Patrick Watson no Lisboa ao Vivo: A simplicidade e delicadeza das pequenas coisas da vida

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A ligação de Patrick Watson com o público português é enorme. E há respeito mútuo.

Numa altura de convulsões internas e externas, como a guerra, por vezes esquecemos o silêncio e deixamos as nossas sensibilidades e medos de lado. No domingo de 12 de abril, a magia das pequenas coisas, como a tranquilidade e calma que a rotina diária teima em tirar-nos, foram recordadas por Patrick Watson durante o todo o seu espetáculo no Lisboa ao Vivo (LAV).

O músico canadiano apresentou-se ao piano com outros músicos começando por “Lost With You” e “Dream For Dreaming / Creep”, duas músicas bastante presentes nos últimos anos em vários concertos. Em “Dream For Dreaming / Creep”, a mudança de sonoridade no refrão foi ao som do conhecidíssimo êxito da banda de Thom Yorke.

Antes de “The Wave”, Patrick Watson dirige-se a primeira vez ao público português para agradecer todo o apoio até então e a persistência em continuar a ouvir tudo o que o músico continua a fazer e a produzir.

Do mais recente álbum Ode To Vivian fala-nos da história de Vivian Mayer, uma fotojornalista de rua que fotografava pessoas desconhecidas e paisagens diversas, habitualmente a preto e branco. Vivia em Chicago, mas foi somente após a sua morte que se tornou conhecida através da exibições das suas obras em várias galerias por todo o mundo.

Ao som do contrabaixo nos primeiros acordes, a tão sua beldade e expropriada “To Build a Home”, uma cover belíssima que nos descreve a construção de uma casa metafórica com uma construção de uma vida, de um relacionamento e de um lar emocional entre duas pessoas. De mãos nos bolsos, quase em silêncio e quase a sussurar, “Love Songs for Robots” foi um momento de tranquilidade e leveza confirmado antes por “Melody Noir”.

Como se tratasse de uma viagem, “Places Will Go” recordou-nos os vários lugares em que estivemos durante a pandemia e os lugares que a doença nos permitiu repensar por várias vezes que iriamos de seguida ou no nosso futuro.

Como surpresa nesta deslocação a Portugal, recebemos no palco Gisela João para um momento a dois em “Mermaid in Lisboa”, cantada em português e inglês, e, apesar de alguns percalços na língua de Camões do artista canadiano, podemos afirmar que, com algum treino, poderia cantá-la toda em português. De forma a defender a sua língua materna, surgiu a música da rede social TikTok, “Je Te Laisseral des Mots”, com Watson a mostrar-nos o seu lado mais pessoal.

Patrick Watson contou-nos também a história da sua parceira de palco, Vivian, que trabalhava num café em frente ao seu estúdio e que, um dia, após ouvi-la cantar, convidou-a para cantar no seu espaço – e desde então que o acompanha nas tours. Mediador de um duelo entre o baterista e o público entre sons de pássaros, alguém eleva para outro nível e imita o som de um corvo, com o músico a reagir com um “Tem sempre de existir um corvo, não é verdade?”. Tudo isto antes do single mais conhecido e de longa data, “Big Bird In a Small Cage”, cantado em uníssono por toda a plateia do LAV.

No encore ouvimos “Here Comes The River”, neste caso com Hohnen Ford em palco, a cantora da primeira parte deste concerto, e ouvimos promessas de regresso em breve.

A ligação de Patrick Watson com o público português é enorme e de respeito mútuo. Foi uma noite bem composta e de silêncio respeitador entre o músico canadiano e os que se deslocaram nestes dias para o ouvir, mas principalmente escutar com atenção.

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