Taberna Meia Porta – Um nome pensado para ser levado à letra

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A Taberna Meia Porta é um espaço surpreendente cuja tónica está em dois requisitos essenciais para ter sucesso: boa comida e boa bebida.

É na Travessa do Alcaide, à Calçada do Combro, em Lisboa, que acaba de abrir este Taberna Meia Porta, um recanto aprazível numa antiga cavalariça que, como o nome indica, tem a cara e o espírito de retiro gastronómico castiço. Instalada num espaço que servia de apoio a um dos muitos palácios aristocráticos do Oitocentos da zona, como demonstra a robusta porta de madeira recortada no alto em meia lua, a Taberna Meia Porta faz reviver com nova alma uma velha tradição: proporcionar boa bebida e pequenos grandes petiscos numa Lisboa a pulular de turistas ávidos por experiências.

Ótima não só para comer, mas também para conviver e conversar, a Taberna Meia Porta é um espaço surpreendente cuja tónica está em dois requisitos essenciais para ter sucesso: boa comida e boa bebida. Pois é. Há uma meia porta, literalmente, a dar-nos passagem para uma sala de tetos altos, fresca e cheia de reverberações de outros tempos, onde se servem aqueles manjares de pequeno prato ou pequena travessa que são acepipes renovados por uma gastronomia irreverente e cheia de sabor que continuará certamente por muito tempo a dar cartas.

Nos vinhos, que são uma das vertentes fundamentais do projeto, os clientes podem escolher de entre as garrafas enfileiradas, à vista, nas prateleiras altas que decoram as paredes deste restaurante, um projeto ‘fora da caixa’ que conta com o empenho e o arrojo dos proprietários, Rodrigo Braga e Frederico Frank (Freddy), este último com a direção da cozinha, na qualidade de chef.

A carta de vinhos, mais extensa que a da comida, não deixa grande margem para dúvidas: apresenta três secções muito espirituosas logo a começar pela designação: «bom», «melhor» e «ótimo». Falamos de vinhos que vão desde os verdes, brancos e espumantes, passando pelo tinto e rosé, começando no Quinta D’Amares, de preço moderado, ótimo para acompanhar marisco, passando pelo branco Forjas del Salnes e o tinto Morgado do Quintão, a acabar em vinhos de excelente casta, tais como os Moreish, Cortes de Cima e Domaine Lavantureux, estes um pouco mais caros, mas ainda assim a preços acessíveis.

Estava-se numa destas tardes de agosto de grande calmaria e, como tal, trouxeram-nos logo água fresca para a mesa. Ficámos a apreciar a sala fresca, de tetos altos e pedras angulares, forrada ao estilo século XVII, com azulejaria de época em tons de azul e branco. Mesas redondas, de vários lugares, para grandes e pequenos encontros, balcão para o barman e, aqui e além, testemunhos quase museológicos do tempo que passa.

E passa-se mesmo um belo tempo, nesta Taberna Meia Porta! Para começar, temos um menu muito simples, como é próprio de uma «taberna», dividido em «menor» (as entradas), «maior» (os ditos principais) e «sobremesas» (apenas três, mas qualquer uma delas especialidade da casa e absolutamente divinais). Lembramos que as tabernas eram inicialmente estabelecimentos de venda de vinho e aguardente para consumo local, juntamente com um ou outro petisco, como queijos, chouriços, salpicão ou presunto, com o naco de pão para acompanhar.

No entanto, podemos ficar todos descansados, já que nesta Taberna Meia Porta se respeitam as tradições, mas também se vai muito além delas: servem-se não só todos os tipos de bebida, como também existem várias opções de pratos para petiscar, até encher a barriga. Ou seja: há muita comida, e da boa.

Vários vinhos estão disponíveis, como referimos, desde o simplesmente bom ao de superior qualidade. O nosso foi um tinto Herédias Douro, do Tabuaço, servido a copo: marca pela sua média acidez e caráter frutado a frutos do bosque, uma escolha de que não nos arrependemos e que se revelou excelente para acompanhar os acepipes que estavam a ser preparados.

Para dar cor à mesa, contámos também com um Aperol Spritz, para variar um pouco do vício mojito ou marguerita. Esta bebida de paladar específico teve o dom de incendiar com os seus raios laranja a mesa bem composta pelo couvert. Este é composto por um original tachinho com mix de pickles caseiros, de legumes frescos, acompanhado por azeitonas, manteiga e um ótimo meio pão de forno de lenha, também de fabrico caseiro, do melhor que já provámos. E foi realmente uma sensação ótima, consumir aos poucos aquele pão com as azeitonas temperadas em azeite, alho e ervas e a bela manteiga salpicada de sal e pimenta.

