O novo posicionamento do departamento de jogos da Microsoft pretende limitar o uso de inteligência artificial a funções de segurança e moderação, afastando a sua aplicação criativa obrigatória.
Phil Spencer afirmou que a Xbox não tem qualquer política que obrigue os estúdios internos a recorrer à inteligência artificial no desenvolvimento de jogos. O responsável pelo departamento de jogos da Microsoft explicou agora que a tecnologia está a ser usada apenas em tarefas operacionais, sobretudo para reforçar a segurança do Xbox Live e controlar as interações entre jogadores.
Estas afirmações de Spencer foram feitas durante o Paley International Council Summit, realizado na Califórnia, onde explicou a forma como as suas equipas têm usado tecnologias baseadas em inteligência artificial, nomeadamente na moderação de texto e voz nas plataformas da Xbox, garantindo a proteção de contas infantis e a gestão das permissões de comunicação. Spencer acredita que esta aplicação, embora discreta, é essencial para criar ambientes online seguros e supervisionados por responsáveis parentais.
O executivo rejeitou também qualquer imposição de natureza criativa e garantiu que o uso de ferramentas baseadas em inteligência artificial depende inteiramente da vontade de cada equipa. De acordo com Spencer, a experiência mostra que os criadores adotam naturalmente as tecnologias que lhes simplificam o trabalho, e que a pressão executiva nestes casos raramente gera resultados positivos.
Spencer reconhece, no entanto, algum potencial destas tecnologias para apoiar a descoberta de novos conteúdos e personalizar recomendações aos jogadores, mas esclareceu que não existem planos para a usar em processos de produção, apesar de no passado a Microsoft ter apresentado protótipo de ferramentas como a Muse, uma ferramenta generativa capaz de criar pesadelos visuais, com ações interativas, algo que preocupou a industria e a comunidade, que antevê a aplicação destes recursos para a criação de jogos reais.
Resta agora saber, por quanto tempo esta posição se mantém, especialmente numa altura em que a Microsoft tenta recuperar retorno, depois de um investimento pornográfico de 80 mil milhões de dólares na criação de datacenters e de ferramentas dedicados à inteligência artificial ainda em 2025.
