A instalação de Rui Basílio ocupa uma das paredes da Forneria, trazendo o imaginário de Veneza para Lisboa com uma gigante máscara que impõe respeito.
Rui Basílio, artista e designer português nascido em 1990 no Alentejo, tem vindo a construir um percurso marcado pela versatilidade e pela experimentação. Desde 2020 que o criador, que interage com o público através da marca que leva o seu apelido, decidiu colocar a arte no centro da sua vida, explorando diferentes linguagens visuais, sempre com forte pendor manual e evitando a mecanização excessiva.
O trabalho de Basílio raramente se prende a um estilo único. Entre retratos, intervenções de land art, esculturas em madeira, pedra, metal ou calçada, o artista procura constantemente novas formas de comunicação. O seu objetivo passa por criar identidade cultural e transmitir emoções através de uma “poesia visual” que transforma o óbvio em inesperado. Essa abordagem já o levou a apresentar obras em várias cidades do mundo, do Rio de Janeiro a Amesterdão, passando pelas Maldivas e Xiamen, na China.
É neste contexto que surge a sua mais recente criação em Lisboa. Para a nova Forneria, restaurante que abriu portas em maio na capital, Basílio concebeu uma máscara veneziana construída a partir de 4.000 porcas metálicas. A peça nasceu de 92 horas de conceção e montagem, num processo que combina a estética industrial com a tradição artesanal. A escolha do material faz a ponte com o espaço e com o forno de lenha que define o restaurante, onde o calor transforma ingredientes em algo mais do que simples comida, quase como uma metáfora da própria criação artística.
A instalação de Basílio ocupa uma das paredes da Forneria, trazendo o imaginário de Veneza para Lisboa – mas prestem atenção, pois a máscara, com um tamanho e peso que metem respeito (150kg e 1,70 metros de altura), está instalada na zona de passagem que leva os clientes para as mesas, portanto fiquem atentos ao caminho…
Já sobre a marca Forneria em si, surgiu em 2014 após os três irmãos Paulo, Paula e Tico terem decidido apostar num conceito diferenciador no setor da restauração. O objetivo era recuperar a tradição do forno de lenha, colocando o sabor e o aroma dos ingredientes no centro da experiência gastronómica.
O projeto destacou-se, numa fase inicial, pelas pizzas napolitanas e, sobretudo, pelas francesinhas confecionadas em forno de lenha. Estas últimas tornaram-se rapidamente a imagem de marca da casa, com a versão Putanesca a assumir-se como prato emblemático. A ambição, contudo, não se esgotava nessa especialidade, e a Forneria cedo revelou uma visão mais abrangente para o espaço que queria construir.
A gestão, desde o primeiro momento, procurou afastar-se de modelos convencionais, adotando uma abordagem que não se limitava ao produto final. O ambiente assumiu-se como elemento central: salas decoradas com arte veneziana e napolitana, assim como a Beer Zone, conferem ao local uma dimensão cultural e um espírito de celebração.
Ao longo dos anos, a Forneria consolidou-se não apenas como restaurante, mas como projeto de vida para os seus fundadores. E isso nota-se na mais recente Forneria instalada em Lisboa, onde almoçámos recentemente, com um menu que alia pizzas de inspiração napolitana a francesinhas em forno de lenha, incluindo opções vegetarianas e veganas. Neste cenário, a obra do artista assume-se como elemento central, sublinhando a ligação entre gastronomia e arte: ambas resultam de processos de transformação que vão além da matéria-prima, despertando sentidos e emoções.
O menu é vasto, talvez até demasiado vasto, pois com tantas opções torna-se difícil escolher o que se quer experimentar – entre saladas, bruschettas, special flavours, francesinhas, pizzas, menu alternativo de carne, hambúrgueres e pastas, sem contar com opções vegetarianas e vegan, bem como pratos para crianças, contam-se quase 60 opções. No entanto, e podem ficar descansados porque deu para constatar isso mesmo, independentemente do que peçam, uma coisa é certa: qualidade e variedade não faltam. E sim, tanto francesinhas como a Lá Putanesca, como pizzas como a Dottore, que chega à mesa em formato estrela, são altamente recomendadas.
Para acompanhar, têm cervejas artesanais, limonadas e, claro, sangrias deliciosas, como a que leva espumante de tangerina e maracujá.
Mesmo para finalizar a refeição em beleza, há sobremesas que devem mesmo pedir, como a Fondand Cioccolato & Pistachio, que, tal como o nome indica, é um fondant de chocolate envolvido num delicioso creme de pistachio, acompanhado com gelado de pistachio colocado sobre um afrodisíaco chocolate picante e filamentos de massa filo.