Depressa vieram para a mesa algumas das entradas mais invejadas desta Taberna: os já famosos Croquetes de Sapateira, a Esmagada Béarnaise e o Arroz de Abóbora.

Os Croquetes têm, como seria de esperar, uma enorme procura, como nos foi dito, pois acaba sempre por ir parar a cada mesa uma travessa deles (3 unidades). Confessamos que nunca tínhamos provado esta delícia que bem merece a fama que a precede. Depois, o arroz de abóbora prima pela textura e paladar suaves, a fazer lembrar os dos risottos, e apresenta um apontamento de sementes de abóbora semi-torradas, o que lhe confere um paladar muito especial. Estes acepipes, qual deles o mais saboroso, são por si uma refeição, a tal ponto que só nos apetecia repetir outra dose de tudo!

Outros pitéus ótimos para degustar são as Moelas de Frango, a Copita de Porco Preto, as Ostras Vinagrete e a Alface Anchova – tudo servido em tachinhos baixos à moda antiga ou pequenas travessas.

Em matéria de pratos principais, deliciámo-nos com uma travessazinha de marisco, o Camarão ao Alho, e uma magnífica Espetada de Atum. De notar que os camarões são belíssimos e fresquíssimos, grelhados e bem temperados com salsa. Uma metade de lima permite, a quem preferir, temperar o camarão com umas gotas cítricas adocicadas, próprias deste fruto, para realçar o sabor marinho do marisco.

A espetada vem recheada com uns belos cubos de atum, que saem da grelha suavemente cozinhados, ligeiramente mal passados na interseção com os legumes aromáticos que compõem a espetada. Assim, em vez da secura da popa, característica deste peixe, o atum desfaz-se na boca lembrando um pouco o sabor intenso e de textura suave do sushi. Os Pickles Variados e o Arroz de Abóbora, ainda na mesa, fazem uma ótima companhia a estes acepipes.

Há outros manjares à escolha, se decidirem visitar a Taberna Meia Porta. Como os olhos também comem, tirámos-lhes as medidas nas mesas do lado, onde eram degustados com prazer, entre alguns cálices de espumante bem gelado. São eles o Bacalhau Batata Tomate e a Barriga Porco Grãos. Como veem, os nomes aparecem abreviados no pequeno cartão da ementa, para não ocuparem espaço, e também nas quantidades dispostas nas travessas, para as pessoas poderem petiscar de tudo um pouco, como era apanágio da cozinha portuguesa típica que se experimentava nas tabernas de outros tempos e nas populares «casas de pasto».

No Restaurante Taberna Meia Porta não poderiam faltar, também, as sobremesas. São três, como referimos, e do melhor: a Mousse Chocolate Ginja, o Bolo Amêndoa D’Ovos e o Arroz Gelado e Doce. Generosamente, o chef mandou servir a nossa mesa com um exemplar de cada. A mousse, não muito doce, leva uma compota de ginja por cima que, esta sim, lhe confere o travo bem adocicado que a torna ótima. O arroz doce, que poderia ser apenas um gelado de sabor de arroz doce, é de facto uma mistura criativa.

Segundo Freddy, trata-se de uma receita oriunda da casa de sua mãe: se é um misto de arroz doce com gelado, ou o creme do próprio arroz doce no estado de gelado, isso não sabemos dizer, fica no segredo dos deuses, mas o certo é que esta iguaria, com um café expresso a terminar o repasto, cai mesmo bem. O vencedor, para nós, é o Bolo Amêndoa D’Ovos, uma espécie de macio pão de ló com um batismo licoroso de amêndoa e uma generosa dose de doce de ovos natural deitada por cima, mais a sua pitada de canela: enfim, de comer e chorar por mais.

Portanto, se estão com tempo e vontade para experimentar alguns deliciosos petiscos e acompanhá-los com um cálice do melhor vinho ou espumante, venham conhecer o Taberna Meia Porta. Com a vantagem de estacionamento coberto a meio da Calçada do Combro, não percam esta oportunidade. Está aberto de terça-feira a sábado, das 12h30 às 15h e das 19h às 22h30. Para reservas, basta ligar para o 210114896.

Bom apetite!

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