ReMarkable 2 – Review: A experiência de escrita digital que se sente como papel

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Apesar de ser o antecessor do Paper Pro, o ReMarkable 2 continua a destacar-se pela sua qualidade e pela experiência única que oferece, mostrando que ainda tem muito para dar e para surpreender.

Mesmo vivendo numa era cada vez mais digital, escrever à mão continua a ter um papel essencial. Não sou apenas eu a dizê-lo, a própria comunidade científica tem apresentado diversos estudos que demonstram como o simples gesto de escrever com caneta sobre um papel pode trazer benefícios significativos para todo o nosso sistema neurológico.

Isto, no entanto, não significa que devamos desistir da tecnologia. Pelo contrário: hoje temos a sorte de contar com soluções que conseguem unir o melhor dos dois mundos, fortalecendo o cérebro, mas sem abrir mão da praticidade que o digital oferece. É nesta ótica que entram os tablets e-paper, e há uma marca que se destaca neste mercado: a ReMarkable.

Já tive a oportunidade de testar o seu modelo topo de gama, o ReMarkable Paper Pro, e posso dizer que a experiência vale mesmo muito a pena. Mais recentemente recebi o reMarkable 2, que chegou ao mercado antes do Paper Pro, mas que continua a despertar curiosidade entre quem valoriza a escrita digital. E nesta análise vão perceber o porquê.

Como já é típico da ReMarkable, o ReMarkable 2 chegou acompanhado de vários acessórios, todos eles apresentados em caixas minimalistas e elegantes. As letras em branco ou preto, conforme a cor da embalagem, dão imediatamente uma sensação premium e cuidada a cada produto.

Dentro da caixa branca encontrava-se o ReMarkable 2, cuidadosamente protegido por um papel de embrulho. À esquerda estavam as instruções de boas-vindas e, por baixo do e-paper, vinha o cabo de alimentação USB-C, elegantemente embalado numa pequena caixa preta.

O ReMarkable 2 destaca-se imediatamente pelo seu design elegante e minimalista, que me transmite uma sensação de sofisticação como poucos produtos fazem. Ao pegá-lo pela primeira vez, a leveza surpreende, já que pesa apenas 397 g (o que é uma vantagem em comparação com os 526 g do Paper Pro) e as suas dimensões mais compactas, 187 mm por 246 mm, reforçam a sua portabilidade. Já a sua espessura, de apenas 4,7 mm, torna-o extremamente fino e fácil de manusear, enquanto que o Paper Pro tem apenas um milímetro a mais. Essas diferenças de tamanho fazem do ReMarkable 2 um e-paper muito mais portátil e agradável de segurar durante longos períodos, ideal para quem gosta de escrever ou desenhar com o e-paper na mão.

Em relação ao design, é evidente que o ReMarkable 2 foi pensado ao pormenor. Um bom exemplo disso é a sua zona traseira, toda em cinza, com quatro pequenas borrachas nos cantos, que evitam riscos ao pousar o e-paper sobre superfícies (sobretudo quando está sem capa) ou que possa deslizar, assegurando ao mesmo tempo que ele encaixa corretamente tanto na Book Folio, como na Type Folio (que falarei mais à frente). No centro, em letras cinza escuro, encontra-se o logotipo discreto da marca. Do lado direito, destaca-se a aba traseira metálica, que é um dos pormenores que mais gosto no ReMarkable 2, e que infelizmente não está presente no Paper Pro. Na minha opinião, esta aba não só confere um aspeto mais sofisticado ao e-paper, como também ajuda a segurá-lo com mais segurança, evitando toques acidentais na tela. Na parte inferior da aba temos apenas a entrada USB-C para carregamento, enquanto que, na zona superior, está o botão de ligar e desligar. No canto inferior esquerdo, a aba inclui ainda uma ligação dedicada para acoplar a Type Folio, garantindo que tudo se encaixa de forma prática e funcional.

