O Samsung Galaxy Z Fold7 evoluiu e continua a ser um dos dobráveis mais completos do mercado. Mas não em todos os aspetos.
Anunciado no em julho, o Galaxy Z Fold7 é o mais recente smartphone dobrável topo de gama da Samsung, e o sucessor direto do modelo do ano passado Galaxy Z Fold6, chegando com a promessa de oferecer uma experiência e funções, cada vez mais polidas.
Com o Samsung Galaxy Z Fold7 chega finalmente a sensação de que a empresa sul-coreana começou a apostar com mais segurança e seriedade no design dos seus dobráveis. É mais fino, com apenas 4,2 mm quando aberto e 8,9mm quando fechado, e mais leve (215 g), abandonando aquela aquela sensação experimental, ao estilo de um protótipo, dos primeiros modelos. Chegou com alguns melhoramentos evidentes, se comparado com a geração passada, com linhas mais limpas, materiais ainda mais premium e uma execução que coloca muitos rivais chineses numa posição desconfortável.
Por exemplo, durante os meus testes, tive a oportunidade de o colocar lado a lado com o Honor Magic V5, e o Galaxy Fold7 destaca-se pela sua solidez. A dobradiça inspira confiança, o módulo de câmaras está bem integrado e não incomoda na utilização. É um smartphone que, ao toque, transmite um luxo discreto mas inegável, algo que na concorrência algumas vezes é apresentado com plásticos baratos e protuberâncias excessivas. Contudo, nem tudo é fantástico, e o seu preço pode ser assustador. Com valores que começam nos 2.169,90€ e podem chegar aos 2.599,90€, estamos perante um produto assumidamente elitista e longe do alcance de todos. É verdade que os descontos abundam, com trocas e promoções ocasionais, mas deixa aquele sentimento constante de estar sempre a navegar num labirinto de “promoções” para justificar esse investimento.
Já no campo técnico, a Samsung optou pela contenção. A bateria mantém-se nos 4400mAh com carregamento rápido de 25W, e o sistema de câmaras, apesar de melhorias pontuais, não oferece a mesma qualidade das câmaras, por exemplo, do Galaxy S25 Ultra. Ou seja, este Galaxy Z Fold7 impressiona sobretudo pelo seu design e construção e menos pela inovação pura.
Comparando com o modelo do ano passado, a Samsung conseguiu cortar 25 gramas no peso e reduzir a espessura, passamos de 12,1mm quando fechado para uns impressionantes 8,9mm, e de 5,6mm para apenas 4,2mm em modo aberto. Se colocarmos estas medidas lado a lado com as de um Galaxy S25 Ultra, percebe-se facilmente que o Fold7 é mais baixo, menos largo e não tão mais fino quanto a marca gostaria de sugerir, pelo menos à primeira vista. A própria Samsung não esconde a ambição de vender a ideia de um “Galaxy S25 Ultra dobrável”. E, de facto, o conceito é precisamente esse. Claro que não temos aqui a liga de titânio (o peso seria impraticável), mas o alumínio reforçado, tanto no chassi como na estrutura interior.
E a surpresa não está tanto no resultado final, mas no facto da empresa finalmente ter dado este passo. Não tanto por inovação genuína, mas porque a estagnação dos últimos anos praticamente a obrigava a avançar. O preço a pagar foi a ausência da S-Pen, um compromisso que poderá dececionar alguns utilizadores, mas que a mim pessoalmente não me incomoda. Em sua “substituição” a Samsung aposta em outra frente, que foi no melhoramento da dobradiça e da própria dobra do ecrã. A nova Armor FlexHinge surge mais leve e compacta, e a introdução de um sistema de trilhos vários permite atenuar o vinco interior. O fecho cria um efeito de “gota”, onde o painel curva-se de forma controlada, distribuindo melhor a pressão. Convém no entanto sublinhar que o vinco não desaparece. Ele continua bem visível, menos do que em gerações anteriores, mas está lá. E acredite, esse vinco em termos práticos não é um problema na utilização diária do smartphone, uma vez que ao toque raramente se nota, mas a olho nu, sob luz direta, o vinco revela-se muito bem. É um detalhe que muitos acabam por ignorar, mas que continua a ser uma questão estética relevante e inevitavelmente subjetiva.
