Atualmente, são vários os operadores que já estão a aplicar mecanismos extra de segurança nos seus postos de carregamento, de modo a evitar o furto de cabos.
Nos últimos meses, a criminalidade dirigida aos postos de carregamento elétrico tem vindo a ganhar escala e a revelar um impacto que ultrapassa largamente o valor dos componentes furtados. A crescente procura pelo cobre, cuja revenda atinge montantes atrativos no mercado paralelo, transformou os cabos de carregamento num alvo frequente, deixando equipamentos inoperacionais e condutores sem alternativa imediata.
A deterioração observada em numerosos postos deixou de ser associada apenas a falhas técnicas ocasionais. Têm-se multiplicado situações em que o corte deliberado dos cabos obriga à interrupção prolongada do serviço, enquanto as equipas técnicas tentam repor as condições normais de funcionamento. A Associação Portuguesa de Operadores e Comercializadores de Mobilidade Elétrica tem sublinhado o peso económico destas ocorrências, lembrando que os custos não se limitam à substituição do material furtado, mas incluem deslocações, medidas adicionais de segurança e perda de receita durante o período de inoperância.
Para além do impacto financeiro, o fenómeno mina a confiança de quem depende da rede pública para garantir deslocações diárias. As autoridades recomendam a instalação de sistemas de alarme e de identificação dos cabos, embora persistam entraves legais à expansão da videovigilância, já que estas infraestruturas ainda não são classificadas como críticas.
Em Portugal, são vários os operadores que já estão a aplicar mecanismos extra de segurança nos seus postos de carregamento, como CCTV direto aos postos, sensores e alarmes, e proteções de cabos com tinta, traking GPS, kevlar e malha de aço. Muitos dos postos já estão protegidos com tecnologia CableGuard, da Formula Space, que surgiu no mercado como uma das respostas tecnológicas para contrariar a escalada de furtos de cabos em estações de carregamento elétrico, apresentando um sistema de proteção que combina resistência física, capacidade de rastreamento e adaptação a diferentes tipos de operação.
A solução assenta num revestimento reforçado concebido para atrasar de forma significativa tentativas de corte, prolongando o tempo necessário para uma intrusão e dificultando a atuação criminosa. Testes realizados em contexto real indicam que este tipo de proteção pode multiplicar mais 25 vezes o tempo de resistência face a um cabo comum. O objetivo passa por preservar a integridade da infraestrutura sem interferir na experiência do utilizador, mantendo o manuseamento familiar e sem acrescentar volume ou peso relevantes.
Para além disso, o sistema integra um mecanismo de marcação forense que se ativa quando ocorre manipulação indevida. Esta tecnologia projeta um líquido sob pressão que adere ao equipamento utilizado no crime e aos próprios autores, deixando um identificador único visível sob luz UV. Especialistas apontam este método como particularmente eficaz na associação de suspeitos a ocorrências registadas, reforçando a capacidade de investigação e sustentando decisões judiciais em vários casos.
O desenvolvimento técnico procurou igualmente garantir que o dispositivo pudesse ser instalado tanto em novos postos como em infraestruturas já existentes, evitando substituições completas ou interrupções prolongadas no serviço. Para isso, foi adotada uma arquitetura modular, fornecida em kits completos e compatíveis com a maioria dos modelos de carregadores e sistemas de gestão de cabos em circulação. Esta abordagem permitiu a expansão do sistema em diferentes geografias, com centenas de implementações operacionais em diversos operadores.
Fotos: Telmo Azevedo/Comunidade de Utilizadores de Redes de Carregamento de Veículos Elétricos