Passando para a zona frontal do reMarkable 2, temos em destaque o seu ecrã, rodeado por uma moldura ligeiramente mais clara, com a aba metálica posicionada do lado esquerdo. O ecrã de 10,3 polegadas acaba por ser ligeiramente menor que as 11,8 polegadas do Paper Pro, o que significa que, quem prefere trabalhar com ecrãs maiores, especialmente para documentos extensos ou desenhos detalhados, pode acabar por achar o Paper Pro mais adequado. No meu caso, porém, considero que o tamanho do ReMarkable 2 é perfeito. A sua dimensão mais compacta torna o e-paper muito fácil de manusear e transportar, e como gosto bastante de ler, sinto que o ReMarkable 2 acaba por ser mais ergonómico, permitindo segurá-lo confortavelmente por longos períodos sem cansar tanto as minhas mãos.

De resto, no Paper Pro o ecrã tende a apresentar um tom mais acinzentado e escuro, enquanto que, no ReMarkable 2, acaba por ser mais branco e luminoso, oferecendo um contraste agradável para escrita e leitura. Por ser monocromático, o dispositivo não suporta cores, mas conta com uma resolução de 1872 x 1404, resultando em 226 ppi. Não é o melhor do mercado, mas é perfeitamente suficiente para ler e escrever com boa definição e contraste. Além disso, conta com a tecnologia Canvas e uma camada Wacom EMR, o que o torna compatível não só com a caneta própria da ReMarkable, mas também com várias outras canetas do mercado. Embora não possua luz frontal, o que dificulta a leitura em ambientes pouco iluminados (algo que o Paper Pro resolve com iluminação ajustável da sua luz frontal), essa ausência contribui para uma experiência de escrita mais natural. A distância entre a ponta da caneta e o traço que aparece no ecrã é praticamente impercetível, o que reforça a sensação de estar a escrever em papel e, para além disso, o reMarkable 2 consegue reproduzir não só a sensação tátil, mas também o som característico da escrita, criando uma experiência tão próxima do papel que facilmente esquecemos que estamos a usar um dispositivo digital.

No que toca ao desempenho, o reMarkable 2 vem equipado com um processador dual-core de 1.2GHz, 1GB de RAM e cerca de 7GB de armazenamento interno disponível para o utilizador. Não são especificações impressionantes quando comparadas com outros dispositivos do género no mercado, mas cumprem perfeitamente o propósito para o qual o dispositivo foi criado. Na prática, a experiência revela-se bastante fluida: o reMarkable 2 responde bem aos comandos e raramente é necessário repetir uma ação para que esta seja executada. Mesmo com todos os PDFs, ePubs e notas que já fui acumulando, o espaço ocupado ronda apenas os 0,88GB, o que mostra que o armazenamento é mais do que suficiente para o uso habitual.

Quanto à autonomia, o reMarkable 2 vem equipado com uma bateria de 3000 mAh, capaz de durar cerca de duas semanas com uma única carga, algo que posso confirmar, demonstrando por isso mesmo a sua excelente eficiência energética. Em modo stand-by, a autonomia pode chegar até 90 dias, diz a marca. Como não o tenho assim há tanto tempo, ainda não consigo constatar esta afirmação, mas sinceramente não me admiraria…

Claro que, ao receber o dispositivo pela primeira vez, o primeiro passo é colocá-lo a carregar. Para isso, basta ligar o cabo USB-C incluído e conectá-lo à corrente – embora o adaptador de parede não venha na caixa. Depois de alguns minutos de carga, basta pressionar o botão de energia e, em poucos segundos, o reMarkable 2 dá-nos as boas-vindas com um ecrã simples e elegante. Em seguida, o dispositivo mostra de forma breve como funciona o refresh do ecrã, explicando a importância deste processo para a tecnologia e-paper. A partir daí, avançamos para a configuração do Wi-Fi, que é compatível tanto com redes de 2.4 GHz como de 5 GHz. O processo é rápido e sem complicações, e assim que a ligação é estabelecida, o reMarkable 2 verifica automaticamente se há atualizações disponíveis, algo que demonstra bem o cuidado que a marca tem em manter os seus dispositivos sempre otimizados e atualizados, mesmo em modelos que já não são os mais recentes.

