Novos horários da Fertagus geram insatisfação. Empresa promete ajustes

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A Fertagus refere que a nova oferta será publicada no dia 17 de janeiro.

Foi no passado dia 15 de dezembro de 2024 que a Fertagus implementou novos horários que incluem um aumento significativo na frequência de comboios para Setúbal e Coina. De acordo com a empresa, esta alteração traduziu-se numa maior disponibilidade de lugares nas ligações ferroviárias entre as duas margens do rio Tejo.

Com o novo horário, a empresa prevê realizar mais 28% de quilómetros anuais, totalizando 3.111.746 quilómetros. Este aumento reflete-se numa maior frequência de comboios e num reforço significativo da capacidade de transporte nos dois sentidos.

Os serviços para Setúbal foram particularmente beneficiados, com uma nova frequência de 20 minutos durante todo o dia, tanto nas horas de ponta como fora delas. Até então, estas frequências eram de 30 minutos nos períodos de maior procura e de 60 minutos nos restantes horários. Esta mudança representa um crescimento de 73% nos lugares disponíveis em dias úteis e de 172% aos fins-de-semana e feriados.

Para Coina, os dias úteis mantêm frequências de 10 minutos nas horas de ponta e de 20 minutos fora deste período. No entanto, aos fins-de-semana e feriados, as novas frequências passam de 30 para 20 minutos.

Estas alterações foram implementadas sem necessidade de aquisição de novos comboios, sendo viabilizadas no âmbito do prolongamento da concessão da Fertagus até 31 de março de 2031, decidido pelo Governo no quadro de medidas para reequilibrar financeiramente o serviço.

Para suportar o aumento da operação, a empresa contratou mais 29 trabalhadores, reforçando as equipas em áreas como condução, manutenção, fiscalização, segurança e atendimento ao público. Mas se isto foi o que a empresa comunicou, a verdade é que, na prática, tem deixado a desejar, tendo em conta as dezenas de queixas que têm sido relatadas nas redes sociais.

