Plano para transformar o IP3 numa autoestrada segue para 2034, com parte das ligações ainda sem calendário definido.
O Governo voltou a pegar no eterno dossiê do IP3 e apresentou, no Entroncamento, o traçado que pretende finalmente transformar a ligação entre Coimbra e Viseu numa via com perfil de autoestrada. O anúncio foi feito pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, que levou o mapa final da solução e um cronograma que coloca o fim das obras no início de 2034, mais de duas décadas depois das datas sucessivamente apontadas ao longo dos últimos governos.
A solução agora assumida resulta do entendimento com as comunidades intermunicipais de Coimbra e Viseu Dão Lafões e envolve um investimento de 502 milhões de euros, repartido por várias fases. A primeira deverá ficar concluída no final de 2027 e a última sete anos depois. Ficam, porém, fora deste calendário duas ligações que os autarcas continuam a reivindicar: a extensão entre Souselas e a A13, no nó de Ceira, e os acessos a Góis, Arganil e Vila Nova de Poiares. O ministro classificou estas ligações como essenciais para a justiça territorial, mas não lhes atribuiu qualquer prazo.
A questão das portagens continua igualmente em suspenso. Pinto Luz voltou a insistir na ideia de que quem utiliza deve contribuir, sublinhando o impacto das isenções aprovadas no Parlamento. Coube à Infraestruturas de Portugal a missão de apresentar o modelo de exploração do futuro IP3, deixando em aberto todas as hipóteses, ou seja, PPP, concessão, cobrança direta ou ausência de portagens. Ainda assim, a forma como o ministro reforçou o princípio que orienta o Executivo deixa claro que a gratuitidade total não é uma expectativa realista.
Entretanto, a estrada segue marcada pelos mesmos problemas que a transformaram numa das vias mais perigosas da rede nacional. O IP3 carrega décadas de promessas falhadas: o IC12 de António Guterres, a Autoestrada do Centro lançada por José Sócrates e os compromissos repetidos por ministros posteriores. Apesar disso, continua a ser o único troço entre Figueira da Foz e Chaves que não dispõe de perfil de autoestrada, mesmo com as obras em curso entre Viseu e Santa Comba Dão, previstas para terminar em 2027.
Resta perceber se desta vez o plano se traduz realmente em obra. Depois de 35 anos de utilização e 25 de promessas, o IP3 continua a travar a fluidez entre Coimbra e Viseu.