O Samsung Galaxy Z Fold7 estreia também um novo conjunto de ecrãs Dynamic AMOLED 2X LTPO, que passam agora a medir 6,5 polegadas no exterior e 8 polegadas no interior (o antecessor tinha 6,3 e 7,6 polegadas). A alteração mais significativa está no ecrã externo, que agora conta com o formato 21:9 e que acaba com aquele efeito “esticado” bem presente no Galaxy Z Fold6, tornando a utilização do equipamento fechado muito mais natural. Na prática, o ecrã de 6,5 polegadas consegue comportar-se como um verdadeiro smartphone convencional, e sem compromissos relevantes. A qualidade, como é natural na Samsung, mantém-se de topo. Se o Fold6 já oferecia brilho, resolução e calibração exemplares, com software bem otimizado, o novo modelo não eleva a fasquia, as cores continuam vivas, o HDR está devidamente suportado, até em plataformas como a Netflix, e o resultado é altamente convincente.
No uso diário, a forma como se distribui o tempo entre os dois ecrãs depende bastante do perfil de cada utilizador. Houve dias em que me vi a alternar quase em partes iguais, mas tive dias em que raramente utilizei o ecrã interior. O ecrã interno revela-se, sem surpresa, mais cómodo para consumo de multimédia ou multitarefa, mas o seu formato quadrado ainda conta com algumas limitações. Por exemplo, ao ver um filme surgem inevitavelmente grandes barras pretas em cima e em baixo, o que corta um pouco a imersão. Já no campo da produtividade, o cenário muda completamente, e abrir duas aplicações lado a lado é como ter dois smartphones no mesmo painel, algo especialmente útil em contextos de navegação ou fotografia, como manter o mapa aberto de um lado e a câmara do outro. É aqui que o conceito do smartphone dobrável realmente demonstra o seu valor.
Para além disso, a Samsung continua a enriquecer a experiência com funções adicionais, o modo flexível, a possibilidade de organizar várias aplicações em colunas, janelas flutuantes, layouts personalizáveis e até a opção de guardar combinações de aplicações no ecrã inicial. Assistentes virtuais e chatbots também tiram partido desta flexibilidade, sem problemas de compatibilidade. E, claro, há o trunfo do DeX, através da saída de vídeo USB-C, o Galaxy Z Fold7 pode transformar-se num ambiente de trabalho completo. No fundo, este é um dispositivo que acumula funções de smartphone, mini tablet e até de um mini computador, sem nunca perder a portabilidade.
Felizmente, o Galaxy Z Fold7 não evoluiu apenas no design e nos ecrãs, já que também houve mudanças no sistema fotográfico, ainda que longe de uma revolução. A estratégia da Samsung parece simples, importar a câmara principal do Galaxy S25 Ultra e do S25 Edge, e depois complementar com uma telefoto de 10MP com zoom ótico 3x que foi herdada do Galaxy S25 e S25+. No fundo, temos aqui uma espécie de “híbrido” que junta o melhor de vários S25, ficando apenas um degrau abaixo do Ultra. O grande protagonista é, naturalmente, a câmara principal de 200MP (Samsung Isocell HP2, sensor de 1/1,3’’, abertura f/1.7 e estabilização ótica). Em condições de luz favoráveis, os resultados são fantásticos. No entanto, em JPG de 12MP, a abordagem é claramente “para as massas”, já que temos tons de pele realistas, menos saturação artificial do que no passado e um contraste equilibrado, mas sem aquele toque “fotografia PRO”. Em RAW, a margem de manobra cresce, mas não é o público-alvo deste Fold (nem o meu).
O sensor ultra grande-angular evoluiu pouco mas recebeu o foco automático que é muito bem-vindo sobretudo em vídeo, mas o sensor Sony IMX564 de 1/2,55’’ com abertura f/2.2 acusa limitações quando a luz tende a ficar escassa. A qualidade mantém-se aceitável para fotos rápidas e gravações casuais, mas percebe-se que aqui não houve investimento em hardware de nova geração. Já a sua lente telefoto de 10MP é claramente o elo mais fraco. A Samsung decidiu reutilizar o Isocell 3K1 de 1/3,94’’ com abertura f/2.4 e, apesar do OIS, fica bastante atrás da concorrência, especialmente quando até smartphones de gama média já apostam em sensores bem maiores. Num dobrável que custa quase 2200€, esperava-se pelo menos um 3x ou 5x equivalente ao do S25 Ultra.
