Com os Sony WH-1000XM4 a tocar música e o Noise Cancelling ativo, o mundo circundante salta para o segundo plano e nem damos por ele.
Quando os Sony WH-1000XM3 (modelo anterior) foram lançados, a indústria dos headphones, que era capitalizada por marcas como a Bose, Bowers and Wilkins, Sennheiser, Beats ou JBL, começou a dar mais atenção à Sony – não me interpretem mal, a Sony sempre esteve lá em cima, tornou-se foi mais distinta e especial. E em pouco tempo, esta linha com os XM3 passou a ser considerada por inúmeros meios sempre que se falava nos melhores do mundo.
O lançamento dos Sony WH-1000XM4, em agosto deste ano, fez com que a Sony ganhasse mais uns pontos e cimentasse a sua posição no topo, onde se destaca por ter o melhor sistema de Noise Cancelling do mundo, um dos melhores equipamentos de True Wireless e um AI bastante evoluído face à concorrência.
Características
No que toca à autonomia, continua igual à versão anterior: 30 horas com Noise Cancelling (NC) ativo (38 horas com ele desligado), demorando três horas a carregar. No entanto, há agora uma nova funcionalidade de carga rápida, que permite obter cinco horas de reprodução com apenas 10 minutos de carga.
O NC sofreu grandes melhorias, muito graças ao processador QN1, cujo algoritmo permite capturar o ruído ambiente através de dois microfones em cada copo auditivo. Com essa informação, o NC anula uma vasta amplitude de sons ambiente.
Para além disso, tem ainda duas tecnologias que maximizam o desempenho do NC: o otimizador de pressão atmosférica, que mantém a qualidade do som a elevadas altitudes; e o otimizador pessoal, que analisa nuances derivadas do tamanho da cabeça, uso de óculos e até o cabelo, tudo de forma e entregar o melhor som para cada utilizador.
A simbiose entre o Audio SoC e o Edge-AI (que originou o DSEE Extreme) é a principal responsável por maximizar a análise de características de cada música, anuladas pela compressão da mesma, aprimorando-as. Isto é feito através do reconhecimento de instrumentos, géneros musicais e elementos individuais (como vocais e interludes) em cada música de forma dinâmica, restaurando todos os detalhes em tempo real graças a uma análise feita 700 vezes por segundo.
Os XM4 estão equipados com Bluetooth 5.0, permitem a ligação de dois aparelhos em simultâneo (smartphone/tablet/pc) e o alcance estende-se até 10 metros. A presença de Bluetooth 5.0 permite uma transferência de dados com três vezes mais frequência que o Bluetooth convencional (até 990Kbps). Isto vem permitir uma experiência muito aproximada aos equipamentos que fazem a transferência de som através de cabo (também há a opção de usar cabo nos XM4).
Para além disto tudo, tem ainda controlos integrados por voz e toque e AI que fazem leitura do ambiente circundante da rotina diária, conferindo uma experiência mais personalizada e adaptada a cada momento do dia.
Design
Os XM4 foram concebidos com uma estrutura sólida dobrável e trazem uma bolsa igualmente sólida onde encaixam que nem uma luva (bem como todos os cabos necessários), algo que confere toda a segurança mínima para evitar danos ou desgaste. A nível de aspecto, são muito semelhantes ao seu predecessor, mas nada contra, pois acabam por ser discretos e simples. Até mesmo na zona de controlo por toque, onde não há quaisquer desenhos ou rugosidades.
Este novo modelo está equipado com um sensor de proximidade integrado no copo esquerdo dos headphones, o que é duplamente bem pensado. Primeiro porque, se tirarmos os headphones, a música pausa automaticamente, só recomeçando quando os voltamos a colocar; e depois porque se os tirarmos e não os voltarmos a meter, eles acabam por se desligar automaticamente ao fim de 15 minutos.
Este sensor melhora em muito a experiência, pois permite-nos continuar a ouvir o que quer que seja do ponto onde parou, o que significa que os XM4 não ficam a tocar sozinhos a fazer barulho de fundo, despenalizando os esquecimentos de pausar a música quando os tiramos. Tanto isso como a funcionalidade de desligar os headphones por falta de atividade funcionam também como mecanismo de poupança de bateria.
