O OPPO Find X9 Pro é um smartphone topo de gama discreto no exterior e absolutamente extraordinário em tudo o resto.
Depois do lançamento do OPPO Find X9, a marca chinesa chega-nos com uma nova proposta para o topo da sua tabela de smartphones, com o OPPO Find X9 Pro, assumindo-se como um modelo aumentado e com muito mais melhorias do que se poderia esperar, em relação ao modelo base.
A OPPO sempre se tentou distinguir pelo design dos seus equipamentos, apostando em curvas e traseiras que se destacavam da concorrência. No entanto, desde o modelo do ano passado que a marca parece ter regressado a uma abordagem mais clássica, com uma traseira em vidro fosco, que continua presente no Find X9 Pro, mas que já não causa aquele impacto imediato, sobretudo na cor Cinzento Titânio. Enquanto que o Find X8 Pro contava com as margens ligeiramente arredondadas, o Find X9 Pro segue agora a linha das duas grandes referências do mercado, a Samsung e a Apple, ao adotar bordas totalmente planas. Algo que pessoalmente prefiro, já que oferecem melhor ergonomia e tornam o telefone mais seguro na mão.
A nível de design, o Find X9 Pro é mais discreto e elegante que o modelo original, deixando de lado certos excessos estéticos que a marca por vezes adota. O módulo da câmara é agora completamente plano, com o acabamento da mesma cor que a traseira, o que lhe confere um ar muito mais integrado. E tal como no modelo do ano passado, a marca insiste na sua própria interpretação do botão de câmara à la Sony. Na lateral direita temos uma “Quick Key”, que não é um botão físico, mas sim uma área do chassi sensível ao toque. Esta serve para tirar fotos e controlar o zoom deslizando o dedo, um gesto que funciona surpreendentemente bem depois de algum hábito. E, como a OPPO gosta de se aproximar da filosofia da OnePlus (ou será ao contrário?), o Find X9 Pro agora inclui também o Snap Key, que substitui o clássico botão deslizante e dá acesso imediato a funções práticas como gravar vídeo, ajustar luz, abrir a câmara, gerir perfis de som, traduzir instantaneamente, tirar capturas de ecrã, tudo personalizável. Por defeito, abre o AI Mind Space do ColorOS 16, uma espécie de centro de operações onde fica tudo o que copiamos, capturamos ou transferimos. Não me apaixonou, mas admito que pode ser útil para quem vive afogado em conteúdos.
As margens do ecrã, que já tinham vindo a diminuir, desapareceram por completo com o Find X9 Pro. A OPPO alinha-se com as tendências da concorrência e oferece assim um painel totalmente plano. Com as novas bordas, o smartphone apresenta uma ergonomia excelente e, ao contrário de alguns modelos arredondados, não parece querer fugir da mão. O peso ronda os 224g, bastante semelhante aos concorrentes diretos, mas nunca me chegou a cansar durante as semanas de teste. A câmara frontal está perfurada no ecrã e não temos acesso a qualquer reconhecimento facial 3D, mas o sensor de impressões digitais ultrassónico compensa essa ausência, já que é claramente mais rápido e, felizmente, foi colocado mais acima do que é habitual, algo que eu e, sinceramente, qualquer pessoa com dedos normais, já pedíamos há muito tempo.
O seu ecrã é um painel OLED de 6,78 polegadas com taxa variável entre 1Hz e 120Hz e resolução Full HD+. Mas o que realmente impressiona é a moldura, que para além de simétrica é incrivelmente fina. O brilho atinge os 3600 nits e, mesmo em dias de sol muito intenso, notei que é um painel capaz de enfrentar qualquer ambiente. As cores são vivas, os pretos profundos e as certificações Dolby Vision, HDR10+ e HDR Vivid estão todas presentes. Em ambientes escuros, o ecrã pode descer a 1 nit, um pequeno detalhe que torna a utilização noturna muito mais confortável. Há ainda um modo de prevenção de enjoo automático, que me pareceu discreto mas eficaz.
Os altifalantes estéreo cumprem, tal como se espera de um smartphone topo de gama, e apesar de não transformarem a sala num cinema, oferecem um som claro, potente e sem distorções evidentes. Para ver vídeos, séries ou até ouvir música ocasionalmente, são mais do que suficientes. E o suporte a Dolby Atmos ajuda a dar um pouco mais de profundidade à experiência.
De destacar temos também o conjunto de certificações IP66, IP68 e IP69. A diferença entre IP68 e IP69, significa, por exemplo, que o equipamento lida com jatos de água de alta pressão e até água quente, o que é algo pouco frequente em smartphones.

