ao ponto de conseguir captar em grande detalhe a brutalidade que define as MMA. E quando falo em grande detalhe, refiro-me ao realismo com um elevado nível de pormenor, tal como o efeito do suor ou sangue em determinados golpes mais violentos. A isto chamo de elevar a parada, e bem!
Na sequência do que apontei acima, preciso de acrescentar que o realismo das animações é bastante satisfatório. Comparando a jogabilidade de EA Sports UFC 4, fica a sensação que a Electronic Arts conseguiu tirar um coelho da cartola com o novo motor usado. A saga UFC está mais autêntica que nunca, com animações de combate mais suaves, naturais, realistas e, por sua vez, mais aproximadas do que se verifica na realidade. Tirando alguns bugs físicos que ainda não foram totalmente suprimidos (lutadores a dobrarem-se e contorcerem-se de formas pouco anatómicas), que se notam mais nas repetições em câmara lenta, pode-se dizer que este jogo está mais imersivo e autêntico.
Este jogo viu o sistema de combate de submissão no chão ser redesenhado e simplificado. Os mini-jogos foram eliminados uma vez que, por serem longos, roubavam tempo útil à luta e, por sua vez, o brilho ao que realmente interessa. Agora, as sequências de comandos a usar durante as submissões parecem mais intuitivas e objetivas. Ganham com isto os jogadores, porque ainda que este novo sistema continue a requerer estratégia, faz com que os combates sejam mais intensos.
Só encontrei um ponto negativo. É grande, a meu ver, e está todo interligado entre si, mas tem de ser falado: O foco nos modos de jogo online rouba muito brilho ao jogo, ainda que, nesses modos, a experiência seja excelente. Perdem com isto os jogadores que gostam de jogar offline/a solo, que vão ter dificuldades em encontrar conteúdo atrativo que os mantenha interessados no jogo. Como já referi, dentro do octógono há pouco a apontar, mas isso por si só não chega.
Explorei o modo de carreira por alto, dado que é algo que gosto de fazer em todos os jogos desportivos, e não fiquei muito satisfeito. Ficou a sensação que falta profundidade e uma narrativa interessante. O quão básico é faz com que rapidamente se torne aborrecido, pois as opções são limitadas. Sem querer perder objetividade, todos os jogos da EA investem pouco nos modos offline (e tem ficado pior com os anos), por isso não estou surpreendido que UFC sofra do mesmo mal.
No geral, diria que o jogo tem o seu brilho pelo quão bem capta a essência da UFC, com elevada atenção ao detalhe (principalmente no sistema de dano). Os gráficos são ótimos e as mecânicas de combate excelentes, com uma curva de aprendizagem gigante, mas bastante recompensadora e entusiasmante. Ainda que haja modos de jogo onde perder tempo, EA Sports UFC 5 falha redondamente na experiência que oferece aos jogadores offline. É preciso muita inovação para justificar o que os jogadores offline têm de pagar para adquirir o jogo.
Se comprarem EA Sports UFC 5 pelos modos multi-jogador e gostam mesmo da modalidade, podem encontrar valor neste jogo. Caso prefiram jogar o jogo à vossa maneira, a solo, e experienciar o que é o universo MMA através de modos que não precisem de acesso à Internet, não meto as minhas mãos no fogo por ele.
Numa frase: Excelente dentro do octágono, desapontante fora dele.
Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Electronic Arts.