O Spotify conta agora com novas regras para conter o spam, falsificação de identidade e exigir transparência na utilização da inteligência artificial.
O Spotify anunciou um conjunto de medidas destinado a enfrentar a vaga crescente de músicas produzidas por inteligência artificial, que ameaça inundar a plataforma com conteúdos artificiais, falsificações e faixas de spam. Esta decisão surge numa altura em que ferramentas como a Suno e a Udio tornam possível criar, em apenas alguns segundos, temas completos, levantando dúvidas sobre a definição de obra musical legítima e a proteção dos artistas humanos. A estratégia passa por um lado, impedir que criadores autênticos sejam prejudicados por fraudes e manipulações do sistema, e por outro, apoiar quem queira recorrer à inteligência artificial como um mero instrumento criativo, e não como um atalho para sobrecarregar o catálogo.
Para reforçar a transparência, o Spotify revelou estar a trabalhar com a DDEX, a organização que define os padrões de metadados musicais, no desenvolvimento de um novo sistema de identificação. Esse padrão vai obrigar à indicação explícita sempre que a inteligência artificial tiver sido utilizada, seja na geração de sons, vozes ou instrumentos, seja no processo de mistura e masterização. Quinze editoras e distribuidoras já se comprometeram a seguir estas regras, embora não exista ainda um calendário para a sua aplicação.
Outra prioridade é a luta contra a usurpação de identidade. A plataforma declara que irá atuar diretamente contra a utilização de vozes de outros artistas sem autorização, incluindo clones de voz e deepfakes. Para além disso, será implementado um filtro anti-spam que tem como intuito detetar tentativas de manipulação, como o carregamento em massa de faixas de 30 segundos criadas apenas para gerar receita ou a repetição quase idêntica de músicas já publicadas. A empresa revelou ter removido 75 milhões de faixas consideradas fraudulentas, apenas nos últimos 365 dias.
O Spotify aproveitou para também responder a alguns rumores recentes que davam conta de uma alegada utilização de músicas geradas por inteligência artificial em playlists próprias com o objetivo de reduzir pagamentos de royalties. A empresa rejeitou essas acusações, sublinhando que não cria qualquer música internamente e que todo o catálogo provém de terceiros licenciados.