Durante esta fase inicial, podemos ainda personalizar algumas preferências, como a escolha do idioma e a indicação se escrevemos com a mão direita ou esquerda. Depois, basta associar o reMarkable 2 à nossa conta da marca (que pode ser criada facilmente através do site oficial) e, a partir desse momento, temos acesso imediato ao ecossistema ReMarkable. Com a conta associada, acaba por ser muito fácil transferir e sincronizar ficheiros entre o reMarkable 2 e outros dispositivos. Isto garante que todas as notas, documentos e esboços estão sempre acessíveis, quer estejamos no tablet, no computador, smartphone ou até noutros dispositivos reMarkable. A sincronização entre dispositivos é praticamente instantânea, o que torna a transição de um para o outro extremamente fluida. Posso, por exemplo, estar a escrever ou a ler algo no reMarkable 2 e, ao mudar para o Paper Pro, encontrar tudo exatamente no mesmo ponto, sem precisar de fazer nada. Esta integração perfeita facilita muito o fluxo de trabalho, sobretudo para quem usa ambos os dispositivos em contextos diferentes.

Já no que diz respeito aos formatos dos ficheiros, o reMarkable 2 acaba por revelar-se um pouco limitado, uma vez que, para importar, é possível apenas adicionar ficheiros em PDF ou EPUB, o que significa que não podemos abrir outros formatos de documentos de trabalho ou livros digitais. Já na exportação, os conteúdos podem ser guardados em PDF, SVG ou PNG, o que permite partilhar mais facilmente anotações, desenhos ou documentos editados. Isto significa que podemos, por exemplo, ler e sublinhar relatórios em PDF e criar esboços que, depois, são exportados como imagens em PNG.

Depois de concluída a configuração inicial, chegamos à homepage do reMarkable 2, onde nos deparamos com uma interface extremamente simples e intuitiva, pensada para ser aprendida em poucos minutos. O e-paper corre o sistema Codex, uma versão personalizada do Linux desenvolvida especificamente para garantir fluidez e rapidez no uso. No entanto, o idioma disponível é apenas o inglês, o que pode ser visto como uma limitação para alguns utilizadores. Ainda assim, a experiência não fica comprometida, já que os menus são bastante claros e objetivos, e mesmo quem não domina a língua inglesa consegue facilmente orientar-se e utilizar o reMarkable 2 sem grandes dificuldades.

ReMarkable 2 - menu inicial

Na parte superior da homepage encontramos o ícone do reMarkable no centro e, ao lado, no canto superior direito, o indicador da bateria. Ao fazer um rápido gesto de swipe de cima para baixo nesta zona, é possível visualizar a percentagem de bateria restante e o estado da ligação Wi-Fi. Nesta mesma área encontramos também botões de acesso rápido, como o modo avião e outro dedicado ao screen share, que permite partilhar o conteúdo do reMarkable 2 para o telemóvel ou computador, sempre através da aplicação.

No canto superior esquerdo da homepage temos a opção My Files, que dá acesso a todos os ficheiros armazenados no dispositivo. Logo abaixo, o filtro “Filter By” permite selecionar apenas blocos de notas, PDFs ou e-books, facilitando a visualização de conteúdos específicos. Em seguida, os Favoritos dão acesso rápido a qualquer página, documento ou aba previamente marcada. Por fim, as secções Tags e Integrations permitem organizar conteúdos com etiquetas personalizadas e explorar integrações externas. Entre estas, destaca-se a extensão Read on reMarkable para o Google Chrome, que envia artigos e notícias para o e-paper em PDF, e o complemento para Microsoft Office, que converte documentos do Word ou PowerPoint em PDFs prontos para anotação. Costumo recorrer com frequência à extensão do Chrome, e sinceramente, tornou-se uma ferramenta indispensável no meu dia a dia. Sempre que encontro um artigo interessante enquanto navego, basta um clique para o enviar diretamente para o reMarkable 2. O texto chega automaticamente simplificado, sem anúncios nem distrações, o que transforma completamente a experiência de leitura. Gosto especialmente de poder guardar conteúdos para ler mais tarde, mesmo quando estou offline, como em viagens ou momentos em que quero simplesmente desligar do computador e do smartphone.

Voltando à página principal, encontramos organizados os vários documentos que podemos abrir e ler de forma imediata, sejam eles notas, PDFs ou ePubs. A navegação é simples e rápida, permitindo retomar leituras ou trabalhos exatamente no ponto em que ficaram. Na parte inferior do ecrã surgem ainda dois ícones bastante práticos: a lupa, que facilita a pesquisa dentro do dispositivo, seja por títulos, palavras-chave ou etiquetas; e o botão “+”. Este último é especialmente útil, porque, ao ser pressionado de forma contínua, abre de imediato uma nova nota em branco, dispensando a escolha de templates ou configurações adicionais. Isto é perfeito para quem precisa de registar rapidamente uma ideia ou apontamento, mas não quer perder tempo com menus intermédios.

