Viwoods AiPaper – Review: experiência de escrita quase como no papel

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O Viwoods AiPaper destaca-se pela experiência global de escrita e leitura, pela personalização e pela fluidez de utilização, sendo uma opção bastante sólida neste nicho de mercado dos paper tablets.

O mercado de tablets E‑Ink tem registado um crescimento assinalável, tornando-se cada vez mais diversificado e tecnologicamente sofisticado. Hoje, estes dispositivos vão muito além da simples leitura de e-books: permitem escrever à mão, organizar notas, estudar, planear tarefas e, até, integrar funcionalidades digitais inteligentes que aumentam a produtividade. Esta diversidade é extremamente positiva, pois oferece a cada utilizador a possibilidade de escolher a ferramenta mais adequada às suas necessidades, seja para estudar, trabalhar, estruturar ideias ou simplesmente ler com conforto e sem fadiga visual.

Foi neste contexto que a Viwoods, empresa dedicada ao desenvolvimento de soluções E‑Ink, lançou em 2024 o Viwoods AiPaper. Este dispositivo combina um design ultrafino com tecnologia de ponta, oferecendo uma experiência de escrita digital que se aproxima da sensação do papel. E nós, aqui no Echo Boomer, como fãs que somos deste tipo de dispositivos, quisemos compreender de que forma este produto se posiciona num setor cada vez mais competitivo.

Ao receber o AiPaper, a primeira impressão é marcada pela apresentação cuidada: o dispositivo vem acondicionado numa caixa elegante, em tons de cinzento claro, transmitindo uma sensação de minimalismo. No interior, além do tablet, encontram-se vários acessórios úteis, como uma caneta com recargas extra, uma capa protetora, um guia rápido para configuração inicial e um cabo USB-C para carregamento e ligação ao computador.

A caneta que acompanha o AiPaper é a Viwoods W1 Stylus Pen, e é um dos elementos que mais me agradou na experiência de utilização do tablet. Com apenas 16 gramas, e um comprimento de 15,7cm e 0,9cm de diâmetro, é incrivelmente leve e, ao manusear, transmite uma sensação de naturalidade, quase como se fosse uma extensão da mão. O seu acabamento em cinzento claro combina na perfeição com o design minimalista do tablet e com a capa protetora incluída, criando um conjunto visualmente harmonioso e extremamente estético.

A W1 Stylus Pen tem uma forma cilíndrica, com uma única face lisa, evitando que a caneta deslize quando pousada numa superfície, reduzindo assim o risco de quedas ou danos. Já tinha experimentado outras canetas com uma face lisa semelhante, mas, na prática, não eram tão eficazes: ao pousar sobre a mesa, ainda rolavam uma ou duas vezes antes de parar. E a verdade é que a W1 Stylus Pen foi a única que se revelou verdadeiramente estável nesse aspeto, permanecendo firme desde o primeiro instante em que é pousada sobre qualquer superfície. Além disso, conta ainda com um sistema magnético bastante prático: caso não estejamos a usar a capa, a caneta pode ser acoplada diretamente ao AiPaper, tanto no lado esquerdo como no direito. No entanto, é importante posicionar a face lisa voltada para o tablet, garantindo uma ligação mais forte e evitando que a caneta se solte inadvertidamente, visto que o magnetismo não é dos mais fortes.

O material que reveste a W1 Stylus Pen, de toque liso e suave, poderia à partida levantar dúvidas quanto à aderência, mas o acabamento fosco dá-lhe equilíbrio, tornando-a agradável de segurar, mesmo durante longas sessões de escrita.

Na extremidade superior da caneta encontra-se uma borracha embutida, sensível à pressão: aplicando menor pressão apaga-se uma área mais reduzida, enquanto uma pressão maior remove uma área mais extensa. Logo abaixo da borracha, surge discretamente o logótipo da Viwoods em cinzento escuro.

Mais abaixo, a caneta possui um botão lateral que funciona como borracha digital: basta mantê-lo pressionado para apagar com precisão, de forma contínua e intuitiva. Para além desta função, o botão pode ser configurado nas definições do tablet para outras ações, como alternar entre ferramentas ou ativar funcionalidades específicas, tornando a experiência mais adaptada às preferências de cada um.

