O tempo de espera prolongado destaca-se como a principal causa de insatisfação.
A pressão sobre as urgências hospitalares tem vindo a intensificar-se, acompanhada por um aumento significativo no número de reclamações apresentadas pelos cidadãos através do Portal da Queixa. Nos últimos seis meses, mais de 300 denúncias foram registadas, todas relacionadas com problemas ocorridos em serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O tempo de espera prolongado destaca-se como a principal causa de insatisfação, representando 44,8% das queixas. Entre as unidades hospitalares mais mencionadas encontram-se os hospitais Beatriz Ângelo, Pedro Hispano e Santa Maria.
A crise que afeta o funcionamento das urgências, transversal a várias regiões do país, reflete problemas estruturais no SNS, agora agravados por circunstâncias recentes. Dados revelam que, apenas na primeira semana de 2025, o número de reclamações aumentou 11% em comparação com o mesmo período do ano anterior, sinalizando uma crescente insatisfação dos utentes. Entre o segundo semestre de 2024 e o início de 2025, foram registadas 331 queixas, todas elas apontando falhas ou dificuldades no acesso a cuidados de saúde em contexto de urgência.
O tempo de espera, que segundo os relatos atinge uma média de seis horas, lidera a lista de motivos de insatisfação, enquanto o mau atendimento surge em segundo lugar, representando 27,9% das denúncias. Outros problemas incluem dificuldades em estabelecer contacto com serviços de apoio (5,4%) e a falta de informações adequadas durante o acompanhamento médico (5,1%). A escassez de profissionais de saúde também foi mencionada, ainda que de forma menos expressiva, representando 1,4% das queixas analisadas.
No que respeita às unidades de saúde mais referenciadas, o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, concentra 7,8% das reclamações registadas, posicionando-se no topo da lista. Seguem-se o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, ambos com 5,8%. Outras unidades também são alvo de críticas, como o Centro Hospitalar e Universitário de São João (3,9%) e o Hospital Garcia de Orta (3,8%).
A situação das urgências hospitalares levará, em breve, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a ser ouvida no Parlamento. O objetivo será esclarecer as recentes dificuldades enfrentadas pelo SNS, bem como discutir a possibilidade de transferir a gestão de alguns serviços para as Misericórdias. O Governo enfrenta pressão crescente para apresentar soluções concretas e restaurar a confiança num sistema que continua a ser crucial para milhares de portugueses.