Suspensão eficaz, potência consistente e pneus resistentes fazem da Ninebot F3 Pro uma opção versátil para a cidade.
Quem vive em grandes cidades como Lisboa ou Porto, decerto terá percebido que o mercado das trotinetes elétricas mudou muito nos últimos anos. Antes da pandemia, e neste caso referindo-me à capital portuguesa, a cidade chegou a ter em funcionamento mais de 10(!) operadoras dedicadas a este nicho de micromobilidade, o que era claramente um exagero face à procura registada na altura. Depois veio a pandemia… e o mercado mudou drasticamente, tendo muitas dessas empresas abandonado o país, mesmo após o regresso à normalidade.
Sim, de facto o nicho das trotinetes elétricas mudou imenso nos últimos cinco anos, e não foi apenas para essas empresas, mas também para os próprios consumidores, que passaram a fazer contas à vida e perceber que, afinal, mais valia adquirir uma trotinete própria e deixar esse investimento diluir ao longo do tempo, ao invés de andar constantemente a alugar veículos de outras empresas.
Aqui em Setúbal, onde vivo, já foi um mercado com alguma expressão, mas, atualmente, e tendo o que vou vendo diariamente, vejo mais pessoas com as suas próprias trotinetes, ao invés de andarem nas da Bolt, por exemplo, uma das operadoras que funciona por estes lados.
A verdade é que estes veículos vão ficando cada vez mais robustos a nível de conforto, segurança, durabilidade, software funcional e integração com serviços móveis, tudo para um desempenho cada vez mais perfeito. É aqui que entra a Segway, com a sua Ninebot F3 Pro.
Não sou estranho à marca, devo dizer, uma vez que já experimentei anteriormente a Ninebot KickScooter D18E, que não era uma topo de gama, e a já superior F2 Pro. Portanto, este novo modelo é uma natural evolução da série F2.
E lá está, as primeiras impressões demonstram isso mesmo. Ao tirar a Ninebot F3 Pro da caixa, percebe-se que não estamos perante um modelo de entrada. A estrutura em liga de magnésio não só aparenta ser robusta como é leve, algo raro neste segmento. Não se trata apenas de uma questão de aparência, uma vez que o magnésio oferece maior resistência sem peso extra, resultando numa melhor condução, menos vibração e maior durabilidade a longo prazo.
O sistema de dobragem da Ninebot F3 Pro é outro ponto forte. Ao contrário de muitos modelos que ficam folgados passado pouco tempo, esta trotinete trava firmemente com um fecho duplo e um clique satisfatório. Este ponto é especialmente importante uma vez que não fiquei o maior fã dos outros modelos que experimentei, dado que sempre achei algo “difícil” – ou então era da minha inexperiência – o sistema de dobragem, mas aqui não tive quaisquer problemas. Algo que será bem útil para quem a usa todos os dias e tem de levar o veículo no comboio ou no metro, por exemplo, ainda que tenha de ter alguma força em levar de “atrelado” um veículo que pesa 19.3kg.
Passando para o guiador curvo, este tem um tamanho ergonómico e é ligeiramente mais largo do que o habitual, oferecendo maior estabilidade sem ser incómodo em portas ou elevadores. Já as pegas anti-bacterianas têm uma textura que impede o escorregamento mesmo com mãos suadas. Aqui, a sensação tem extrema importância, notando-se logo que estamos prestes a seguir viagem em algo bem robusto.
Na parte central do guiador têm o ecrã TFT de 2,4 polegadas, apresentando-se com um excelente contraste, fácil de ler mesmo à luz direta do sol – especialmente útil nestes dias. Como seria de esperar, é aqui que têm acesso a informações essenciais como velocidade, nível da bateria, modo ativo, sinais de mudança, conectividade, estado do bloqueio e do motor. É, portanto, uma navegação muito simples e familiar para quem já experimentou outros modelos do género.
Também bem posicionados, mesmo para que outros condutores estejam atentos ao nosso trajeto, estão os sinais de mudança de direção incorporados no guiador, que indicam que vamos mudar de direção, bem como as luzes de travão. Já a luz dianteira é suficientemente forte para andar à noite.
