Apesar de tudo o que há de positivo em Persona 5 Tactica, há que admitir que esta experiência podia passar bem sem ser um Persona, muito menos um Persona 5.
Texto por: André Pereira
Caramba, mas afinal quantos jogos de Persona 5 temos? Entre Strikers, Q2 e jogos de bailaricos, a resposta será: Sim. Apenas faltava um jogo táctico, mas será que faltava mesmo? Bem, eu gostei de passar mais tempo com o bando no Strikers e esta seria outra oportunidade, mas quando soube que a história não continuava as aventuras, mas visitava momentos paralelos do passado, a minha excitação passou de quente a morna a fria. Não obstante, o jogo tinha todo o direito a singrar por si mesmo.
Este Persona 5 Tactica leva-nos numa aventura por um mundo peculiar, com legionários e uma ditadora em véspera de casamento. É aí que conhecem a Erina da resistência, um grupo que luta para derrubar a vilã que oprime os habitantes daquele outro mundo. E porque temos de ser os bonzinhos, não podemos dizer não a salvar o dia, ainda por mais quando os nossos camaradas se viram contra nós.
E porque as coisas não podem ser simples, o bando tropeça num político do mundo real que desapareceu recentemente. Caso para dizer que o enredo engrossa.
Persona 5 Tactica deixou os maravilhosos combates por turnos para brincar à estratégia, mas uma estratégia que se aproxima de um Mario + Rabbids, e não de um Fire Emblem. E eu sou bastante esquisito com o género, indo de um “adoro” a um “que aborrecido” muito rapidamente. Mas aqui? Gostei; gostei mesmo. Em parte porque não lidamos com vastos números de unidades anónimas, mas com os nossos protagonistas favoritos, sempre a alternar em grupos de 3, e sem esquecer a Erina.
A mentalidade não é o confronto direto, mas avançar entre coberturas. Quem estiver exposto e for atingido, vai receber dano crítico e conceder um turno adicional ao atacante. Se conseguirmos posicionar as unidades em triângulo e rodear os adversários, vai ser possível executar um ataque especial triplo que danifica ainda mais quem se encontrar nesse espaço.
Apesar de a exploração de elementos são ser fulcral neste jogo, podemos infligir outros estados ou acumular ataques para arremessar os adversários e tirá-los da sua cobertura. Para tal, há que tirar proveito da árvore de habilidades e personalizar a nossa equipa como bem entendermos.
Os Persona, em si, acabam por ser secundários neste jogo, apenas melhorando alguns atributos ou permitindo equipar habilidades extra. Tanto que uma das personagens não os pode equipar nem faz tanta falta. No fim, se acabar por ser muita coisa e para não nos sentirmos assoberbados, podemos optar pelos modos de dificuldade mais baixos e desfrutar apenas da história.
Quanto ao estilo deste jogo, foi um pouco estranho terem optado pela arte chibi, principalmente quando os temas conseguem ser pesados, mas é algo a que nos habituamos nas primeiras horas. E se a arte é um corte radical da aventura principal, a música continua a ser a bandeira da série, com a Lyn a nunca falhar.
Apesar dos pontos mais do que positivos deste jogo, há que admitir que podia passar bem sem ser um Persona, muito menos um Persona 5. Como já mencionei, não segue os fios emocionais do Strikers, ignora a versão Royal, não desenvolve as personagens nem inclui os elementos sociais da praxe. É como se estivessem congeladas no tempo para depois voltarem à aventura principal. Cheira-me que colaram a mitologia deste Persona por ser um dos mais bem sucedidos e vender. Faz sentido, mas também é um golpe baixo. Ainda assim, um golpe baixo bem divertido.
Cópia para análise (PlayStation 5) cedida pela Ecoplay.