Infelizmente não se trata de um metro de superfície…
A mobilidade na região de Coimbra vai mudar muito em breve. O Metrobus vai ligar a cidade a Serpins, Lousã e Miranda do Corvo, com 35 novos veículos elétricos, modernos e seguros, que vão circular num canal exclusivo do antigo ramal ferroviário da Lousã e na área urbana de Coimbra.
Esta “é a solução que vai servir melhor todo este território e as populações”, afirmou em janeiro o ex-Primeiro-Ministro, António Costa, em visita à obra. “Tínhamos 17 frequências de comboio, vamos ter mais de 50 frequências diárias de deslocação da Lousã para Coimbra e, sobretudo, a solução do Metrobus é a solução em que esse sistema se insere de forma mais harmoniosa no tecido urbano da cidade de Coimbra”.
Com uma extensão total da linha de 42 quilómetros, os percursos farão também a ligação aos principais estabelecimentos de ensino e aos espaços de comércio e lazer de cada município.
O sistema Metrobus vai permitir a integração amigável dentro do meio ambiente e o seu espaço urbano, reduzindo os níveis de ruído e melhorando a qualidade do ar. Cada veículo terá capacidade para transportar 135 passageiros, e será acessível a pessoas com mobilidade reduzida, com entrada de nível em todas as portas. O serviço será rápido e fiável, graças à circulação em canal próprio e à prioridade nas intersecções, e à elevada frequência de circulação e informação em tempo real em cada estação.
O sistema resulta de um projeto conjunto das Infraestruturas de Portugal e da Metro do Mondego, e estima-se que vá transportar cerca de 13 milhões de passageiros por ano, evitando a emissão de cerca de 17 mil toneladas de CO2.
De momento, e como planeado, a Metro Mondego está a realizar testes operacionais com o protótipo do Metrobus para verificar a conformidade das especificações definidas para os veículos. Para além destes ensaios, estão previstos testes ao guiamento ótico, sistema que permitirá acostagem de precisão nas estações.
Nas fotos partilhadas pela Metro Mondego, há imagens que são de ir às lágrimas, como aquelas em via única. Aliás, e de acordo com o que diz Tomás Ribeiro, conhecido utilizador do X (antigo Twitter) bastante crítico – e com razão – sobre o estado dos transportes públicos em Portugal, “um BRT em via única e meio rural de montanha é uma absoluta invenção nossa que não existe em mais lado nenhum deste planeta, isto é de tal forma inenarrável que nem tem precedente”.
Infelizmente, e numa altura em que Portugal conseguiu parte do financiamento para a 1ª fase da Linha de Alta Velocidade, o que demonstra que o país parece mesmo determinado em apostar na ferrovia, não deixa de ser caricato surgir um sistema destes, com um nome que claramente induz em erro, até porque falamos apenas de… autocarros – sim, sabemos que, desde o início, o projeto foi apresentado como BRT (Bus Rapid Transit), mas ainda assim…
E com isto, ao invés de termos um metro ligeiro de superfície – cujo projeto, que data de 1994, nunca saiu do papel -, temos uma região a apostar em algo bem diferente.
Fotos: Metro Mondego