A ponta de escrita, fina e bem calibrada, proporciona uma experiência natural e bastante responsiva. A sua maciez, em combinação com o ecrã igualmente suave do tablet, permite escrever sem grande fricção, com traços que deslizam de forma confortável, embora sem reproduzir totalmente a resistência de escrever em papel. É natural que, com o uso frequente, a ponta da caneta acabe por se desgastar ao final de alguns meses de uso. Felizmente, a substituição das pontas da caneta é simples e rápida: basta retirar a ponta desgastada e inserir uma nova, aproveitando as nove recargas incluídas no pack da Viwoods. Entre estas recargas encontram-se pontas mais macias e pontas mais duras. Pessoalmente, prefiro escrever com as pontas macias, que oferecem maior conforto ao escrever, enquanto as pontas mais duras têm a vantagem de serem mais duráveis, ideal para quem escreve com frequência.

Outro detalhe interessante da W1 Stylus Pen é que utiliza tecnologia Wacom, que se baseia na ressonância eletromagnética (EMR 2.5), em que a ponta da caneta comunica diretamente com o ecrã. Esta interação permite ao tablet reconhecer até 4096 níveis de pressão, bem como o ângulo e os movimentos da caneta, resultando numa escrita de baixa latência, que é extremamente fluida. Por isso, a W1 Stylus Pen não precisa de ser carregada, eliminando a necessidade de cabos adicionais ou preocupações com a bateria. Esta tecnologia permite ainda a compatibilidade com outros tablets que utilizem tecnologia semelhante à Wacom, aumentando assim a versatilidade da caneta, já que pode ser usada em vários dispositivos, o que é excelente.

No entanto, reparei que, durante a escrita, a W1 Stylus Pen emite um som subtil, proveniente do movimento interno da própria caneta. Para algumas pessoas, este ruído pode ser ligeiramente incómodo. No meu caso, confesso que até gostei, pois trouxe-me à memória algumas canetas tradicionais que também produziam um som semelhante. No entanto, é fácil perceber que para alguns utilizadores este pormenor poderá não ser tão agradável.

Para além da W1 Stylus Pen, o AiPaper inclui uma capa elegante, também em tons de cinzento, criando uma harmonia visual muito coesa com o tablet e caneta. A capa é confeccionada com um tecido ecológico de textura suave e elegante, transmitindo desde logo uma sensação de qualidade superior. O interior é forrado com um tom escuro e aveludado, proporcionando uma proteção eficaz contra riscos e impactos, e o exterior apresenta um acabamento que imita o linho ou o algodão, conferindo-lhe um toque agradável. Além disso, é resistente a salpicos e riscos, garantindo a durabilidade e a estética da capa.

Um dos aspetos que mais apreciei nesta capa é o seu peso reduzido, de apenas 154 gramas, e o facto de ser fina sem comprometer a robustez, garantindo que o AiPaper continua portátil, mas sem perder a proteção necessária. No canto inferior direito, o símbolo e o nome da Viwoods surgem discretamente em cinzento.

Na parte traseira, existe uma aba fixa que aloja a caneta mecanicamente, mantendo-a sempre no sítio. Pessoalmente, não sou grande fã deste sistema, pois exige um esforço maior do que simplesmente acoplar a stylus magneticamente ou usar uma aba móvel por cima, mas cumpre o objetivo de manter a caneta segura durante o transporte.

No interior, a capa possui uma aba em cinzento claro com sistema magnético muito potente, onde o AiPaper se encaixa de forma segura. Graças a este magnetismo, é possível manusear o tablet com total tranquilidade dentro da capa, sem qualquer risco de ele se soltar ou cair. Nesta mesma aba, no seu interior, podemos armazenar até duas pontas de substituição da caneta, prontas para uso posterior sempre que necessário.

No geral, considero que se trata de uma capa muito bem concebida, pois oferece uma proteção eficaz ao AiPaper sem acrescentar peso ou volume desnecessário.

