Jogadores um pouco por todo o mundo queixaram-se da fraca qualidade do evento em relação às últimas duas edições.
No passado fim-de-semana decorreu a edição global deste ano do Pokémon GO Fest, evento anual esperado por todos os treinadores de Pokémon do jogo para smartphones, que se realiza desde 2017, sempre em várias localizações ao redor do mundo, onde se juntavam milhares de pessoas e onde havia sempre muito entretenimento e surpresas.
Contudo, em 2020, por força da pandemia, o evento foi reinventado e tornou-se completamente virtual, acessível a qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, através da compra de um bilhete. Essa versão voltou a repetir-se o ano passado, e este ano também. Porém, as diferenças para as edições dos dois últimos anos foram significativas, tendo levado a queixas dos jogadores.
Como “profissional” de Pokémon GO – admito que jogo desde o primeiro dia e não me lembro da última vez em que estive mais de 24 horas sem o fazer… – obviamente que participei nas edições globais do GO Fest, ou seja, no verão de 2020, 2021 e, no último fim-de-semana, lá andei na rua a apanhar bichinhos virtuais, numa tentativa de replicar aquilo que poderia ter vivido nos eventos presenciais.
Se as edições dos últimos dois anos foram muito boas, a deste ano deixou um pouco a desejar. Porém, irá haver um terceiro dia de GO Fest dia 27 de agosto, no qual a Niantic, a produtora de Pokémon GO, poderá melhor aquilo que correu mal nos dias 4 e 5 de junho.
Os problemas começaram logo ao longo das semanas que antecederam o GO Fest. Ao tratar-se de um evento que é tido como o flagship da Niantic, era suposto que a comunicação acerca do mesmo fosse melhor. Mas não. Várias das informações que iam sendo lançadas contradiziam-se, e muita foi a confusão gerada em relação à edição deste ano.
Onde andam os Pokémon shiny?
Mas lá chegou o dia 4 a Portugal, e lá saí eu mais um amigo para a rua para irmos jogar. Reforço “a Portugal” porque, por ser um evento local time, os jogadores da zona do Pacífico já tinham experenciado alguns problemas e falaram deles nas redes sociais.
Os principais problemas apontados prenderam-se com a utilização de incensos (as criaturas que apareciam, desapareciam quase instantaneamente, o que dificultava imenso a jogabilidade e fazia os jogadores desesperar), e com a baixíssima shiny rate, ou seja, a probabilidade de aparecerem Pokémon shiny (para os leigos no assunto, são bichinhos de cores diferentes do habitual e com um enorme valor de colecionismo) estava muito baixa, ao contrário do que fora anunciado e era suposto neste evento – realço que a Niantic informou que, no sábado, a probabilidade de encontrar um shiny seria bem maior que no domingo. A situação dos incensos foi reconhecida pela Niantic, na conta de Twitter oficial, mas o problema da shiny rate nem tanto.
Ambos os problemas permaneceram nos restantes territórios do mundo, o que não é aceitável para um evento pago com dinheiro real. Em Portugal não foi diferente e, nas primeiras duas horas de jogo, apenas um de nós encontrou um shiny, ou seja, só um shiny foi visto em duas horas, em duas contas, num evento que deveria ter as probabilidades drasticamente aumentadas.
No que diz respeito ao “mundo real”, pelo menos na minha zona a adesão ao GO Fest não foi a mesma que em anos anteriores – no fim-de-semana todo encontrámos apenas outro treinador a jogar, o que não é, de todo, normal. Isto leva a crer que os jogadores já perderam o interesse pelos eventos pagos de Pokémon GO.
Também a variedade de spawns foi mencionada pelos jogadores, considerando que grande parte dos Pokémon disponíveis no evento não tinha a versão shiny disponível, ou que eram bichos que tinham sido bastante destacados nas últimas semanas – como é o caso dos starters da região de Alola, que foram alvo de “ataque” por parte dos treinadores.
Até agora foi tudo parte do primeiro dia do evento – o sábado, 4 de junho – mas, como já disse, o GO Fest decorreu em dois dias. Falemos, agora, do dia 5 de junho.
Pouca variedade de Pokémon nas raids e o jogo a bloquear
A Niantic já tinha anunciado que o segundo dia do evento seria mais focado nas raids, com o lançamento da primeira ultra beast no jogo, mas isso não foi o suficiente para agradar os jogadores. O facto da pouca variedade de Pokémon presentes nas raids levou a mais queixas nas redes sociais. No domingo surgiu uma nova personagem no jogo, que nos trouxe uma nova special research, onde ficámos a conhecer os ultra wormholes. Eu sei que são demasiados termos relacionados com a franquia Pokémon, mas, se leste até aqui, acredito que sejas um treinador Pokémon como eu.
Não aconteceu comigo, mas com o meu amigo: houve problemas nas próprios raids, com o jogo a bloquear a meio das batalhas, obrigando os jogadores a reiniciar o jogo. Isto foi, também, reconhecido pela Niantic, mas não fizeram nada para melhorar o problema.
Na minha opinião, achei o jogo mais divertido no domingo que no sábado. As raids valeram a pena e as shiny rates estavam praticamente iguais ao sábado, e é isso que se espera nestes eventos. Poderia ter corrido melhor? Poderia, claro. Mas nunca se pode agradar a toda a gente. A verdade é que os jogadores, como comunidade mundial, exigiam mais deste GO Fest, e com razão: ficou bastante aquém das edições dos últimos dois anos.
Outra coisa a apontar em relação ao evento como um todo foi a inexistência de quests especiais que seriam obtidas a rodar pokéstops e de ovos exclusivos do GO Fest. Acho que faria todo o sentido fazerem parte das benesses exclusivas de quem tinha bilhete, pelo que não se compreendeu a razão de não existirem.
No geral, de 0 a 10, acho que atribuo um 6.5 a este GO Fest, considerando que as duas edições anteriores, que já foram em versão digital, foram um pouco melhor que a deste ano. Agora, como disse no início do artigo, a Niantic tem a hipótese de corrigir o que estava mal no último dia de GO Fest. Resta esperarmos até dia 27 de agosto para ver se corre melhor.