Do lado do Android não há grandes surpresas. O Find X9 Pro chega às mãos dos utilizadores com o ColorOS 16 pré-instalado (Android 16), que não oferece com nada de verdadeiramente especial, mas continua a ser uma das interfaces mais agradáveis do mercado. A apresentação é limpa, as cores discretas e a navegação intuitiva tornam a experiência muito acolhedora, a qual me fez sentir rapidamente “em casa”. Há, claro, aquelas escolhas de interface que me fazem franzir o sobrolho de vez em quando, mas nada que estrague a utilização diária. No geral, tudo corre de forma fluida e consistente.
Como estamos em 2025, seria impossível utilizar o sistema sem tropeçar na omnipresente inteligência artificial. O ColorOS 16 está carregado de ferramentas assistidas por inteligência artificial, desde a edição fotográfica até à transcrição, resumo e tradução. Nada que não esperasse, mas ainda assim útil. A OPPO também deu um empurrão extra na integração da inteligência artificial com funções mais profundas do sistema, como o AI Mind Space, por exemplo, que funciona como um cofre organizado para tudo o que guardamos, desde capturas de ecrã, a ficheiros, a textos copiados, seja o que for. Em teoria, a IA encarrega-se de organizar o conteúdo, com resultados bastante convincentes e em alguns casos bem melhor do que eu conseguiria. O gravador digital foi igualmente reformulado com as transcrições que agora são mais precisas e funcionam tanto para chamadas como para reuniões, entrevistas ou conferências. E o AI Writer, que já existia, está num ponto em que a qualidade do texto deixa de parecer um rascunho. Para completar, há ainda a aplicação O+ Connect, que torna a sincronização com o Windows e macOS muito mais simples.
Passando para o desempenho, não há volta a dar, uma vez que um topo de gama precisa de um processador à altura. E o Find X9 Pro não está equipado por um chip da Qualcomm, mas sim pelo Dimensity 9500 da MediaTek, que já não é de forma alguma aquela alternativa “mais barata” do passado. Aliás, neste momento, a MediaTek é uma séria concorrente da Qualcomm que em muitos benchmarks, passa à frente do Snapdragon 8 Elite Gen 5. Mais surpreendente ainda é que consegue fazer frente o novo Apple A19 Pro quase sem perder terreno. Numa utilização realista real, a verdade é que dificilmente notamos as diferenças subtis, mas a sensação geral é a de um smartphone absolutamente competente. Em aplicações exigentes como jogos, testei títulos como Wild Rift, Genshin Impact, Call of Duty Mobile e Rocket League Sideswipe, todos em modo de 120Hz, e o resultado foi sempre impecável, sem engasgos, aquecimentos estranhos ou quedas de desempenho.
A autonomia do Find X9 Pro foi provavelmente aquilo que mais me impressionou. Estamos perante uma célula de silício-carbono de 7500mAh, que por si só não é algo muito comum num smartphone, em particular para estas dimensões e finura. Numa utilização real, deparei-me que dois dias completos de uso foram muito fáceis de obter. Consegui esticar a carga de uma quarta de manhã até um sábado ao final do dia, um cenário que ainda hoje me custa acreditar, sobretudo porque não andei a poupar nada, com brilho automático, 120Hz sempre ativos, notificações sem filtros, tudo no modo padrão. O difícil vai ser voltar atrás.
E no carregamento, mantém-se a versatilidade que a OPPO já nos habituou, com carregamento sem fios AirVOOC a 50W, suficientemente rápido para ser verdadeiramente prático, e carregamento com fios a 80W, capaz de levar a bateria dos 20 aos 100% em menos de 50 minutos. Não é o mais rápido do mercado, mas quando temos uma bateria de 7500 mAh à disposição, a conversa já é outra.

No ano passado, o Find X8 Pro veio equipado com quatro sensores. num módulo com um design vistoso, mas que nem sempre se traduzia numa vantagem prática. Este ano, com o Find X9 Pro, a marca resolveu simplificar e disponibilizar um módulo que passa a ser quadrado e reduzido a três câmaras. A parceria com a Hasselblad mantém-se, mas ficava a duvida de como a empresa iria passar de quatro para três sensores sem perder versatilidade. A resposta está na lente teleobjetiva. Enquanto que o X8 Pro tinha duas lentes teleobjetiva, o Find X9 Pro tem apenas uma, mas equipada com um sensor de 200MP que faz “sozinho” um trabalho que antes exigia duas lentes distintas. Funciona de forma semelhante à abordagem da Apple com o “zoom de 8x”, utilizando um sensor de grande resolução para simular o equivalente ao zoom ótico. No caso da OPPO, o resultado é um zoom ótico equivalente a 6x, tão eficaz como o do modelo do ano passado.