Mas falemos então da estrela deste texto, o Viwoods AiPaper, que apresenta dimensões de 247 x 178 x 4,5 mm e pesa apenas 370g. Quando combinado com a caneta e a capa, o conjunto totaliza apenas 535g, o que é fantástico. Estas características conferem ao AiPaper uma ótima portabilidade, tornando-o extremamente fácil de utilizar no dia a dia. Mesmo com a capa, continua a transmitir uma sensação de leveza e sofisticação.

No que diz respeito ao design do Ai Paper, a traseira mantém a estética simples e minimalista que tenho falado deste equipamento, com uma tonalidade cinzento claro e um logótipo prateado discreto no centro, acompanhado da inscrição “AiPaper” mais abaixo. Em relação às suas laterais, o tablet é contornado por uma moldura metálica cinzenta, com os cantos suavemente arredondados, o que lhe confere um aspeto sólido e reforça a robustez do dispositivo. Na parte superior do AiPaper existe o botão de ligar/desligar, botão esse que é muito fácil de encontrar e onde está integrado um sensor biométrico capaz de registar até cinco impressões digitais, permitindo um desbloqueio rápido e seguro, que funciona na perfeição mesmo com a capa colocada. Na zona inferior, temos uma entrada tipo USB-C, com uma luz LED que indica o estado da bateria durante o carregamento e dois microfones, que capturam o som com clareza e precisão.

Na zona frontal, o AiPaper destaca-se pelo generoso ecrã de 10,65 polegadas, rodeado por margens finas ligeiramente mais claras que o próprio painel, o que contribui para criar uma área de visualização ampla e confortável. Na parte inferior do ecrã encontram-se três botões tácteis: o botão de “Voltar” (representado por uma seta), o botão “Home” (representado por um círculo) e o botão “IA” (com o símbolo AI). Este último permite abrir um chat integrado do ChatGPT, mas que também pode recorrer a outros modelos como o Gemini ou o DeepSeek, oferecendo respostas rápidas e interativas diretamente no tablet. Ao carregar um pouco mais neste botão, é possível ativar uma funcionalidade adicional: o comando de voz com a IA, permitindo interações sem recorrer ao teclado. Se também mantivermos o botão Home pressionado durante alguns segundos, abre-se o gestor de tarefas, permitindo alternar rapidamente entre aplicações ou fechá-las.

Além disso, este ecrã do AiPaper vem com a tecnologia Carta 1300, oferecendo uma densidade de 300 ppi e uma alta resolução de 1920 x 2560 pixels. Este painel não se destaca apenas pela nitidez e contraste do texto e imagens, mas também pela excelente legibilidade, mesmo sob luz intensa, sem reflexos. O AiPaper incorpora ainda a tecnologia Mobius, que utiliza um substrato plástico leve e flexível, tornando o ecrã mais leve e resistente a impactos e quedas. Esta flexibilidade revela-se particularmente percetível durante a escrita: com a capa colocada, especialmente na zona central do tablet, é possível notar um ligeiro afundamento do ecrã à medida que a caneta aplica pressão. Sem a capa, este efeito acaba por ser quase praticamente impercetível.

Já em termos de desempenho, o AiPaper tem um processador octa-core a 2,0GHz e 4GB de RAM. No geral, o tablet responde de forma satisfatória e permite uma utilização fluida na maioria das tarefas. No entanto, nalgumas situações pontuais, pode revelar alguma lentidão: por vezes, os toques no ecrã ou nos botões abaixo do painel demoram um pouco a ser registados. Apesar disso, estes pequenos “soluços” não comprometem significativamente a experiência de utilização, sendo mais notórias em operações que exigem maior processamento. Importa referir que, com as atualizações de software entretanto lançadas, esta resposta tem vindo a melhorar progressivamente.