Se quisermos apagar um ficheiro, basta manter o dedo pressionado sobre ele e, de imediato, surge no cabeçalho do reMarkable 2 um menu com várias opções. A partir daí podemos não só eliminar o documento, mas também renomeá-lo, duplicá-lo ou movê-lo para outra pasta. Este mesmo menu permite ainda partilhar os nossos apontamentos por email, embora apenas nos formatos disponíveis no dispositivo. Ainda assim, a simplicidade do processo torna a gestão dos ficheiros bastante prática e direta.

No que toca à experiência de escrita, a criação de um bloco de notas no reMarkable 2 é altamente personalizável, começando logo pela escolha do template. Aqui, a marca oferece uma vasta biblioteca de opções, algumas incluídas gratuitamente e outras disponíveis através do plano pago. Há desde os modelos mais básicos (como folhas pautadas, quadriculadas ou com margens) até soluções muito específicas para diferentes contextos. Para os que gostam de música, existem partituras para guitarra e piano; para quem trabalha com criatividade, há storyboards prontos a usar; e para quem precisa de organização, encontramos vários tipos de planners semanais, mensais ou diários. Esta variedade é o que torna o reMarkable 2 extremamente versátil, porque permite que possamos adaptar os blocos de notas quer seja para estudar, planear projetos, compor música ou simplesmente estruturar melhor o dia a dia.

É importante ressalvar que existe uma divisão entre templates gratuitos e templates exclusivos do plano pago Connect. Os gratuitos já são mais do que suficientes para a maioria dos utilizadores, cobrindo as necessidades de escrita e organização mais comuns. No entanto, quem assina o plano premium tem acesso a modelos adicionais mais especializados, que podem ser muito úteis para áreas profissionais ou criativas específicas.

ReMarkable 2 - templates

Para escrever, o reMarkable 2 continua a destacar-se como uma das experiências mais próximas do papel que já encontrei num dispositivo digital. O segredo está na textura ligeiramente rugosa do ecrã, que cria a resistência ideal ao deslizar da caneta. Esse atrito subtil, aliado ao som característico da ponta a riscar a superfície, reproduz de forma surpreendentemente fiel a sensação de escrever com lápis em papel verdadeiro.

Para tornar a experiência de escrita ainda mais versátil, o reMarkable 2 dispõe de nove ferramentas, em que cada uma delas reproduz, de forma muito convincente, a textura e o comportamento do instrumento real. Temos a Ballpoint Pen (caneta esferográfica), Fineliner (caneta de ponta fina), Highlighter (marcador de texto), Pencil (lápis), Mechanical Pencil (lapiseira), Calligraphy Pen (caneta caligráfica), Marker (marcador grosso), Shader (sombreador) e Paintbrush (pincel).

Além disso, é possível ajustar a espessura do traço em três níveis distintos (fino, médio e grosso), permitindo uma personalização rápida conforme o tipo de escrita ou desenho que estamos a fazer. É possível também desenhar linhas, quadrados, circunferências e outras formas com grande facilidade, graças à “correção automática”: depois de desenhar, basta manter a ponta da caneta durante alguns segundos sobre o ecrã e o e-paper ajusta o traço, transformando-o numa forma geométrica limpa e precisa. Esta funcionalidade é útil para diagramas, esquemas ou notas que precisam de um visual mais polido, poupando tempo e esforço.

ReMarkable 2 - formas geométricas

As cores que estão disponíveis são o preto, cinzento, branco, azul e vermelho, embora no ecrã e-ink monocromático do reMarkable 2 o resultado se veja apenas em tons de preto e cinza. No entanto, ao exportar os ficheiros para outro dispositivo com ecrã a cores, as cores tornam-se visíveis, o que é útil para quem gosta de destacar ideias, organizar notas por cor ou fazer pequenas ilustrações com mais expressividade.

