The Green House: o Amor cultivado em solo Português

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Bem-vindos à The Green House, um retiro de luxo discreto no Alentejo, onde tudo gira em torno da boa comida e de uma horta que dita o ritmo e as tendências da cozinha.

gTudo começou com Heleen Uitenbroek, holandesa de origem que residiu na Nova Zelândia, onde passou grande parte da sua infância e juventude. Seria, no entanto, em Portugal que decidiria lançar raízes e construir o seu projeto de vida, ao lado do seu marido, Manuel. Juntos, são proprietários do Santiago de Alfama, um boutique hotel de cinco estrelas em Lisboa, recentemente distinguido com o prémio Best World’s Luxury Hotel 2025 pelo TripAdvisor. Apesar de não virem do setor da hotelaria ou da restauração, Heleen e Manuel sempre tiveram uma paixão genuína por receber, cuidar e proporcionar experiências autênticas. E foi essa mesma paixão que os levou a dar um novo passo, agora rumo ao coração do Alentejo.

Há cerca de três anos, perto de Évora, mais concretamente em Vila Nova da Baronia, surgiu a The Green House. Mais do que um simples alojamento, a The Green House é um verdadeiro projeto de vida familiar, construído ao longo do tempo com muita alma, dedicação e uma atenção cuidadosa a cada detalhe. O que começou por ser uma casa de família foi sendo erguido, transformado e reconstruído ao longo dos anos – sempre com o cuidado de preservar a sua essência rústica, tão típica das casas alentejanas.

A The Green House conta 10 quartos, dos quais 7 são suítes. Existe também um quarto com 4 beliches para crianças ou adolescentes que venham com os pais. Importa referir que apenas ficam juntos neste quarto crianças e jovens que já se conhecem entre si.

A identidade da The Green House gira em torno de um eixo central: a horta biológica, que abastece a cozinha da casa e convida assim os hóspedes a terem uma ligação direta com a terra.

E é Audrey, a filha do casal, quem cuida da horta (é também ela quem dá nome ao restaurante do Santiago de Alfama, o Audrey’s) e leva os hóspedes em idílicos piqueniques no campo. Hoje, faz parte ativa do projeto The Green House, trazendo consigo uma nova visão de sustentabilidade ambiental e um compromisso genuíno com a saúde e o bem-estar, garantindo assim que este seja um espaço pensado para todas as gerações. Ao mesmo tempo, Audrey está também a contribuir para a reconstrução de uma comunidade que, ao longo dos anos, foi perdendo a sua vitalidade, acontecimento infelizmente comum nestas zonas mais interiores do país. Este é, aliás, um dos grandes objetivos da The Green House: recuperar tradições, reviver o espírito autêntico do Alentejo e apresentá-lo ao mundo.

Mas quem pensa que esta ligação ao Alentejo é apenas uma história bonita, engana-se. O pai de Manuel era natural de Grândola e acabou por fixar-se em Vila Nova da Baronia, onde também a mãe ainda vive. Heleen, por sua vez, já teve uma herdade agrícola na mesma região, com cerca de 1000 ovelhas e 400 cabras, cujo leite era usado para produzir queijo artesanal. Com o Alentejo sempre no coração, a ligação a Lisboa surgiu quando os filhos cresceram e precisaram de sair para estudar. Foi então que a capital entrou no horizonte da família, abrindo um novo capítulo nas suas vidas com o surgimento de vários projetos na cidade.

Mas Vila Nova da Baronia chamava mais alto, e tendo em conta que a família já ali estava estabelecida desde 1985, foi natural o regresso. E Manuel explica que, para vermos a cara de Heleen transformar-se em pura expressão de alegria, basta vê-la no campo. É uma mulher que arregaça as mangas e não tem medo do trabalho. Quer seja entre os canteiros da horta ou a cuidar dos hóspedes, há sempre alguma coisa a fazer – e Heleen está sempre presente.

