A vida passa a correr, mas é preciso tempo para comer. E é mesmo isso que o Ramen Station pretende demonstrar.
A história do Ajitama não é difícil de explicar. Os fundadores António Carvalhão e João Azevedo Ferreira viveram no Japão durante um ano e um mês e, quando regressaram, quiseram continuar a aproveitar a saga de comer ramen. Mas na altura, o ramen não era propriamente algo comum.
Daí até começarem a fazer os seus ramen em casa, neste caso com sessões semanais ao sábado na casa de António, num movimento que apelidaram de Supper Club, foi rápido, mas a adesão foi tanta – só para terem noção, a lista de espera chegou a ter 1826 pessoas – que a solução passou por abrir o primeiro Ajitama, no nº36 da Avenida Duque de Loulé, a funcionar desde o início de 2019.
Com o passar do tempo, os fundadores ganharam mais prática na arte de fazer ramen – o caldo demora 36 horas a estar no ponto, mas conseguiram diminuir para 18-20 horas -, o projeto foi crescendo e, com isso, também a equipa ficou maior.
Com algum lucro posto de lado, surgiu então a oportunidade de abrir o mais recente espaço no nº47A da Rua do Alecrim, aberto desde 2022. Em qualquer um dos espaços, a garantia é de um ramen espetacular.
Mas o que é exactamente o ramen? Trata-se de um prato relativamente recente, com cerca de cem anos desde a sua criação e com origem no lamian, sopa chinesa, que gerou um conjunto de descendentes. Assim, o também popular pho, de nacionalidade vietnamita, é uma espécie de primo do ramen. No entanto, a versão japonesa ganhou características próprias, com níveis de perfecionismo elevadíssimos, tendo-se tornado numa verdadeira obsessão – uma em cada quatro refeições no Japão são de ramen.
Porém, os fundadores António Carvalhão e João Azevedo Ferreira sabiam que ainda podiam explorar melhor este conceito do ramen, enveredando por uma espécie de “spin of” do Ajitama, que dá pelo nome de Ramen Station.
O conceito é inspirado no estilo de vida japonês, até porque os japoneses, que passam a vida em estações de metro ou comboio, andam de um lado para o outro e, para se alimentarem, acabam por almoçar ou jantar nos pequenos restaurantes, mas sempre com pouco tempo. Daí o simbolismo do Ramen Station, inspirando-se nas dinâmicas estações de comboios e metros do Japão. Até porque, por mais mexido que seja o dia-a-dia, é imperativo arranjar alguns minutos para aconchegar o estômago.
A ideia é mesmo apostar em algo mais descontraído que o Ajitama, e também mais pequeno, mas mostrando sempre que, com pequenas coisas, é possível criar grandes acontecimentos.
Por isso, não podíamos deixar escapar a oportunidade e lá nos deslocámos à “estação” do Campo Pequeno, a funcionar desde novembro, onde nos pudemos deliciar com as poucas, mas que suficientes opções que o Ramen Station tem para oferecer.
O novo espaço, com uma área de 66 m² distribuída por dois pisos, oferece 33 lugares sentados. No rés do chão, há uma mesa comunitária e balcões junto às janelas, enquanto o piso inferior conta com mesas amovíveis, adaptáveis a diferentes tamanhos de grupos. Para complementar, está prevista uma esplanada com capacidade para 32 lugares, cuja abertura está planeada para muito breve.
O próprio menu está idealizado como se fosse uma viagem, com vários pontos para viajar à tradição japonesa. Por exemplo, podem começar com as Gyozas, que, com a sua massa delicadamente dourada, são estaladiças por fora e macias por dentro, ou então com Edamame, que são grãos de soja crocantes e salgados.
Logo de seguida, e para não perderem muito tempo, têm três opções de Ramen: Amazing Shio (noodle fresco médio, barriga de porco, ovo Ajitama, bamboo marinado e um toque de nori com manteiga), Incredible Miso (noodle fresco grosso, tare de miso branco, barriga de porco, numa opção com três níveis de picante caseiro) e Sublime Vegan (Noodle fresco grosso, espinafres, cogumelos e baby corn, também disponível com três níveis de picante). Aqui, referir que o Sublime vegan leva leite de aveia, e é uma verdadeira maravilha. Quanto ao nível de picante, não é para qualquer um – nós fomos para o nível máximo e tivemos receio de terminar o ramen todo… Portanto dependerá da tolerância de cada um. De resto, a qualidade dos ramens é a mesma que no Ajitama, e não há mesmo que enganar.
Para finalizar, têm mochis em sabores variados (manga/maracujá, chocolate com avelã e framboesa). Entre as bebidas, destaca-se a cerveja artesanal da casa, Underground Biru, infusionada com alga Kombu.
Num mundo ideal, certamente que teríamos uma Ramen Station em cada bairro lisboeta – e, quiçá, noutros pontos do país -, quase como se fosse uma linha de metro de estações de comida, mas, enquanto isso não acontece, podem sempre deliciar-se com esta iguaria em Benfica e no Campo Pequeno. E atenção: estes espaços não aceitam reservas…