Um detalhe que não me agrada tanto na experiência de escrita “a cores” no reMarkable 2 é o comportamento do traço enquanto escrevemos. Sempre que começo a escrever, a linha surge inicialmente com uma textura granulada, quase como se estivesse a formar-se aos poucos, e só após um pequeno piscar do ecrã (o típico refresh do e-ink) é que a cor se torna sólida e uniforme. Este processo é subtil, mas acaba por quebrar um pouco a fluidez visual da escrita, especialmente quando se escreve de forma contínua ou rápida. Curiosamente, no Paper Pro nota-se um comportamento semelhante, o que sugere que esta característica está mais relacionada com a forma como o software gere a atualização do ecrã do que com o hardware em si. Não é nada que interfira de forma séria na experiência, mas seria interessante ver esta questão otimizada em futuras atualizações.

Ainda no campo das comparações, e sem grandes surpresas, o Paper Pro sobressai na qualidade de escrita, que considero ligeiramente superior. A sensação de deslizar a caneta e o som produzido replicam de forma mais fiel a experiência de escrever em papel. No Paper Pro, o som aproxima-se bastante ao de uma caneta real, enquanto no reMarkable 2 a escrita tende a assemelhar-se mais ao lápis.

O traço no reMarkable 2 é elegante, mas não tão refinado como no Paper Pro, que oferece também um pouco mais de resistência ao escrever, conferindo uma sensação de maior controlo sobre a escrita. Apesar disso, ambos proporcionam uma experiência a escrever muito agradável, elegante e que mimetiza muito bem a sensação de papel e caneta.

No fim de contas, a escolha acaba por depender das preferências de cada um. Eu, por exemplo, prefiro a escrita no Paper Pro, apreciando a textura e o som mais realista. Já o meu marido, que sente mais a resistência do Paper Pro, acaba por se sentir mais confortável e preferir a suavidade do reMarkable 2.

Quanto ao restante menu, o reMarkable 2 oferece várias ferramentas que tornam a experiência de escrita e edição mais completa e fluida. Podemos, por exemplo, adicionar texto através de um teclado virtual que surge na parte inferior do ecrã, o que é útil quando queremos escrever algo mais formal ou legível sem recorrer à escrita manual.

A função de borracha também é bastante versátil. Podemos optar por apagar uma área específica ou eliminar todo o conteúdo da página de uma só vez. Existe ainda a possibilidade de ajustar a espessura da borracha em três níveis distintos, permitindo maior precisão quando queremos corrigir pequenos detalhes.

Um ponto que considero particularmente prático é o facto de a própria caneta incluir uma borracha física na extremidade oposta. Basta virá-la, como faríamos com um lápis tradicional, e o apagamento é feito de imediato. Assim acaba por não haver interrupções, nem necessidade de recorrer constantemente ao menu.

Outro ícone muito útil é o de seleção, que me permite destacar uma área específica do texto manuscrito e, a partir daí, decidir o que fazer com ela. Posso cortar, copiar e colar esse conteúdo noutro ponto do documento, ou até mesmo arrastá-lo diretamente para reorganizar as minhas notas de forma rápida e intuitiva. Esta ferramenta é especialmente prática quando quero estruturar melhor as ideias, reposicionar esquemas ou simplesmente dar mais ordem a um bloco de notas mais longo.

Além disso, o reMarkable 2 integra uma funcionalidade que considero essencial: a conversão automática da escrita manual em texto digital. Basta selecionar a opção “Convert to text” e, em poucos segundos, o sistema reconhece a caligrafia e transforma-a num texto limpo e formatado, pronto para ser copiado, editado ou enviado por email. O reconhecimento é surpreendentemente preciso, mesmo quando escrevo depressa ou de forma mais solta, garantindo que todas os tipos de letra são corretamente interpretados.

Outros ícones permitem ainda alterar o template dentro do próprio bloco de notas, o que é ótimo para adaptar rapidamente o formato ao tipo de conteúdo que estamos a criar, por exemplo, passar de uma página com linhas para uma quadriculada ou até uma folha de planeamento semanal. Também é possível adicionar novas camadas, o que facilita trabalhar em esboços ou anotações sobrepostas sem comprometer o conteúdo original.

