Pop Dell’Arte no Lux – Free Pop… Uns Anos Depois

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Foi uma celebração, mais um daqueles momentos em que parece que entrámos numa outra dimensão.

Free Pop marcou quando foi publicado em 1987. Foi o primeiro registo longo de uma banda – Os Pop Dell’Arte, que deixaram a sua marca desde a sua vitória no Prémio de Originalidade do 2 º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous em 1985, a mítica sala do bairro do Rego, em Lisboa, que redefiniu a música portuguesa nos anos 80.

Criaturas de Campo de Ourique, um dos centros da música pop e que se distinguia por uma certa atracção pelo surrealismo (vide Ena Pá 2000), por oposição por exemplo ao punk de Alvalade, os Pop Dell’Arte nunca foram consensuais pela postura obsessiva por novas sonoridades e pela experimentação. A criação pelo vocalista João Peste do mítico selo Ama Romanta, editora independente que deu voz a vários que não entraram nas majors todas poderosas de então, gerou camadas extra de prestígio no meio, em companheiros e boa parte da crítica.

Sempre foram um OVNI, e esse espírito essencial fica marcado em Free Pop, de tal forma que a gravação foi reeditada em vinil coleção que comemora os 50 anos do 25 de Abril de 1974, pelas mãos da Fonograma. Não obstante, a veia original continuou em álbuns como Sex Symbol (1995), Contra Mundum (2010) ou o mais recente Transgressio Global (2020), gravados muitas vezes com vezes com convidados que vão de Sei Miguel a J. P. Simões, de General D a Adolfo Lúxuria Canibal. Até por serem mais duradouros em termos de discografia e de concertos ao longo dos anos, os Pop Dell’Arte assumem um lugar à parte naquela galáxia, em contraponto com os limitados à década de 80 Mler Ife Dada (que deram um belíssimo concerto no concerto no Grande Auditório do CCB em 2014), ou os ainda mais fugazes Essa Entente (que em 2013 tiveram também um concerto festa no Music Box).

Sobre o concerto em si, Zé Pedro Moura no baixo continua em boa forma e faz lembrar que é mais do que um dos DJ’s perenes das últimas décadas da noite lisboeta, bem como Paulo Monteiro na guitarra e Ricardo Martins na bateria. Já o João Peste de 2024 é uma figura frágil, mas que do seu centro imóvel continua a irradiar energia – flores junto ao suporte do microfone ajudam a colorir a fonte sonora que lança ideias mais do que uma voz afinadinha. Como sempre.

Num Lux Frágil bem composto e com boas t-shirts comemorativas a preços democráticos, no passado dia 10 de outubro o mais importante era a celebração daquela malta no ano da Graça de 2024. Difícil não ficar bem disposto quando é assim, e segue-se o alinhamento do disco agora reeditado:

  1. Berlioz;
  2. Rio Line;
  3. Loane & Lyane Noah;
  4. Avanti Marinaio;
  5. Dell’Arte Je M’Enroque;
  6. Latão;
  7. Turin Welisa Strada;
  8. Bladin;
  9. Poli Grama;
  10. Juramento sem Bandeira.

Adicionalmente, ainda apareceram outras, como “A New Identity” do último Transgressio Global, ou a conhecida “Amor é… um Gajo Estranho!”, de Arriba! Avanti. Foi uma celebração, mais um daqueles momentos em que parece que entrámos numa outra dimensão, parecida no espaço e no tempo com uma noite qualquer na Rua de Beneficência de há quase 40 anos atrás, quando a cena musical portuguesa rasgava novos horizontes e as ideias pululavam pelo ar.

Foto: Instagram Lux

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