O Echo Boomer teve o prazer de passar duas noites na The Green House e de estar à conversa com Heleen, que nos recebeu de braços abertos e proporcionou uma estadia de puro descanso e lazer. Contou-nos que é formada em Gestão, mas que encontrou a sua verdadeira paixão na reabilitação de edifícios antigos – daqueles que, segundo a própria, ninguém quer e que precisam de muito amor. E aqui, a palavra-chave é mesmo amor. Nota-se em cada canto da The Green House que Heleen pensou cuidadosamente em todos os detalhes durante a reabilitação da casa: desde os elementos de decoração das suites ao esquema de cores que percorre todos os espaços, passando pela serenidade da zona da piscina, até à localização estratégica da cozinha/bar e da área de refeições. Esta última fica situada sob um toldo, mesmo em frente à horta luxuriante. E Heleen não escolheu o nome The Green House por acaso. Para além de evocar a ecologia e a sustentabilidade (dois pilares essenciais deste projeto), o nome reflete também a presença constante da cor verde em todo o espaço. Seja nos detalhes da decoração, nas plantas em cada recanto ou na proximidade direta com a horta, o verde está sempre presente e funciona como fio condutor da identidade do hotel. É uma cor que inspira calma, ligação à natureza e bem-estar – sensações que marcaram toda a nossa estadia.

A suite da The Green House na qual ficámos alojados tinha uma pequena zona de entrada com um roupeiro embutido, ao lado de uma pequena kitchenette. Do outro lado, uma vista encantadora para o jardim em frente ao quarto, com acesso a um pequeno terraço privativo. Mesmo por baixo da janela, uma secretária com cadeira convidava a aproveitar o momento – fosse para ler, comer, trabalhar ou simplesmente relaxar enquanto se apreciava a tranquilidade do jardim.

Ao atravessar essa zona, entrámos no quarto propriamente dito, onde se destaca uma magnífica cama que cumpriu na perfeição o seu propósito, pois dormimos como bebés durante toda a noite. Um detalhe interessante e pouco comum é o pé-direito altíssimo, que confere amplitude ao espaço, e a presença de uma clarabóia com vista direta para o céu e as nuvens que por ali passavam. E não se preocupem: há uma persiana que pode ser fechada por completo, garantindo total escuridão para quem valoriza um sono tranquilo até mais tarde.

Um dos detalhes que mais nos chamou a atenção (e que diferencia a The Green House de tantos outros hotéis) foi a forma como peças de mobiliário vintage foram recuperadas e integradas numa decoração mais contemporânea. Desde cómodas e armários até às portas da casa de banho e à banheira de imersão, tudo foi escolhido a dedo. O papel de parede harmonizava com os tons verdes que percorrem toda a suite e, na nossa suite onde ficámos, casava lindamente com o lilás. Também tudo o que se espera de amenities num espaço de conforto e qualidade estava presente e à disposição.

Em relação aos espaços de lazer, a The Green House oferece a todos os seus hóspedes um verdadeiro oásis de tranquilidade. A piscina de água salgada destaca-se como um dos seus maiores atrativos, já que foi pensada para garantir o conforto dos hóspedes, ao evitar o uso de cloro e prevenir, assim, qualquer tipo de irritação da pele e dos olhos. É o convite perfeito para um mergulho refrescante, sobretudo nas tardes quentes do Alentejo. Sobre a piscina, um terraço oferece vista direta para as torres da igreja da aldeia, criando um cenário sereno e um pôr-do-sol de tirar o fôlego. Após o banho, pode-se relaxar numa espreguiçadeira, sob a sombra de um guarda-sol, com uma sangria fresca na mão.

Outro espaço de lazer muito acolhedor da The Green House é a zona de refeições, com a horta como pano de fundo. Este ambiente ao ar livre cria uma atmosfera calmante, onde os hóspedes podem saborear pratos deliciosos feitos com ingredientes frescos colhidos diretamente da terra. E aqui, não é a cozinha que dita as regras, mas sim a horta, definindo o que se come… e quando.

Quanto às refeições, os jantares são servidos mediante marcação, enquanto os almoços têm um caráter mais leve e descontraído, com opções simples e saborosas, como tomate com burrata ou tostas variadas. O menu muda diariamente, conforme o que a horta oferece em cada estação. Além disso, todas as carnes e peixes são adquiridos localmente, de acordo com a disponibilidade da região. Um detalhe especial é que os hóspedes podem colher diretamente da horta os ingredientes que desejarem, para cozinhar ou, simplesmente, saborear na hora, aproveitando assim a frescura dos produtos.