Passageiros referem condições desumanas

Nas redes sociais, são dezenas e dezenas os comentários a referirem o mau serviço que a empresa tem vindo a prestar. “Ultimamente estão a falhar em toda a linha, estão literalmente a “andar para trás”. Os comboios estão para lá de cheios, constantemente atrasados/suprimidos. Em Roma-Areeiro estação que inicia, os comboios já saem com pessoas ao monte e sem condições. É uma luta para circular, e entrar/sair é um desafio, muitas vezes forçam-se as portas para se conseguir. Estar a polícia de manhã e alguns colaboradores na plataforma a pedir para as pessoas se espalharem, não resolve porque os comboios já chegam lotados, pelo menos em Corroios. De manhã são as doenças súbitas, e ao final do dia as composições a abarrotar, com gritos de desespero das pessoas que só querem regressar a casa, enquanto são empurradas, muitas maltratadas, mas como não têm outra forma de se deslocar, são obrigadas a suportar um tratamento desumano depois de um dia de trabalho. É uma tristeza ver o declínio de uma empresa que já teve um serviço exemplar, mas que se esqueceu do mais importante: o factor humano! Esperemos que actuem de forma célere e assertiva, porque antecipando cenários, a próxima notícia poderá ser “acidente no comboio da ponte por falta de condições””, “Era óptimo viajar na Fertagus não faz muito tempo mas já parece que foi noutra vida!”, “Recorro à Fertagus – O Comboio da Ponte há 14 anos e nunca vi um serviço tão mal prestado como o que sucede aos dias de hoje. É incrível verificar a incapacidade para se arranjar soluções para esta situação. Pelo contrário, como o serviço estava mau, ainda o conseguiram tornar pior. Como é possível em pleno séc. XXI os comboios circularem completamente lotados e sem condições de segurança, e não haver quem assegure as boas práticas de circular num meio de transporte. A introdução destes novos horários de 20 em 20 minutos beneficiou quem? Para ir para Lisboa é necessário ter um golpe de sorte para conseguir ir sentado (as pessoas até correm tipo jogo da cadeira para se conseguirem sentar – o que é legítimo mas se torna surreal). E ao fim do dia, as pessoas já cansadas depois de cumprirem o seu horário de trabalho, ainda têm de se sujeitar a deixar passar 2 ou por vezes 3 comboios porque chegam à plataforma completamente lotados. Chegaram a ter afixado nas estações que tinham avaliações de 5 estrelas. Agora, em nome da transparência, podiam afixar na mesma a avaliação dada pelos utilizadores do vosso serviço.”, “Transporte de gado. É a única expressão que me ocorre á cabeça. Assim é a experiência atual de viajar no vosso comboio. Sou utilizador desde o início da travessia da ponte, e é muito triste ver vos chegar aqui. E pior. Fazerem-nos passar por isto. Voltem passes a 80 euros PF…”, “Aproveito esta oportunidade para dar nota, pela segunda vez, da situação lastimosa do comboio das 18h13 com destino Setúbal. Quatro carruagens são manifestamente insuficientes! Com a agravante de que sai de Roma-Areeiro, por norma, atrasado. Hoje partiu às 18h20 o que incrementou significativamente o número de passageiros. O comboio partiu cheio de Roma-Areeiro!! Imaginem o caos e a situação miserável das pessoas que entraram ou tentaram entrar nas estações seguintes, antes da ponte. É um autêntico comboio para Auschwitz! É um inferno! Da responsabilidade da Fertagus – O Comboio da Ponte! É efetivamente dramático não terem concorrência e, sobretudo, o Governo ter renovado a concessão por mais 6 anos, imagine-se!”, “Os comboios chegam a Corroios lotados, no Pragal quase ninguém entra. Gera conflitos, gritos e stress entre passageiros. Até a polícia foi reforçada na estação do Pragal. À tarde é a mesma confusão. Quem entra em Sete Rios já está sujeito a ficar em terra. Já há pessoas a apanhar o comboio em sentido contrário para assegurar lugar a caminho de Lisboa. O que implica ter de sair mais cedo de casa para compensar o tempo da viagem para trás e para a frente. Isto é absurdo e triste ver a decadência a que chegou a Fertagus” e “Nem os porcos que são transportados em camiões para o matadouro são transportados da mesma forma e condições que os utentes da Fertagus, nós estamos a ser tratados pior que os animais, isto é quando conseguimos entrar no comboio, aguardemos as novas alterações de horário, talvez seja para piorar mais um pouco, em Campolide chega a não se conseguir entrar em três comboios seguidos” são apenas alguns das dezenas de comentários que encontram facilmente nas redes sociais da Fertagus.

As críticas têm-se multiplicado nas redes sociais e em mensagens dirigidas à Câmara Municipal de Almada. Desde a mudança nos horários, os passageiros que utilizam os comboios que partem de Setúbal relatam dificuldades crescentes, especialmente na estação do Pragal, onde os comboios chegam frequentemente lotados, deixando muitos utentes em terra.

Ciente das queixas dos utilizadores, a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, referiu que é urgente reforçar o número de carruagens para dar conta dos problemas.

“Os constrangimentos que temos notado, e de forma muito intensa, devem-se a uma reformulação no seguimento de uma renovação do contrato de concessão que o Governo fez com a Fertagus. De facto, aumentou a frequência e não temos dúvidas da importância, mas tem um grande inconveniente que é não haver aumento de carruagens”, disse a autarca na passada terça-feira.

Fertagus avalia novo horário e promete alterações se for necessário

Ciente dos vários e negativos relatos, a Fertagus veio publicamente anunciar que tem “acompanhado atentamente a implementação do novo horário comercial” e que está vigilante “à evolução da procura”. “Nesse sentido, informamos que durante esta semana estão a ser efetuadas validações de contagens de passageiros e, se for validada a atual perceção da procura, no dia 20 de janeiro iremos proceder a alterações na afetação dos comboios duplos e simples nos períodos de ponta, no sentido de garantir uma melhor adequação à procura”, refere a Fertagus, dizendo ainda que a “nova oferta será publicada no dia 17 de janeiro no website”.

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