Quase que se pode dizer que há males que vêm por bem. Depois de Björk ter cancelado a sua digressão de verão, onde se incluía uma passagem por Portugal no Vodafone Paredes de Coura, a organização do festival minhoto foi extremamente rápida a colmatar esta falha, anunciando a presença dos canadianos Arcade Fire em substituição da islandesa.
Considerada uma das bandas essenciais do século, os Arcade Fire formaram-se durante o verão de 2003, depois de Win Butler ter ouvido Régine Chassagne numa exposição de arte de Montreal e terem começado a compor juntos. Numa mistura encorpada e eclética de bossa nova, punk, canção francesa e música pop, rapidamente encabeçaram a realeza do indie no início dos anos 2000.
Depois do lançamento do primeiro EP, em 2003, a aclamação da crítica, e público, chegou em 2004 com o primeiro álbum, Funeral, resultado de uma catarse conjunta em estúdio. A partir daqui, as datas na estrada foram sucessivas e começaram as nomeações para prémios e as aparições nas listas de melhores do ano de diversas publicações especializadas. Depois de um ano exaustivo, a banda comprou uma igreja, cenário de gravação de Neon Bible, trabalho de 2007 marcado pela diversidade de instrumentos desde órgão e coro até uma orquestra completa.
Seguiu-se Suburbs, uma ode de 16 faixas universalmente aclamada e que chegou a número 1 nos Estados Unidos e Reino Unido e lhes deu, no ano seguinte, uma variadíssima lista de nomeações e prémios que foram dos Grammy aos BRIT Awards. Começaram a trabalhar no seu quarto lançamento em 2012, com James Murphy na produção. Reflektor foi uma vez mais aclamado e levou a uma ambiciosa tour mundial. Um documentário da tour, lançado em 2015, chegou a ser selecionado para ser exibido no Toronto Film Festival nesse ano. O antecipado álbum Everything Now chegou o ano passado.
Recorde-se que o festival minhoto foi o escolhido, em 2005, para acolher a estreia da banda em Portugal. O acontecimento histórico, no palco principal do festival, vive até hoje na memória de todos os que o presenciaram, e no imaginário de todos os que o perderam.
Na altura, foi com Funeral que o grupo de Montreal presenteou o público com uma actuação explosiva, catártica, capaz de provocar epifanias a tantos que ali estiveram.
Escreveu-se, na altura, que “não acontece assim tantas vezes, ouvir o som da história a fazer-se.” O regresso faz-se agora. 13 anos depois, a banda de Win Butler volta ao sítio onde foi feliz, e onde deixou fez tanta gente feliz.
Convém recordar que os canadianos vão passar pelo nosso país a 23 de abril, num concerto marcado para o Campo Pequeno, e para o qual os bilhetes já estão esgotados. Esta é, portanto, uma nova oportunidade para os ver ao vivo.
A 26.ª edição do Vodafone Paredes de Coura vai decorrer na Praia Fluvial do Taboão nos dias 15, 16, 17 e 18 de Agosto. Além dos Arcade Fire, o cartaz contempla nomes como Fleet Foxes, Skepta, Curtis Harding, … And You Will Know Us By The Trail Of Dead e Big Thief.
Os passes gerais podem ser adquiridos por 100€ e estão à venda no site oficial do festival, Bilheteira Online, Festicket e locais habituais.