A nível de armazenamento interno, temos aqui 128GB, mais do que suficiente para o tipo de utilização a que este dispositivo se destina, seja para livros, documentos, notas ou, até, alguns ficheiros multimédia. Em termos de espaço de armazenamento efetivamente disponível, há entre 104 a 106 GB, já que uma parte é ocupada pelo sistema operativo e pelas aplicações pré-instaladas. Importa ainda referir que o AiPaper não dispõe de slot para cartão MicroSD, pelo que não é possível expandir a memória. Para além disso, também não possui colunas integradas, pelo que não reproduz som por si só. No entanto, com a entrada USB-C na parte inferior, podemos ligar auscultadores com fio, e como também suporta Bluetooth, podemos ligar auscultadores ou colunas sem fios.

Quanto à autonomia, vem equipado com uma bateria de 4100 mAh, que garante energia suficiente para cerca de uma semana de utilização, mesmo com uso diário. Durante os meus testes, utilizei-o cerca de duas horas e meia por dia, e a autonomia durou praticamente a semana inteira antes de ser necessário recarregar. Esta eficiência deve-se, em grande parte, ao facto de o tablet não ter luz frontal, o que reduz significativamente o consumo de energia, aliado à tecnologia E Ink, que consome muito pouca energia. E também não me queixo da velocidade de carregamento: em cerca de 2/2h30m a bateria atinge a carga completa.

Tal como outros produtos do género que já testei, o AiPaper vem pré-instalado com uma versão adaptada do sistema operativo Android, aqui na versão 13, o que lhe oferece uma grande flexibilidade e abre um vasto leque de possibilidades. Podem, por exemplo, instalar apps como o Evernote, mas também aplicações de leitura, como Kindle e Kobo, oferecendo aos utilizadores a liberdade de personalizar o tablet de acordo com as suas necessidades. Basta que o dispositivo em si suporte as apps, porque certamente não suportará todas num universo de milhões.

A interface do AiPaper é extremamente fácil de navegar e demonstra que foi concebida para maximizar a produtividade de quem a utiliza. Na página inicial, ao carregar durante dois segundos na área “Home”, são apresentadas três opções (padrão, mínimo e modo de combinação) que permitem escolher como queremos que a página inicial seja exibida. Optei pela opção “mínimo”, que transforma a página inicial num layout minimalista, agradável à vista e muito intuitivo.

Neste modo, a página organiza-se em três colunas horizontais: na primeira, encontramos o “Paper”, a zona dos blocos de notas, onde é possível aceder rapidamente aos blocos já criados ou criar novos em segundos. A segunda coluna é o “Daily”, o calendário mostra, lado a lado, todas as tarefas, notas e eventos associados aos dias. Esta função é fantástica, pois permite ter um resumo completo do meu dia, com compromissos e documentos importantes sempre à mão. A terceira coluna é o “Learning”, onde está organizada a biblioteca digital, tema que explorarei mais adiante.

Na lateral esquerda da página existe um menu vertical que duplica o acesso a estas três áreas e adiciona funcionalidades extras, como configurações do dispositivo, aplicações de terceiros, caixa de correio e o “Discussion Viwoods”, um suporte direto ao cliente. Esta organização faz da homepage do AiPaper uma das mais fáceis de explorar que já vi, sem necessidade de curva de aprendizagem, tornando o dia a dia com o tablet muito mais eficiente e agradável.

Viwoods AiPaper - homepage

Em todo o caso, e se quisermos ajustar rapidamente a experiência de utilização, basta fazer um swipe de cima para baixo no canto superior direito para abrir o Centro de Controlo. Aqui podemos ativar o Wi-Fi e o Bluetooth, atualizar o sistema, ajustar o contraste, colocar o tablet em modo avião, entre outras opções, tudo sem sair da interface principal.

Uma das funcionalidades mais úteis neste menu é o controlo do modo de atualização do ecrã. O Best Display, definido por defeito, oferece a melhor qualidade visual, ideal para leitura detalhada de textos ou imagens, embora com uma taxa de atualização ligeiramente mais lenta, podendo surgir algum ghosting. O Fast Mode sacrifica um pouco da qualidade em troca de maior rapidez, mas, desta vez, reduz o ghosting, sendo por isso ideal para navegação na internet. Por fim, o Ultra Fast Mode acelera ainda mais a taca de atualização, perfeito para mudanças rápidas de interface.