Logo abaixo, as setas de desfazer e refazer tornam-se extremamente úteis, especialmente quando queremos corrigir rapidamente algum traço ou apagar algo sem recorrer à borracha. Já na parte inferior do menu vertical, encontramos uma vista geral de todas as páginas do bloco de notas, o que facilita localizar conteúdos específicos ou navegar entre páginas de forma mais rápida.

Há ainda um ícone em forma de etiqueta que permite criar e gerir tags (embora esta opção esteja disponível apenas para texto convertido, e não para escrita manual). Ainda assim, é uma ferramenta que ajuda imenso na organização, tornando a pesquisa por temas ou tópicos muito mais eficiente, sobretudo em blocos de notas com muito texto.

Outro ícone permite a opção de partilha, em que podemos enviar o documento diretamente por email ou ativar o modo de screen share. Outra função prática é a possibilidade de alternar entre o modo portrait(vertical) e landscape (horizontal), o que dá mais liberdade para adaptar o espaço de escrita ao tipo de tarefa. Se quiser posso, por exemplo, usar o formato horizontal para esquemas, gráficos ou apresentações, e o vertical para anotações mais tradicionais. A transição entre os modos é rápida e fluida, bastando apenas selecionar novamente o formato pretendido para regressar à orientação original.

Passando aos acessórios do reMarkable 2, destaco a caneta Marker Plus, um dos complementos mais importantes do dispositivo, embora não seja compatível com o ecrã do Paper Pro. A Marker Plus é uma caneta muito bem equilibrada, com cerca de 19 gramas, e um peso que se distribui de forma harmoniosa pela mão, tornando a escrita leve e natural, mesmo em longas sessões, revelando-se assim extremamente ergonómica.

O corpo da caneta é todo revestido num material preto ligeiramente rugoso e com uma textura suave, que confere uma boa aderência e um toque premium. No topo, encontramos uma borracha integrada que funciona de forma imediata e intuitiva, tal como nos lápis tradicionais, em que basta virar a caneta e apagar. O logótipo da reMarkable surge gravado de forma discreta, mantendo o design minimalista que caracteriza a mesma.

Na extremidade oposta encontramos a ponta substituível, um dos elementos que mais contribui para a sensação realista de escrita no reMarkable 2. Estas pontas têm uma textura cuidadosamente calibrada para reproduzir a fricção natural do grafite no papel, oferecendo uma resistência subtil que torna o ato de escrever muito mais autêntico. Com o tempo e o uso, especialmente para quem escreve com mais pressão ou usa o dispositivo diariamente, a ponta vai-se desgastando ligeiramente, o que é perfeitamente normal.

A durabilidade varia, mas, de forma geral, as pontas oferecem uma boa longevidade antes de precisarem de ser trocadas. A reMarkable inclui, de origem, um conjunto de nove pontas de substituição com a caneta Marker Plus. A substituição é extremamente simples e pode ser feita em segundos, sem necessidade de recorrer a qualquer ferramenta adicional, já que basta apenas puxar suavemente a ponta antiga e encaixar a nova.

Para acoplar a caneta ao reMarkable 2, basta aproximá-la da lateral direita do dispositivo e, graças ao seu sistema magnético, ela fixa-se de forma rápida e segura. A ligação é bastante sólida, transmitindo confiança durante o uso diário, sem qualquer receio de que a caneta possa cair acidentalmente quando o reMarkable 2 está ser usado ou a ser transportado. Outra grande vantagem da caneta do reMarkable 2 é que não precisa de ser carregada, graças à tecnologia Wacom integrada. Isto significa que a caneta funciona por ressonância eletromagnética (EMR), utilizando a interação entre a ponta e o ecrã para captar pressão, inclinação e movimento sem necessidade de bateria ou cabos. Esta característica não só simplifica o uso diário, eliminando preocupações com a carga, como também torna a caneta versátil: é compatível com outros e-papers que utilizem a mesma tecnologia Wacom, ou seja, ela pode ser usada em diferentes dispositivos.

Esta caneta possui ainda 4096 níveis de pressão e uma latência de apenas 21 milissegundos, o que a torna extremamente precisa e responsiva. Isto significa que cada traço é registado quase instantaneamente no ecrã, sem qualquer atraso visível, mesmo em movimentos rápidos ou em escrita contínua. A sensibilidade à pressão permite que a espessura da linha varie conforme a força exercida pela mão, tal como acontece com uma caneta real ou um lápis, ou seja, quanto mais pressionamos, mais intenso e espesso se torna o traço; quanto mais leve o toque, mais suave e discreta é a marca deixada.