É interessante ver que, enquanto muitas fabricantes apostam quase tudo na câmara principal, a OPPO não teve qualquer problema em dar protagonismo à lente teleobjetiva. Para ser sincero, acho isso refrescante. A marca percebe que para muitos utilizadores a teleobjetiva é tão ou mais importante do que a lente ultra-angular. E este ano, faz dela o centro das atenções com certificação Hasselblad, um sensor duas vezes maior que o do antecessor e uma abertura f/2.1 que, para uma teleobjetiva, é francamente boa. Junta-se a isto um sistema ótico “flutuante” que permite focar a apenas 10 cm, tornando possível fotografar macro com a teleobjetiva em vez da clássica ultra grande angular. O resultado é um detalhe muito superior ao habitual. E, para quem gosta de exageros técnicos, há até um modo de fotografia em 16K. Um pouco “tecnologia de marketing”, mas divertido de experimentar.
A teleobjetiva é apenas parte de um pacote, onde a câmara principal também recebeu uma boa atualização. Nela encontramos um novo sensor Sony LYT-828 com abertura f/1.5. De acordo com a OPPO, este sensor capta 30% mais de luz do que o modelo anterior, algo que em teoria impressiona, e que na prática entrega excelentes resultados. A marca acrescenta ainda um sensor multi-espectral para melhorar a análise de cores e um motor de processamento, o Lumo Imaging Engine, que otimiza a gama dinâmica, o ruído e o detalhe. Desta forma o sistema promete a produção de imagens de 50MP com a mesma consistência de fotos típicas de 12MP. E, pela primeira vez, o smartphone deixa escolher entre 50, 25 ou 12 MP como resolução padrão. Pequenos detalhes como este, mostram que este ano a marca teve uma abordagem mais madura.
Em boas condições de luz, não há muito a criticar. As fotos são nítidas, com ótimo contraste e cores naturais, sem entrar naquela saturação artificiosa que alguns topos de gama ainda insistem em forçar, e fazendo justiça às alegações da Oppo pela escolha deste sensor. O que mais me agradou, no entanto, foi a consistência entre as três câmaras, e a titulo de exemplo, a lente teleobjetiva está ao mesmo nível da câmara principal. Fica a sensação de que o conjunto trabalha finalmente como um verdadeiro trio, sem discrepâncias óbvias entre lentes. O zoom digital ainda tem aquele aspeto distorcido e pintado quando abusamos dele, e continua longe do nível quase mágico do zoom profissional do Pixel 10 Pro, mas entre 0,5x e 30x o desempenho é excelente.
Na frente, a câmara de 50 MP com lente de 21 mm não faz nada de especial e cumpre perfeitamente o esperado para fotos, videochamadas e retratos ocasionais. Não impressiona, mas também não desilude. Já no vídeo, a OPPO está cada vez mais próxima da referência que continua a ser o Huawei Pura80 Ultra. A estabilização é muito eficaz, eliminando micro vibrações com uma facilidade que não esperava. A imagem é nítida, detalhada e muito estável, e só os utilizadores verdadeiramente exigentes notarão diferenças face aos melhores do mercado. Para completar, o Find X9 Pro grava até 4K a 120 FPS, com suporte para Dolby Vision ou LOG, algo que continua a ser motivo de respeito mesmo num segmento premium saturado.

Bastaram algumas horas de utilização para perceber que com o Find X9 Pro a OPPO deu um passo de gigante. Por detrás de um design discreto, que ainda assim é elegante e muito confortável de utilizar, esconde-se um smartphone extraordinariamente completo. E quando digo completo, refiro-me mesmo a todas as partes, o ecrã, o desempenho, capacidades fotográficas, vídeo, autonomia, o pacote completo. Foi uma surpresa das boas. O OPPO Find X9 Pro é, sem exagero, um dos smartphones com melhor desempenho e mais completo que utilizei este ano, e nem por isso o mais caro, já que se encontra à venda por 1199,99€. O novo módulo de câmara está muito bem equilibrado e oferece excelentes resultados em todas as distâncias focais, algo que nem todos os topos de gama conseguem oferecer. O processador Dimensity 9500 também me impressionou, e não só acompanha os chips da Qualcomm e da Apple, como em certos cenários consegue mesmo superá-los. E, por fim, há a bateria, ter dois dias de utilização real, sem truques, sem poupanças, tudo ativado, é algo que infelizmente ainda é um luxo no final de 2025. Assim, é mesmo fácil afirmar que o OPPO Find X9 Pro é uma verdadeira jóia. Inicialmente, não tinha grandes expectativas, mas que acabou por me conquistar de uma forma inesperada. E quando um smartphone consegue surpreender assim, já ganhou metade da batalha.

Este produto foi cedido para análise pela OPPO
