Baterias de 10000mAh nos smartphones podem enfrentar obstáculos técnicos e legais

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A tecnologia de silício-carbono promete maior autonomia, mas levanta dúvidas sobre durabilidade, segurança e compatibilidade com as normas internacionais.

Algumas fabricantes asiáticas têm vindo a testar os limites das baterias nos smartphones, apostando em capacidades até há pouco consideradas impraticáveis. Modelos como o Honor X70 ou o OPPO K13, com baterias de 8300mAh e 7000mAh, são agora dois exemplos que levantam questões e se tornaram o centro de discussão sobre capacidades que ultrapassam largamente os padrões atuais do mercado.

Um dos aspetos de destaque destas baterias é o recurso a tecnologia de silício-carbono, que substitui parcialmente o grafite tradicional do ânodo por silício. Este material permite armazenar mais energia no mesmo volume físico, em teoria, até dez vezes mais do que as soluções de iões de lítio convencionais. No entanto, este avanço técnico traz consigo um conjunto de problemas que ainda estão longe de resolvidos.

Um dos principais entraves à adoção em larga escala destas baterias está nas restrições ao transporte aéreo. De acordo com as normas internacionais, qualquer célula com mais de 20Wh passa a ser classificada como mercadoria perigosa, sujeita a requisitos logísticos e legais muito mais exigentes. Por isso, a maioria das grandes marcas mantém-se deliberadamente abaixo desse valor. O Galaxy S25 Ultra, por exemplo, apresenta uma bateria de 19,4Wh, enquanto o iPhone 16 Pro Max e o Pixel 9 Pro XL já se situam nos 17,9Wh e 19,7Wh, respetivamente.

Para contornar esta limitação, alguns fabricantes recorrem a estratégias de design como o uso de duas células independentes (uma abordagem semelhante à da OnePlus) permitindo a divisão da capacidade sem ultrapassar os limites legais por unidade.

Do ponto de vista técnico, o uso de silício puro nos ânodos continua a ser um desafio. A expansão volumétrica durante o carregamento pode atingir até 300%, o que representa um risco real para a integridade física dos componentes internos. A solução mais comum passa pela integração de compostos de silício-carbono, que reduzem a expansão, melhoram a estabilidade estrutural e aumentam a condutividade elétrica, naquele que é um dos pontos fracos do silício isolado.

As estratégias diferem de fabricante para fabricante. Enquanto marcas chinesas priorizam capacidades elevadas como fator distintivo, empresas como a Apple, Samsung e Google mantêm um ritmo mais cauteloso, dando primazia à fiabilidade e ao tempo de vida útil dos dispositivos.

De realçar que mais capacidade não significa necessariamente melhor desempenho a longo prazo. Baterias de 10000mAh podem sofrer degradação significativa em relativamente pouco tempo, enquanto que soluções mais modestas tendem a manter níveis aceitáveis de desempenho durante todo o ciclo de vida do equipamento, que dependendo do fabricante, pode, atualmente, ser prolongado até sete anos com atualizações de software e suporte oficial.

A tecnologia de silício-carbono continua a evoluir, mas permanece assim envolta em incertezas. O equilíbrio entre autonomia, durabilidade e segurança será decisivo nos próximos avanços e poderá determinar o rumo que os grandes fabricantes irão seguir.

Joel Pinto
Joel Pinto
Joel Pinto é profissional de TI há mais de 25 anos, amante de tecnologia e grande fã de entretenimento. Tem como hobbie os desportos ao ar livre e tem na sua família a maior paixão.
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