De facto, foi tudo muito agradável nesta estadia na The Green House, desde a possibilidade de desfrutar das refeições com uma vista verde e luxuriante até à tranquilidade proporcionada pelos sons do campo. As manhãs começaram com uma mesa bem composta, onde a fruta ocupou um lugar de destaque – desde pêssegos apanhados do pessegueiro da horta até às amoras maduras e sumarentas. A acompanhar, croissants ainda quentes, pain au chocolat e pain aux raisins, todos com massa leve e estaladiça. Chegou-nos também uma tábua com queijos, presunto, fiambre, compota e manteiga, perfeita para complementar a seleção de pães frescos. Para beber, serviram-nos sumo de laranja espremido na hora, sumo de melancia e café. Os pratos principais são escolhidos à carta e incluem opções como iogurte natural com granola do chef e fruta, ovos da The Green House (mexidos, estrelados ou escalfados) servidos sobre pão alentejano torrado com manteiga, ovos Benedict, ou panquecas com Nutella e morangos ou xarope de ácer. As panquecas foram feitas por Heleen especialmente para nós e estavam entre as melhores que já provámos. A massa era leve e macia, com aquele equilíbrio perfeito entre doçura e textura aveludada. Os ovos mexidos, por serem caseiros, tinham um sabor mais intenso e autêntico, e casavam na perfeição com o pão Alentejano torrado.

Falando sobre o almoço e jantar, a experiência foi marcada por pratos variados, bem equilibrados e sempre apresentados com cuidado, refletindo a frescura e a qualidade dos ingredientes usados. Ao jantar, começámos com uma entrada leve mas cheia de sabor: Gaspacho alentejano bem fresco, seguido de flores de curgete recheadas, delicadas e deliciosas com queijo derretido por dentro, uma combinação que nos surpreendeu pela sua originalidade. Como prato principal, foi-nos servido Borrego marinado com molho de pistácio e figo, assado lentamente no forno de lenha. O borrego, proveniente de uma quinta de um vizinho, estava tenro e suculento, com o molho de iogurte que lhe dava frescura e um toque ácido que contrastava com o doce dos figos e do molho de pistácio. A sobremesa fechou a refeição com chave de ouro: uma Panacota de amêndoa, delicada e cremosa, regada com uma calda de amoras colhidas ali mesmo na horta, num contraste doce e levemente ácido. Para acompanhar toda a refeição, tivemos dois vinhos alentejanos de excelente qualidade: o tinto Quetzal Reserva 2020 e o branco Mainova Moinante, mais leve e fresco, com direito ainda a uma sangria bem deliciosa de frutos vermelhos.

Ao almoço, fomos surpreendidos com um prato principal de Lombo de vaca absolutamente memorável. A carne estava no ponto certo, tão tenra que praticamente se desfazia na boca, com um sabor delicioso. Acompanhavam-no espargos fresquíssimos, acabados de colher (literalmente do quintal do vizinho), o que deu ao prato um toque ainda mais especial e local. Para complementar, tivemos um arroz de lentilhas com pistácio que unia textura e sabor de forma muito equilibrada, uma salada de tomate e rúcula colhidos no jardim, cheia de cor e frescura, e ainda um puré de batata-doce aveludado e perfeitamente temperado. A sobremesa foi um verdadeiro destaque: uma Pavlova com figos e amoras da horta, tão bonita que quase dava pena cortar. A base crocante e o interior suave contrastavam na perfeição com o doce natural das frutas. Rendeu muitos elogios ao chef – e com toda a razão! Para acompanhar, serviu-se uma sangria branca bem fresca, leve e frutada, ideal para as temperaturas quentes do Alentejo e perfeita para tornar a refeição ainda mais agradável e descontraída.

E para conhecer melhor a vizinhança, decidimos jantar fora e conhecer um dos restaurantes mais emblemáticos de Vila Nova da Baronia: o Camões. Mal entrámos, fomos envolvidos pela atmosfera genuinamente alentejana – mesas de madeira robusta, toalhas com padrões tradicionais, paredes em tijolo e tetos forrados a madeira criavam um ambiente acolhedor e autêntico. A refeição começou com pão alentejano acabado de cortar, azeitonas temperadas e um queijo curado da região que, logo à partida, nos deixou com ótimas expectativas. E os pratos principais não desiludiram. Os Secretos de porco preto chegaram suculentos e no ponto certo, com a gordura a derreter-se na boca e a intensificar o sabor da carne. Mas o destaque foi mesmo o Pernil de pato no forno, lentamente assado, com a pele crocante e a carne macia, que se soltava com o simples toque do garfo. A acompanhar, batatas fritas caseiras, douradas e estaladiças. Foi uma refeição saborosa e reconfortante, que nos deixou com vontade de voltar e explorar ainda mais a cozinha tradicional alentejana.