Quanto às fotos frontais, são satisfatórias. Ambas as câmaras (externa e interna) usam sensores de 10MP, suficientes para videochamadas ou fotografias ocasionais, mas sem foco automático. Não é grave, já que o público deste tipo de produto dificilmente as prioriza. O desbloqueio facial, por outro lado, sai beneficiado uma vez que a nova câmara interna já não está escondida por baixo do ecrã e responde de forma muito mais rápida. Em alternativa, continua disponível o leitor de impressões digitais no botão lateral, que durante os meus testes revelou ser muito rápido e eficaz.
No campo do vídeo, o Galaxy Z Fold7 acompanha os topos de gama da Samsung com gravação em 4K a 30 ou 60FPS, HDR de 10 bits e foco automático consistente. Durante o dia, os resultados são surpreendentes, e à noite só a câmara principal mantém realmente um bom nível, com as câmaras secundárias a revelar algum ruído e perda de detalhe.
O Galaxy Z Fold7 vem equipado com o Snapdragon 8 Elite for Galaxy, o que equipa todos os smartphones da série Galaxy S25. É uma solução de topo, mas o que mais surpreende é a forma como é gerido. Talvez se deva ao design, talvez ao sistema de dissipação de calor, ou uma combinação entre os dois, mas a verdade é que este Galaxy Z Fold7 só aquece de forma percetível na zona junto às câmaras, e apenas em cenários de forte pressão sobre o seu processador. No quotidiano, o aquecimento nunca se verifica, e mesmo durante um dia intenso de fotografia e navegação sob o sol intenso de Lisboa, com temperaturas exteriores a rondar os 38°C, o corpo do telefone manteve-se apenas morno.
A nível técnico, ainda conta outras boas notícias, como o facto de finalmente termos acesso a uma opção com 16GB de RAM (LPDDR5X) e 1TB de armazenamento UFS 4.0. E com este conjunto, a integração do processador da Qualcomm parece a melhor que já tivemos num telefone da Samsung.
E mais uma vez, nem tudo é perfeito. O brilho máximo do ecrã não se mantém indefinidamente e tende a reduzir ao fim de algum tempo de utilização intensa. Não chega aos cortes drásticos como vemos em iPhones que entram em modo de proteção, mas nota-se. De resto? O telefone voa, não há nada que o faça vacilar ou fraquejar, nem mesmo os jogos mais pesados.
Mas o verdadeiro calcanhar de Aquiles deste smartphone continua a ser a bateria. Com 4400mAh e carregamento limitado a 25W, fica num limbo pouco satisfatório. A bateria revelou-se, durante os testes, ser demasiado pequena para a exigência do dispositivo e demasiado lenta para compensar essa falta de capacidade. Em agosto tive a oportunidade de testar o Honor Magic V5, que é o verdadeiro concorrente deste telefone da Samsung, e ele conta com uma bateria de 6100mAh e carregamentos muito superiores, a 66W, e aqui a Samsung não arriscou. Nos meus testes a autonomia revelou-se curta, com cerca de 3,5 a 4 horas de ecrã ligado em utilização exigente (5G, fotografia, email e muitas redes sociais), com o telefone a pedir o carregador ao final da tarde, por volta das 18h. Em cenários mais equilibrados, com uso de Wi-Fi e menos fotografia, o Z Fold7 sai-se um pouco melhor, com 65% de bateria ainda disponíveis às 17h, com pouco mais de 2,5 horas de ecrã registadas. Ou seja, tudo depende muito da intensidade de utilização, sobretudo do tempo passado no ecrã interno.
No carregamento, a situação também não é a melhor, e os 25W prometem, mas na prática não oferecem o que muitas vezes é necessário. Pouco mais de 30 minutos para carregar dos 0 aos 50% e mais uma hora para uma carga completa. É aceitável, mas está longe do que é esperado para um equipamento deste valor. Se a Samsung tivesse optado pelo carregamento de 45W, presente no Galaxy S25+ e no Ultra, a história era outra. Mas provavelmente vão deixar essa novidade para o Galaxy Z Fold8. Depois temos o carregamento sem fios de 15W e o carregamento reverso de 4,5W, que sejamos sinceros, podem ser úteis mas insuficientes para apagar a sensação de que a autonomia e a velocidade de carregamento continuam a ser o ponto fraco do principal smartphone dobrável da Samsung.