Em conforto, acho que foram provavelmente os melhores headphones que já experimentei (melhores que abafadores de trabalho), tanto que, nos dias de menos calor, até me esqueço que os tenho comigo. Isto acontece não só por a bandolete ser pouco rígida, logo a pressão na cabeça é praticamente inexistente, mas também graças às almofadas com uma esponja fofa e revestimento em pele bastante suave. Assim, é possível estar horas seguidas com os Sony WH-1000XM4 postos sem sentir qualquer tipo de desconforto.
Funcionalidades
Já não é novo, mas graças à aplicação Headphones Connect para smartphone, comum a todos os dispositivos de áudio mais recentes da Sony, é muito fácil conhecer todas as funcionalidades e potencial do equipamento – para além de também torna mais fácil a conexão ao dispositivo em causa, independentemente do tipo de equipamento ou sistema operativo. Estes WH-1000XM4 podem ainda ser ligados a dois dispositivos em simultâneo, algo que funciona lindamente quer no tempo de transição, quer no tempo de resposta.
Speak-to-Talk é uma funcionalidade que reconhece a voz através da tecnologia de Precise Voice Pickup. Este reconhecimento é feito recorrendo ao uso de cinco microfones integrados nos headphones e, graças ao processamento de sinal de áudio avançado, confere aos headphones a capacidade de reconhecer e reagir à voz do utilizador. Mal é feita a deteção da voz, a música pára automaticamente, só recomeçando após um determinado período de inatividade (esse tempo de espera é regulável).
Já o Ambient Sound Control permite que a conexão entre os headphones e a aplicação dê uso ao estudo do ambiente circundante, de forma a cancelar o ruído e, ainda assim, permitir a audição de sons essenciais, como anúncios em transportes públicos, entre outros.
Uma das funcionalidades mais fantásticas dos Sony WH-1000XM4 é o Adaptative Sound Control, que tem a capacidade de se ajustar à localização e comportamentos que adoptamos. Basicamente, ao longo do tempo, este AI estuda as localizações que visitamos com frequência (trabalho, café, ginásio, etc.), aprende quais são os nossos hábitos em cada uma delas e constrói o som ideal para cada espaço. Para além disso, reconhece a nossa atividade, quer estejamos sentados, a caminhar, a correr, à espera ou a viajar, ajustando-se às situações.
Outra funcionalidade muito útil e interessante é a Quick Attention, funcionando basicamente como um Ambient Sound Control manual. Ao colocar a mão no copo direito dos headphones, eles baixam automaticamente o volume do que quer que esteja a dar e capta e amplifica todos os ruídos do ambiente circundante, em particular a voz das pessoas. É também nessa concha onde funcionam os controlos por toque.
Veredicto Final
Estas duas semanas de teste com os Sony WH-1000XM4 foram fantásticas. Eu, que prefiro earbuds pela facilidade logística e simplicidade, e mesmo sabendo que esteve um calor infernal, não queria outra coisa. Tanto que os meus AirPods ficaram arrumados a um canto e nem senti falta nenhuma deles (até custou ter de voltar a fazer a transição).
Depois deste lançamento, começo a olhar para esta linha de headphones da Sony como olho para o lançamento da GoPro a cada ano, ou olhava para os lançamentos dos primeiros iPhones, isto é, sempre à espera do próximo anúncio com as novas funcionalidades.
Confesso que inicialmente achei 380€ um preço elevado para uns headphones, mas os WH-1000XM4 não são só uns headphones. São uma experiência musical sem igual, onde a qualidade de som é sublime e o noise cancelling é absolutamente bíblico. Aguardo ansiosamente pela Black Friday para ver que desconto vão ter, mas uma coisa é certa: se não comprar os WH-1000XM4 este ano, compro para o próximo (ou estes ou os XM5).
O conselho que vos deixo é: mesmo que não tencionem comprar, se algum dia tiverem oportunidade de os testar, façam-no.
Este dispositivo foi cedido para análise pela Sony.