E diz que é evidente o abuso de poder de monopólio da ANA.
Em fevereiro deste ano, em resposta à redução das taxas aeroportuárias, e tal como avançado pela empresa em dezembro de 2022, a Ryanair anunciava um total de 19 novas rotas a partir de Faro e do Porto.
Mas se a companhia aérea operou mais de 1.600 voos semanais de/para Portugal no Verão de 2023, o próximo ano de 2024 promete ser bastante diferente.
A Ryanair já tinha alertado que o seu crescimento em Lisboa (e Madeira/Açores) tinha estagnado devido ao aumento das taxas ETS (taxas ambientais), tornando estes aeroportos nada competitivos. E tinha apelado ao Governo português para tomar medidas contra a extensão das taxas ETS à Madeira e aos Açores a partir de 2024, uma vez que, de acordo com a companhia, essas taxas visam injustamente os voos de pequeno curso, o que terá um impacto prejudicial na indústria do turismo em Portugal, tornando os custos para os turistas que viajam para a Madeira ou para os Açores muito mais elevados do que os destinos de férias não comunitários como Marrocos, Jordânia e Turquia, que continuam isentos do pagamento de impostos ETS.
Mas como nada foi feito, a Ryanair anunciou hoje alterações para a sua operação no país, indo reduzir aviões e tráfego de/para Portugal.
Em concreto, a Ryanair irá reduzir um avião (investimento de 100 milhões de euros) da sua base na Madeira e diminuir o tráfico em Faro e no Porto para o Verão de 2024 devido à decisão da ANA de aumentar as taxas aeroportuárias em até 17% a partir de 2024, incluindo Lisboa (+17%), Faro (+12%), Porto (+11%), Açores (+9%) e Madeira (+6%).
Este prejuízo já foi evidenciado pelo encerramento da base da Ryanair em Ponta Delgada para o Inverno de 2023/2024 e será ainda mais demonstrado pela perda de um (dos dois) aviões baseados na Madeira em janeiro de 2024, além dos cortes no Verão de 2024 em Faro e no Porto.
Diz a Ryanair que o “monopólio do aeroporto da ANA não enfrenta concorrência em Portugal, o que lhe permite aumentar os preços sem consequências” e que, só em Lisboa, “a taxa de passageiros aumentou +50% desde 2019, apesar da maioria dos aeroportos europeus reduzir as taxas pós-Covid”.
Em comunicado, a Ryanair “apela novamente ao regulador português para intervir urgentemente e proteger as companhias aéreas, os seus passageiros e o turismo de Portugal (especialmente nas ilhas) contra o abuso evidente do poder de monopólio da ANA”. E pede também ao “governo português que reabra a concessão para o novo Aeroporto do Montijo, para quebrar o monopólio do aeroporto da ANA, impedindo que o seu proprietário francês, a VINCI, extraia mais lucros monopolistas das companhias aéreas e dos seus passageiros às custas dos cidadãos, do turismo e dos empregos portugueses”.