Viwoods AiPaper - centro de controlo

Posso dizer que escrever no AiPaper é, no geral, uma experiência bastante satisfatória. Como já expliquei, o ecrã não possui uma película que aumente a fricção da ponta da caneta, como acontece noutros dispositivos que procuram simular o atrito do papel. Ainda assim, a escrita revela-se muito suave e fluida, o que para mim é uma vantagem: gosto da leveza com que a caneta desliza, sem causar desconforto, e com uma resposta imediata, sem atrasos ou quebras.

Outro aspeto que valorizei foi a possibilidade de personalização. Nas definições da caneta, é possível ajustar a sensibilidade à pressão, algo que me permitiu adaptá-la facilmente ao meu estilo mais leve. Para quem escreve com mais força, também existe a opção de configurar a resposta de forma adequada. No mesmo menu pode ainda ser ativada a função de anti-aliasing, que suaviza os traços e os torna mais contínuos e naturais. Apesar disso, em linhas muito finas ou tracejados específicos, noto por vezes uma ligeira pixelização, embora não seja algo que comprometa a experiência no dia a dia.

A personalização estende-se também ao botão lateral da caneta, que pode ser programado para diferentes funções. No meu caso, configurei-o para que, ao afastar a ponta mais de um centímetro do ecrã, ele apague, e quando mais próximo sublinhe. É uma função interessante, mas que exige habituação: no início dei por mim a apagar quando queria sublinhar, ou a sublinhar quando queria apenas continuar a escrever. Por vezes, até acionava o botão sem querer, o que tornava a experiência um pouco confusa até ganhar prática.

Um detalhe menos prático acontece quando, ao escrever na parte inferior do ecrã, acabo por tocar inadvertidamente nos botões tácteis da moldura, o que me leva para a homepage ou para outras secções. Felizmente, existe no centro de controlo a opção de desativar cada botão individualmente, sendo uma solução simples para quem prefere evitar estas interrupções.

Como o ecrã do AiPaper não integra luz frontal, praticamente não existe distância entre a ponta da caneta e o traço que surge no ecrã. Este detalhe pode parecer pequeno, mas faz toda a diferença: elimina a sensação de espaçamento que alguns utilizadores acham desconfortável. Pessoalmente, valorizo bastante este pormenor e gosto de reparar nestas nuances enquanto escrevo. Aliás, uma das funcionalidades que mais me agrada é a possibilidade de escolher diferentes estilos de caneta, sendo a caneta caligráfica a minha preferida. É com ela que costumo escrever quase sempre no AiPaper e, ouso dizer, é neste tablet que a minha letra me parece mais bonita até hoje.

Para além desta, o dispositivo disponibiliza várias outras opções de escrita, como a caneta de tinteiro, a esferográfica, o fineliner, o lápis, o marcador de texto e, até, a ferramenta “thinkers”, cada uma pensada para diferentes estilos de utilização. Em todas estas ferramentas, é ainda possível ajustar a espessura do traço em cinco níveis distintos. No caso específico do lápis, a experiência é particularmente interessante: graças à sensibilidade à pressão e à inclinação da caneta, é possível simular efeitos muito próximos de um desenho a carvão, com linhas mais suaves ou mais marcadas consoante a forma como se segura e aplica a caneta sobre o ecrã.

Uma ferramenta que acabei por usar bastante no AiPaper foi a de bloco de notas, que oferece um menu bastante completo, com múltiplas opções para personalizar e potenciar a experiência de escrita. A ferramenta da borracha, por exemplo, permite escolher entre três modos diferentes de apagamento, assim como três espessuras distintas, adaptando-se a diferentes estilos e necessidades. É possível escrever texto à mão e, através da inteligência artificial integrada, convertê-lo automaticamente em texto digital, que pode ser copiado, enviado por e-mail, sincronizado na cloud ou transferido para aplicações de terceiros. Existe também a funcionalidade de gerar e-mails a partir do conteúdo das notas, agilizando tarefas diárias. Outra funcionalidade particularmente prática é a possibilidade de associar notas a compromissos no calendário. Por exemplo, ao marcar um compromisso, podemos anexar todas as notas relevantes, tendo acesso rápido a elas no momento certo.