Os restantes acessórios incluídos com o reMarkable 2 são as suas capas, nomeadamente a Type Folio e a Book Folio. Começando pela Book Folio, esta lembra bastante a versão da Book Folio do Paper Pro, mas com dimensões ligeiramente mais compactas de 198 x 246 x 6.6 mm. Além de elegante e funcional, a Book Folio é surpreendentemente leve, pesando apenas cerca de 220 g. Quando combinada com o reMarkable 2, o conjunto total pesa aproximadamente 600 g, mantendo-se extremamente portátil e confortável de manusear.

A capa em si é feita com pele genuína premium, numa tonalidade castanho camel muito elegante (existe também em pele na cor preta), que lhe confere um aspeto sofisticado e cuidado. Na zona frontal, o logotipo da reMarkable surge discretamente gravado, mantendo o design minimalista. A capa abre-se a 360º, permitindo manusear o e-paper sem qualquer limitação.

O seu interior é revestido com um material cinza escuro macio, pensado para proteger o e-paper de riscos e impactos. No centro da aba interior, encontra-se novamente o logotipo da reMarkable em letras cinzentas mais escuras. A zona onde se encaixa o reMarkable 2 tem uma aba plástica lateral esquerda (da mesma cor que o interior macio da capa) que ajuda a fixar o e-paper de forma segura. Juntamente com esta aba existem ainda quatro encaixes nos cantos que se prendem magneticamente às borrachas correspondentes da traseira do dispositivo, garantindo estabilidade e proteção total durante o transporte ou utilização.

Finalmente, com a capa Type Folio temos um acessório realmente bem concebido, que alia, de forma exímia, estética e funcionalidade. Mantendo exatamente as mesmas dimensões da versão Book Folio e com 459g, esta capa, que é compatível com o reMarkable 2 apenas, acaba por ser muito semelhante em termos visuais à Book Folio, sendo que uma das suas diferenças acaba por ser o material em que é feita, neste caso, de pele sintética de alta qualidade e o facto de ter um teclado integrado. A Type Folio está disponível na cor preta (foi a que que recebemos) e também em castanho camel.

Na zona frontal, a capa apresenta apenas o logotipo da reMarkable em relevo, mantendo um visual minimalista e sofisticado. A abertura é de 360º, mas, ao contrário da Book Folio tradicional, o interior não é revestido com material macio, apresentando apenas uma leve textura em cinza escuro. Mantém-se a aba e os quatro encaixes que se ligam magneticamente ao reMarkable 2. No entanto, esta capa acrescenta uma funcionalidade extra: facilmente podemos deslizar para cima o reMarkable 2, transformando-se assim numa verdadeira estante para o e-paper, com teclado integrado. O teclado comunica com o reMarkable 2 através de uma ligação discreta escondida na aba da capa, eliminando a necessidade de cabos ou carregamento adicional. Para mim, esta é uma grande vantagem, especialmente em viagens ou quando trabalho fora de casa: tudo o que preciso levar é o meu reMarkable 2, a caneta e a capa, sem ter de me preocupar com acessórios ou baterias extras.

Outro aspeto interessante é a versatilidade da Type Folio, que pode ser posicionada de duas formas distintas consoante o tipo de tarefa que queremos realizar. Numa das posições, o reMarkable 2 fica mais inclinado, ideal para escrever à mão, desenhar ou tirar notas rápidas, proporcionando um apoio ergonómico semelhante ao de um caderno. É também uma ótima opção para quem gosta de alternar entre a escrita manual e o uso do teclado, permitindo um fluxo de trabalho híbrido muito natural.

Já na segunda posição, a capa pode ser ajustada para um ângulo mais vertical, recriando a experiência de um computador portátil. Assim que é colocado em qualquer uma destas posições o reMarkable 2 muda automaticamente para o modo landscape, que se adapta melhor à escrita de textos longos, revisão de documentos ou tarefas mais intensivas com o teclado. O encaixe magnético garante sempre uma fixação firme e segura, evitando qualquer deslizamento, independentemente da forma como se trabalha.

