Fica a esperança de em breve ser possível novo encontro, quem sabe com uma personagem diferente, num novo mundo de fantasia.
Texto de: Inês Guiomar; Fotos de: Joana César
Esteve em Lisboa para um concerto em tons de rosa pastel, mas, três anos volvidos, o regresso de Melanie Martinez ao Campo Pequeno ficou marcado pela passagem ao quase negro integral. A transformação reflete a mudança artística que representa o caminho de K-12 para Portals, o novo álbum da nova-iorquina, desta vez produzido quase a 100% pela cantora.
A obra foi apresentada em Lisboa no dia 30 de novembro no Sagres Campo Pequeno, repetindo-se as bancadas cheias de jovens e crianças.
Ainda estava Upsahl (artista que abriu o espetáculo) a sair do palco, quando os fãs, impacientes, já gritavam a plenos pulmões “Melanie!!”. Mas a espera havia de ser longa…
Por fim, o último concerto da tour europeia de Martinez abriu com um sussurro, vindo do grande ecrã: “Death is life, is death, is life…” (morte é vida, é morte, é vida…). A plateia acaba presenteada com o primeiro tema da noite – a morte e como a vida é um ciclo – sendo visível no palco o túmulo de Crybaby, a personagem criada no álbum anterior.
É tempo da fada cor-de-rosa “ressuscitar” no cenário, com as suas orelhas decoradas com brincos e a controversa máscara de quatro olhos.
A banda está ao fundo, deixando espaço para os quatro dançarinos e a estrela da noite que Descalça, como habitual, toma conta do palco, decorado como uma peça infantil, apesar da seriedade dos temas que abordará no alinhamento.
Foto: Joana Cesar
Cogumelos, borboletas, asas de fadas, minhocas rosa e dragões, Portals é uma viagem a casas de elfos e a um mundo de fantasia.
Na noite lisboeta, a setlist incluiu somente os sucessos do último álbum, pela exata ordem em que aparecem no mesmo. Aconteceu assim durante toda a tour, sem espaço para Martinez se dirigir ao público.
Algumas baladas depois de “Death” e “Void”, o espetáculo cheio de fumo, adereços e luzes continua com “Battle of the Larynx”, cantada bem alto pelas bancadas que parecem saber todas as letras de cor. Em “Nymphology” surge o primeiro agradecimento à banda e bailarinos, e em “Womb” o agradecimento ao público, mas não sem antes uma explosão de confettis cor-de-rosa invadir a sala.
O encore reservou as três músicas incluídas apenas na edição Deluxe de Portals: “Powder”, “Pluto” e “Milk of the Siren”.
Tal como no resto da tour, a cantora termina o espetáculo com os seus bailarinos a levantar a bandeira da Palestina, a bandeira LGBTQI+ (que apanharam dos sortudos da primeira fila) e a bandeira portuguesa. O espetáculo, que desta vez pareceu ser mesmo cantado ao vivo, chega ao fim com “Free Palestine!”, entoado a plenos pulmões e uma rápida despedida de todos em palco.
Fica a esperança de em breve ser possível novo encontro, quem sabe com uma personagem diferente, num novo mundo de fantasia.