Uma revolução na cidade.
No âmbito da Nova Linha de Alta Velocidade Porto – Lisboa, a Estação de Porto – Campanhã será objeto de uma intervenção para integrar o novo serviço de alta velocidade e reforçar a sua centralidade, logo na Fase 1 – Porto – Soure da LAV, cujo início de operação se encontra planeado para 2028.
Reconhecendo que a futura estação terá um caráter multimodal agregando várias valências, e constituir-se-á como o centro de um novo polo de atividade social e económica da Cidade do Porto, a IP – Infraestruturas de Portugal e o Município do Porto acordaram conjugar esforços na elaboração de um plano de urbanização que abrange a área da estação e respetiva zona envolvente num total de 155 hectares.
Os estudos urbanísticos foram adjudicados ao gabinete de Joan Busquets,, conceituado urbanista catalão com vasto curriculum em planos de desenvolvimento urbano associados a grandes projetos de infraestruturas ferroviárias.
Na apresentação do Plano de Urbanização de Campanhã, que decorreu hoje, nos Paços do Concelho, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, referiu que tal obra vai “operar uma profunda transformação do espaço urbano, desenvolvendo uma nova centralidade na zona oriental do Porto”, revelando que “o território que circunda a Estação de Campanhã ficará irreconhecível, no médio e longo prazo, em virtude da ampla intervenção urbanística motivada pela linha ferroviária de Alta Velocidade”.
“Apesar dos problemas de coesão social e territorial, Campanhã é a freguesia com mais potencialidades de desenvolvimento da cidade do Porto”, acrescentou. Por isso, este projeto permitirá eliminar barreiras físicas à mobilidade, melhorar as acessibilidades e estabelecer ligações entre áreas verdes. “Tornar-se-á mais atrativa para o investimento público e privado em habitação, em comércio, serviços e start-ups, em iniciativas culturais ou em projetos ambientais”, reconheceu o autarca portuense.
Na intervenção municipal há a assinalar a conclusão do Terminal Intermodal, a requalificação de escolas e equipamentos desportivos, a beneficiação dos bairros municipais, a melhoria da oferta cultural e a ampliação do Parque Oriental. Há ainda a intenção de construir uma esquadra da PSP e um centro de saúde, sem esquecer, conforme lembrou o autarca portuense, “o ambicioso projeto para o antigo Matadouro Industrial, com valências que vão desde a incubação empresarial à criação artística”.
A tudo isto deve ainda acrescentar-se a construção da Ponte D. António Francisco dos Santos, que irá ligar Oliveira do Douro, no lado de Gaia, a Campanhã, no lado do Porto. “Como já tive a oportunidade de referir, vai ser necessário compatibilizar a nova travessia com o projeto da Alta Velocidade, de forma a acautelar os interesses da cidade e de Campanhã”, afirmou o presidente da Câmara.
Por sua vez, e no seu primeiro ato público enquanto ministro das Infraestruturas, João Galamba deixou a garantia de que “vai ser criada cidade à volta da Estação de Campanhã”. “De ambos os lados da linha férrea numa nova centralidade com diferentes usos e serviços, muito para além do mero interface de transportes”, apontou.
Por isso, afirmou João Galamba, “a Estação de Campanhã será intermodal, altamente funcional e cómoda para quem a frequentar”, assegurando, por outro lado, que “o projeto da Alta Velocidade, cuja execução permitirá a requalificação da zona de Campanhã, será a maior transformação na ferrovia, em Portugal, no último século”.
Já o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, Carlos Fernandes, pronunciou-se sobre as linhas orientadoras da alta velocidade, projeto apresentado, em cerimónia pública na Estação de Campanhã, em setembro do ano passado. De recordar que a nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, que pretende ligar as duas principais cidades do país em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, não terá paragens e será construída em três fases, com via dupla e bitola ibérica.
“A Estação de Campanhã vai-se constituir como um dos principais ‘hubs’ ferroviários do país, senão mesmo o principal hub ferroviário do país”, revelou Carlos Fernandes, acrescentando: “Ou seja, 200 estações ficarão ligadas a Campanhã por serviço direto de comboio, sejam para sul, sejam para Norte, sejam para Portugal e sejam para Espanha”.