O teclado em si apresenta um formato mais compacto do que os teclados tradicionais de portáteis. A experiência de digitação é surpreendentemente agradável e natural, muito próxima da que encontramos num portátil de gama média-alta. O key travel de 1,3 mm oferece uma resposta tátil equilibrada e firme o suficiente com as teclas (de tamanho completo e bem espaçadas) a contribuirem para uma escrita fluida, com poucos erros e uma sensação de estabilidade notável para um teclado tão fino.

Está disponível em vários idiomas, como inglês, francês, alemão e espanhol, o que amplia as opções de utilização internacional. No entanto, tal como acontece com a Type Folio do Paper Pro, ainda não existe versão com layout em português, o que pode causar alguma estranheza inicial. É possível adaptar-se usando o teclado espanhol, mas requer um pequeno período de habituação para memorizar a posição dos acentos e caracteres específicos.

Depois de alguns dias de uso, percebi que a adaptação ao teclado se torna progressivamente mais intuitiva e confortável, sobretudo à medida que encontrar os atalhos e a disposição das teclas se torna mais automático. Ainda assim, considero que a Type Folio é um acessório pensado para contextos muito específicos, que no fundo é uma solução prática e pontual mais do que um substituto total do portátil. No meu caso, que passo grande parte do dia a responder a emails e a redigir documentos, o teclado revela-se extremamente útil quando estou fora de casa ou em deslocações, permitindo-me manter a produtividade sem precisar de carregar o computador. Gosto especialmente da leveza e da simplicidade do conjunto, que me deixa escrever rapidamente, rever notas ou fazer pequenas correções de texto sem esforço. No entanto, quando estou em casa e tenho o portátil à disposição, acabo naturalmente por o preferir, sobretudo por questões de ergonomia e velocidade de trabalho. Ainda assim, a Type Folio ajuda a transformar o reMarkable 2 num verdadeiro híbrido entre caderno digital e ferramenta de escrita profissional.

Depois de várias semanas a usar o reMarkable 2, percebi que este dispositivo continua a destacar-se pela sua simplicidade e elegância. É leve, ergonómico e transmite uma sensação de qualidade difícil de encontrar noutros dispositivos. A textura ligeiramente rugosa do ecrã, combinada com a ponta da caneta, cria um atrito muito semelhante ao do papel, tornando a escrita fluida e natural. O som que se ouve ao escrever é quase como o de um lápis real, muito graças à caneta Marker Plus, que é um dos grandes destaques. Muito equilibrada na mão, leve e confortável, traz ainda a vantagem de ter uma borracha integrada no topo, o que facilita o fluxo de trabalho. O facto de não precisar de ser carregada (graças à tecnologia Wacom) é uma enorme mais-valia para quem quer praticidade e autonomia.

As capas complementam o dispositivo de forma exemplar. A Book Folio, feita em pele verdadeira, é elegante, resistente e protege o reMarkable 2 sem acrescentar muito peso. Já a Type Folio acrescenta uma utilidade fundamental: um teclado integrado, fino e leve, que se liga magneticamente ao dispositivo sem necessidade de cabos ou carregamentos. É ideal para alternar entre escrita manual e digital de forma natural, especialmente em viagem.

Comparando com o Paper Pro, este oferece uma escrita com um pouco mais de atrito e um traço mais refinado, mas o reMarkable 2 não lhe fica nada atrás. É uma excelente ferramenta de trabalho, feita para quem valoriza a experiência pura de escrever, sem distrações ou cores exuberantes. Mesmo não sendo perfeito, o reMarkable 2 continua a ser um dos meus companheiros de escrita favoritos. O melhor de tudo é que o podem adquirir por menos de 450€

Recomendado - Echo Boomer

Este dispositivo foi cedido para análise pela reMarkable.

Inês Lopes
Inês Lopes
Dentista nas horas vagas e colaboradora do Echo Boomer no tempo que sobra. Fã de gadgets, livros e tâmaras (não necessariamente por esta ordem), adoro explorar o mundo através da comida e das viagens. Se não me encontrarem a escrever ou a trabalhar, é porque estou confortavelmente instalada no sofá, provavelmente a devorar um novo livro.
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