Mas a experiência na The Green House não fica por aqui: há também a oportunidade de pôr literalmente as mãos na massa com o workshop de pão, disponível mediante reserva. Tivemos a sorte de participar e foi, sem dúvida, um dos pontos altos da estadia. A D. São, que guia a atividade, é um verdadeiro anjo de pessoa – e o pão que faz é de outro mundo. Com muitos anos de prática, contou-nos que tudo o que sabe aprendeu sozinha, com erros, tentativas e dedicação, até chegar à sua fórmula perfeita: uma massa fofa, deliciosa, que vai ao forno de lenha (aceso previamente durante cerca de três horas até atingir o ponto ideal para cozer o pão). Aqui não há atalhos: fizemos tudo à moda antiga, como nas cozinhas das nossas avós. Misturámos farinha, água, sal e fermento com as próprias mãos, sempre sob o olhar atento da D. São, que ia dando os seus toques e conselhos preciosos para garantir que a massa ficava mesmo no ponto. Depois de deixarmos a massa levedar junto ao forno, até duplicar de volume, chegou o momento mais divertido: recheá-la com o que mais nos apetecesse (chouriço ou azeitonas e poejo, ingredientes bem típicos do Alentejo). Em seguida, os pães seguiram para o forno de lenha, onde bastaram cerca de 25 minutos para ficarem prontos. O aroma que invadiu o ar era simplesmente irresistível. Depois de arrefecerem ligeiramente, cortaram-se as primeiras fatias, ainda mornas, acompanhadas por um fio generoso de azeite extra-virgem, que eram de comer e chorar por mais. Curioso como, quando somos nós a fazer (sobretudo quando é feito com carinho) tudo parece ter outro sabor. É uma experiência quase terapêutica: o simples gesto de amassar a massa torna-se num ritual relaxante, que acalma a mente e ajuda a aliviar a ansiedade.

E por falar em acalmar a mente, uma das atividades que também tivemos oportunidade de experimentar logo pela manhã foi uma aula de yoga, aproveitando assim o ar fresco e o silêncio do campo, apenas interrompido pelo som dos pássaros e da cascata da piscina. A sessão foi sempre conduzida por Audrey, cuja voz serena e presença tranquila criaram o ambiente ideal para um verdadeiro momento de conexão interior.

Os hóspedes da The Green House têm ainda à sua disposição outras atividades que podem fazer: desde visitas vínicas, passando pela Rota do Fresco e andar de bicicleta, ou até dar um mergulho na Barragem do Alvito. Há opções para todos os gostos e idades. A própria Vila Nova da Baronia também merece ser explorada, com destaque para a sua imponente igreja, situada mesmo ao lado da The Green House. E, para quem quiser alargar horizontes, Évora, cidade Património Mundial pela UNESCO, fica a apenas meia hora de distância. Se, por acaso, surgir a vontade de dar um salto até Lisboa, a localização não podia ser mais conveniente: há um comboio intercidades que liga Beja à capital, com paragem em Vila Nova da Baronia quatro vezes por dia. A viagem é rápida, confortável e dura cerca de 1h20min, tornando perfeitamente possível um passeio citadino a partir da tranquilidade do Alentejo.

Afinal, como nos contou Manuel, ninguém viaja apenas para ficar num hotel, mas sim para conhecer um lugar, a sua história e as pessoas que o tornam único. E em Vila Nova da Baronia, além do conforto da The Green House, há uma aldeia autêntica, onde as tradições ainda permanecem vivas, e que merece a pena ser explorada.

Inês Lopes
Inês Lopes
Dentista nas horas vagas e colaboradora do Echo Boomer no tempo que sobra. Fã de gadgets, livros e tâmaras (não necessariamente por esta ordem), adoro explorar o mundo através da comida e das viagens. Se não me encontrarem a escrever ou a trabalhar, é porque estou confortavelmente instalada no sofá, provavelmente a devorar um novo livro.
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