O Galaxy Z Fold7 chegou ao marcado a executar o One UI 8.0 (Android 16). As diferenças em relação ao One UI 7.0 não são muitas mas conta com alguns melhoramentos interessantes. Para mim continua a ser a interface mais consistente e fiável para os dispositivos Android (tirando o Android Puro).Voltamos a ter um sistema operativo rápido, fluido, com excelente gestão de múltiplas aplicações, janelas flutuantes intuitivas e uma integração quase perfeita com as aplicações nativas com o formato dobrável.
O seu novo sistema de inteligência artificial multimodal apresenta uma compreensão mais apurada do contexto e responde a comandos de voz de forma mais fluida e natural. Com a integração do Gemini Live, torna-se possível partilhar o ecrã amplo do Galaxy Z Fold7, o que simplifica consultas e interações em tempo real sem a constante necessidade de alternar entre aplicações. As respostas fornecidas podem surgir em diferentes formatos de visualização, seja em janelas flutuantes, seja em ecrã dividido. Para além disso, as imagens geradas pela inteligência artificial podem ser arrastadas e largadas diretamente em aplicações como o Samsung Notes, tirando partido do formato dobrável para criar um fluxo de trabalho mais versátil e eficiente.
Há também outras pequenas novidades interessantes. Pela primeira vez, temos o Magic Audio Eraser integrado diretamente na aplicação de gravação de voz, algo que a Apple e a Google oferecem apenas no editor de imagens. É uma adição prática e, acima de tudo, simples, mantendo a filosofia que tem guiado o Galaxy AI. Ainda assim, com o Galaxy Z Fold7 não temos acesso a funcionalidades totalmente exclusivas, uma vez que a Borracha Mágica, tanto em foto como em áudio, continua a recorrer à inteligência artificial da Google, mas a Samsung conseguiu melhora-la tão bem que, em muitos casos consegue superar aquilo que é oferecido nos novos Google Pixel. O Google Gemini também está bem integrado, com direito às novidades mais recentes como o Gemini Live, que oferece uma análise em vídeo.
E como não podia deixar de ser, alguns pontos não considero brilhantes nesta interface, como as notificações que fazem lembrar o iPhone, separadas dos botões rápidos, que ainda precisam de muito trabalho. Durante os testes verifiquei que é frequente a mesma aplicação gerar várias notificações quase idênticas, o que resulta em ruído excessivo e pode fazer perder alertas importantes. Já os ícones do ecrã inicial estão mais elegantes, e felizmente abandonaram o aspeto “cartoon 2D” e apresentam-se agora com uma abordagem mais adulta.
E já que estou a abordar o software, há um ponto que não posso deixar de apontar, e que dá uma nota muito positiva à Samsung. Durante a apresentação do Galaxy Z Fold7 a Samsung prometeu sete anos de atualizações de software, tanto do sistema operativo como de segurança. Isto significa que estaremos cá em 2032 ainda a noticiar que a Samsung disponibilizou uma atualização para o Galaxy Z Fold7. E isso não só é bom, como é do melhor que temos no mercado.
E estou mesmo a concluir esta review, mas tenho de voltar a um ponto incontornável, o seu preço. Com preço a começar nos 2.169,90€, o Galaxy Z Fold7 pode chegar a custar quase 2700€, valores que o colocam num patamar quase proibitivo, e que certamente o seu publico alvo é um pequeno nicho. A verdade é que, para quem nunca experimentou um dobrável, a entrada neste mundo exige duas opções, ou aproveitar todos os descontos e trocas disponíveis, ou esperar pacientemente por uma descida natural de preço. Para todos os outros pontos, continua a ser difícil não recomendar o sólido e mais acessível Galaxy S25 Ultra, que custa praticamente a metade do preço, e especificações ainda mais impressionantes, sobretudo na câmara.
Falando de forma pessoal, e como não o comprei, utiliza-lo foi um prazer absoluto e confesso que não me importaria nada de continuar com ele no bolso, uma vez que é um excelente smartphone. Se estaria disposto a pagar por ele? Claro que sim, desde que fosse o valor certo, que a meu ver situa-se em torno dos 1900€. Tirando esse ponto, estamos claramente perante um dos melhores smartphones do mercado, e impossível é não gostar dele e de tudo o que ele tem para oferecer.
Este dispositivo foi cedido para análise pela Samsung.