Nem tudo são rosas reúne 24 flores que revelam a silhueta de uma mulher quando regadas, num gesto artístico de Basílio que sublinha a gravidade da violência doméstica.
O artista português Rui Basílio, cujo trabalho ficámos a conhecer numa ida à Forneria, assinalou o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres com uma criação concebida para tornar visível a dor associada a um crime que continua a marcar o país. A obra surge como resposta direta às 24 mortes registadas desde o início do ano, número que levou o artista a transformar estatísticas em matéria simbólica.
A peça, apresentada com o título Nem tudo são rosas, integra uma pedra central rodeada por 24 rosas, cada uma dedicada a uma vítima. O momento-chave acontece quando as flores são regadas: a água revela a silhueta de uma mulher, metáfora para um sofrimento que tantas vezes permanece oculto até ser exposto.
Basílio reconhece que o impacto dos dados recentes reforçou a necessidade de materializar esta reflexão artística, descrevendo o projeto como uma forma de dar corpo a uma dor que, na sua perspetiva, tende a passar despercebida. Ao revelar a obra, o artista sublinha que a violência doméstica continua a exigir atenção pública constante e lembra que o problema ultrapassa géneros ou perfis específicos.
