Investigadores portugueses desenvolveram pão funcional com óleos essenciais e farinha de bolota para promover a saúde intestinal.
Um grupo de investigadores de várias instituições académicas portuguesas está a desenvolver um novo tipo de pão com propriedades funcionais, concebido para promover a saúde digestiva e o bem-estar intestinal. O projeto, denominado AlBread: Uso de plantas aromáticas do Alentejo e farinha de bolota no desenvolvimento de pão funcional, é coordenado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e integra também as Faculdades de Farmácia (FFUC) e de Medicina (FMUC), bem como as Universidades do Algarve e de Évora.
O objetivo é combinar ingredientes naturais com potencial terapêutico comprovado, dando origem a um alimento com benefícios reais para o sistema gastrointestinal. A investigação centra-se na incorporação de óleos essenciais extraídos de espécies aromáticas e medicinais típicas do Alentejo, como o rosmaninho e a erva-príncipe. Estes compostos estão a ser objeto de estudo para garantir que sejam libertados no momento adequado da digestão, graças a processos tecnológicos de encapsulamento que permitem preservar tanto a eficácia bioativa, como as características sensoriais do pão.
A farinha de bolota, proveniente do Montado alentejano, é outro elemento central deste desenvolvimento. Além de naturalmente isenta de glúten, apresenta propriedades nutricionais consideradas relevantes. Está a ser testada não só como base da massa do pão, mas também como possível matriz de encapsulamento para os compostos bioativos, incluindo probióticos e os próprios óleos essenciais.
Apesar de o produto final ainda se encontrar em fase de desenvolvimento, os primeiros ensaios laboratoriais apontam para resultados positivos, sobretudo nas etapas de extração e encapsulamento dos ingredientes funcionais. Ao mesmo tempo, decorrem também estudos de toxicidade e eficácia conduzidos em colaboração com a FMUC e a FFUC, com vista à avaliação da biodisponibilidade dos compostos e à definição de dosagens seguras para consumo humano.
A equipa prevê apresentar, em breve, um protótipo de pão funcional com propriedades antioxidantes e digestivas, que preserve o sabor e a textura tradicionais, mas com valor acrescentado para a saúde.
O projeto AlBread é financiado pelo programa Promove da Fundação “la Caixa”, em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e com o apoio do BPI. A investigação prolonga-se até 2026.