O que torna este sistema ainda mais interessante é a forma como a IA analisa o conteúdo: consegue resumir, organizar por tópicos ou executar outras tarefas conforme solicitado, oferecendo uma interação verdadeiramente inteligente e personalizada. Para complementar a escrita, é possível gravar som, que pode ser ouvido posteriormente através de auscultadores ou colunas, e adicionar imagens às notas. Isto faz do AiPaper uma ferramenta poderosa para estudo, trabalho ou organização pessoal.

Também na leitura, a experiência revelou-se bastante satisfatória. A ausência de luz frontal acaba por ser uma limitação em contextos específicos: em ambientes com pouca iluminação, como quando quero ler à noite na cama sem nenhuma luz acesa, torna-se impossível continuar. Para mim, que valorizo muito esse hábito, é claramente um ponto negativo. Ainda assim, quando lido em condições adequadas, a leitura no AiPaper é viciante. O ecrã Carta 1300 apresenta uma nitidez impressionante, com texto muito definido e extremamente confortável para os olhos, um verdadeiro alívio para quem, como eu, lê com muita frequência. A resposta ao virar de página é praticamente imediata, tanto para a frente como para trás, e raramente notei falhas ou atrasos.

Além disso, a interface é clara e intuitiva, com menus discretos que não interferem na leitura e permitem manter o foco total no conteúdo. A qualquer momento, posso abrir o menu e ter várias opções à mão: fazer anotações rápidas no texto, recorrer à inteligência artificial para traduzir um excerto ou esclarecer uma passagem mais complexa. É também possível consultar o índice do livro, com hiperligações diretas para os capítulos, ou rever as notas feitas ao longo da leitura, o que facilita bastante a organização. Outro ponto muito útil é a possibilidade de ajustar o tipo e o tamanho da letra. Como a minha visão não é perfeita, costumo aumentar a fonte, e fico sempre satisfeita por ver o texto bem formatado, sem desalinhamentos ou quebras estranhas, algo que nem todos os tablets e e-readers conseguem garantir.

Uma das grandes vantagens do AiPaper é a liberdade que o Android proporciona. Não estamos presos a um ecossistema específico, como acontece com alguns leitores de e-books, e isso torna a experiência de leitura muito mais flexível. Posso abrir PDFs, ePUBs ou outros formatos, sem limitações. Para quem gosta de variar os formatos ou tem uma biblioteca digital diversa, é um conforto saber que o dispositivo permite ler os livros exatamente como queremos. E sim, transferir documentos para o AiPaper é também bastante simples e pode ser feito de várias formas. Uma delas é carregar os ficheiros diretamente no site da Viwoods, que se sincroniza automaticamente com o tablet assim que este se liga à internet. Outra opção é ligar o dispositivo ao computador através de um cabo USB tipo C, ou então enviar os documentos por e-mail ou sincronizá-los com serviços de cloud.

No fim de tudo, e apesar de algumas pequenas limitações, como a ausência de luz frontal para leitura em ambientes escuros ou ligeira latência em situações pontuais, o Viwoods AiPaper destaca-se pela experiência global de escrita e leitura, pela personalização e pela fluidez de utilização. Com um preço de 573,18€ que inclui o pack completo – Tablet+Stylus+Folio+Tips -, e que está dentro de outras opções no mercado, este dispositivo revela-se como uma escolha bastante sólida.

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Este dispositivo foi cedido para análise pela Viwoods.

Inês Lopes
Inês Lopes
Dentista nas horas vagas e colaboradora do Echo Boomer no tempo que sobra. Fã de gadgets, livros e tâmaras (não necessariamente por esta ordem), adoro explorar o mundo através da comida e das viagens. Se não me encontrarem a escrever ou a trabalhar, é porque estou confortavelmente instalada no sofá, provavelmente a devorar um novo livro.
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