Quase 4.000 queixas por burlas online foram registadas entre janeiro e maio no Portal da Queixa. Moda, turismo e banca estão entre os setores mais afetados.
Entre janeiro e maio deste ano, o Portal da Queixa recebeu 3.886 reclamações relacionadas com esquemas fraudulentos em ambiente digital, um número que revela uma tendência crescente no panorama do comércio online em Portugal. A maioria das queixas diz respeito a prejuízos sofridos no setor de Compras, Moda e Joalharia, responsável por mais de um quarto das ocorrências reportadas.
De acordo com os dados analisados pelo Portal da Queixa, este setor representa 26,76% das denúncias, seguido pelas áreas de Hotéis, Viagens e Turismo (17,42%) e Internet, Sites e Negócios (12,74%). Estes números demonstram que o fenómeno da fraude digital se estende a vários setores, evidenciando uma vulnerabilidade transversal dos consumidores perante esquemas cada vez mais elaborados.
Também os serviços de Entregas ao Domicílio são frequentemente referidos, reunindo 9,83% das queixas, enquanto o setor de Banca, Pagamentos e Investimentos surge envolvido em 8,62% dos casos reportados.
O perfil dos consumidores mais lesados revela uma maioria feminina (58,13%), sendo a faixa etária dos 35 aos 44 anos a mais afetada, com 26,25% das reclamações. Esta tendência poderá estar relacionada com a exposição frequente a campanhas publicitárias enganosas, frequentemente divulgadas nas redes sociais, onde o apelo visual e a aparente legitimidade das marcas contribuem para enganar os utilizadores.
A distribuição geográfica das queixas mostra uma maior incidência na Área Metropolitana de Lisboa, com 29,62% do total. Seguem-se os distritos do Porto (18,84%) e de Setúbal (10,50%), sugerindo que a densidade populacional e o acesso generalizado à Internet poderão potenciar a exposição a este tipo de esquemas.
Entre os inúmeros relatos submetidos no Portal da Queixa, destacam-se casos de engenharia social, como chamadas telefónicas nas quais os interlocutores se fazem passar por representantes de instituições bancárias. Num desses exemplos, uma consumidora conta ter sido levada a fornecer dados pessoais com o pretexto de emissão de um cartão de crédito da Wizink, apesar de não ser, nem pretender vir a ser, cliente da entidade.
As redes sociais continuam a ser um dos principais veículos para burlas com recurso a publicidade enganosa. Um utilizador denuncia, por exemplo, a compra de um produto anunciado como uma dock station da Samsung que, no fim, acabou por se revelar um conjunto de colunas de som sem qualquer correspondência com o anúncio.