Após a Netflix anunciar a compra de parte da Warner Bros, a Paramount faz uma proposta hostil à totalidade do grupo, mesmo depois de seis outras propostas negadas.
No final da semana passada, a Netflix e a Warner Bros. anunciaram que começaram as conversações para iniciar um negócio avaliado em 82,7 mil milhões de dólares, no qual a Netflix iria adquirir os estúdios de televisão, de cinema e de entretenimento (divisão de videojogos) da Warner Bros, a HBO Max e a HBO.
Agora, após ter visto a sua proposta negada seis vezes nas últimas 12 semanas, a Paramount Skydance chegou-se à frente com uma proposta de compra considerada “hostil”, avaliada em 108,4 mil milhões de dólares, negócio esse que visa a aquisição completa da Warner Bros. Discovery – grupo que tem planos para ser separado em 2026.
De acordo com o comunicado da Paramount, esta proposta é dirigida aos acionistas, com uma compra no valor de 30 dólares por ação, algo que a empresa afirma ser um melhor negócio, face aos 27,75 dólares por ação propostos pela Netflix. David Ellison, CEO da Paramount, diz que “os acionistas da WBD merecem a oportunidade de considerar a nossa oferta superior, inteiramente em numerário, pelas suas ações em toda a empresa”, insistindo que a sua alternativa apresentada pela rival expõe o grupo “a um futuro incerto” e a uma aprovação regulatória “particularmente exigente”. Para o executivo, “a nossa oferta pública, que segue os mesmos termos apresentados em privado ao Conselho de Administração da Warner Bros. Discovery, oferece um valor superior e um caminho mais certo e rápido para a conclusão”.
Apesar desta oferta parecer superior, como Ellison defende, os críticos desta abordagem hostil alertam para uma leitura distorcida, ao analisar o volume do pacote em cima da mesa. Ao passo que os 27,75 dólares por ação propostos pela Netflix dizem respeito apenas a uma porção do grupo Warner Bros. – Estúdios de cinema, televisão, entretenimento digital, HBO Max e HBO –, a proposta dos 30 dólares por ação da Paramount inclui ainda redes como a CNN, a TBS, a TNT e o grupo Discovery Global. Numa análise rápida, pode-se concluir que, para a Paramount, tudo o resto vale apenas 2,25 dólares por ação. E diluindo o valor, torna cada uma das parcelas ainda menos valiosa do que na oferta da Netflix.
Tanto uma oferta como a outra não são, para já, sinónimo de sucesso. No seu anúncio oficial, a Netflix compromete-se a pagar 5 mil milhões de dólares à Warner Bros. caso o negócio não avance. A conclusão também se espera que aconteça no final de 2026, após a divisão da Warner Bros. e da Discovery Global, e durante esse processo, tudo será alvo de escrutínio por parte entidades reguladoras norte-americanas e, potencialmente, pela Casa Branca, que até agora não se opôs à proposta da Netflix.
Face a este novo anúncio da Paramount, a Warner Bros. também já teceu os primeiros comentários, afirmando que está a analisar com cuidado esta oferta não solicitada e prometendo uma resposta nos próximos 10 dias úteis. O grupo acrescenta ainda que, por agora, o conselho de administração da WBD “não está a alterar a sua recomendação relativamente ao acordo com a Netflix”.
As críticas a esta proposta da Paramount também são dirigidas à forma de financiamento para a sua concretização, que contará com a ajuda de três fundos soberanos da Arábia Saudita e da Affinity Partners, um fundo de investimento de Jared Kushner – genro do atual presidente norte-americano -, que recentemente também iniciou a aquisição da Electronic Arts.