O motor da Ninebot F3 Pro entrega 500 W de potência contínua, com picos acima dos 1.200 W. A potência surge de forma suave, permitindo manter o controlo em qualquer altura do nosso trajeto. Ao arrancar depressa, especialmente em pisos húmidos ou inclinados, a trotinete mantém a aderência graças ao sistema de controlo de tração, uma raridade em modelos abaixo dos 1.000 €. Este sistema impede discretamente o deslizamento das rodas em subidas, tornando as viagens mais seguras em condições imprevisíveis – embora, nessas situações, muito honestamente não recomende que se aventurem muito…
A nível de velocidade máxima anunciada, é de 25 km/h, que a Ninebot F3 Pro alcança facilmente. E que faz com que seja um modelo fora da obrigatoriedade de possuir um seguro de responsabilidade civil.
Mais importante que isso: consegue manter a velocidade nas subidas onde muitas trotinetes perdem força. Aliás, em inclinações de 10 a 15%, não só não abranda, como não é preciso mudar de modo. Este modelo em particular consegue funcionar mesmo com um ângulo de subida de 24%, ou seja, em subidas muito íngremes, esta Ninebot F3 Pro será especialmente útil.
Outro ponto importante é a suspensão hidráulica dianteira, algo que distingue este modelo dos concorrentes. Ao contrário das molas rígidas ou amortecedores plásticos habituais, a Ninebot F3 Pro dá uma resposta firme, mas progressiva, absorvendo eficazmente pequenos solavancos como buracos ou calçadas irregulares. A suspensão traseira em elastómero, embora menos eficiente, ajuda a filtrar os impactos sem perder estabilidade. Ou seja, não torna a viagem excessivamente “leve”, mas alivia o desconforto comum em muitas trotinetes ao final de algum tempo de viagem.
Claro, convém perceber que este sistema foi desenhando para superfícies urbanas, ou seja, para uso citadino, e aí, o desempenho é excelente. Em terra batida ou outro tipo de pisos não posso opinar, pois não me atrevi a experimentar.
Para que tudo isto funcione, não se pode também descorar os pneus. Neste caso, a Ninebot F3 Pro conta com pneus auto-reparáveis de 10 polegadas com camada anti-furo interna – ou seja, os furos são selados instantaneamente, algo extremamente útil caso levem a trotinete para fora de passeios, uma vez que, com tantas outras em curso pelo país, muitos são os parafusos e pregos que vão ficando pelo chão… São também muito estáveis nas curvas, bem como para paragens bruscas, ou seja, não derrapam facilmente.
Aqui, além dos pneus, os travões de disco mecânicos duplos, à frente e atrás, são extremamente importantes, e fazem bem o seu trabalho. Eu, com pouco mais de 80kg, não precisei de exercer praticamente força nenhuma para que a trotinete travasse, e senti uma resposta muito precisa. A minha esposa, com cerca de 51kg, teve uma resposta ainda mais imediata quando precisou de travar durante os nossos testes. Ou seja, condutores que sejam mais pesados – a Ninebot F3 Pro aguenta um máximo de 120 kg – poderão notar um mínimo delay na resposta.
Quanto à bateria de 477Wh, nos nossos testes pudemos comprovar uma autonomia realista de 50 a 55 km em uso misto, com arranques rápidos e subidas ocasionais. Já o modo Eco pode estender a autonomia para cerca de 65 km, mas com perda de velocidade para um máximo de 15 km/h. E sim, se desligarem o Bluetooth ganham também mais alguma autonomia, como seria de esperar. São ótimos valores para quem, por exemplo, vive a cerca de 20 km do local de trabalho, e tem condições para fazer esse caminho de ida e volta de trotinete.
A mais-valia da Ninebot F3 Pro, contudo, é a compatibilidade com uma segunda bateria externa que se fixa lateralmente sem afetar o equilíbrio da trotinete, de acordo com a marca. Ou seja, podem perfeitamente ter convosco um veículo que, graças a duas baterias, consegue uma autonomia na ordem dos 100 km. Fantástico! O único senão é mesmo as seis horas para a bateria ir dos 0 aos 100%.
Não posso terminar sem referir a indispensável app móvel Segway-Ninebot, que, com o seu design limpo e responsivo, permite personalizar quase todas as definições da Ninebot F3 Pro: intensidade da travagem , sensibilidade do acelerador, atualizações de firmware, bloqueio remoto e estatísticas detalhadas de uso.
Outro ponto importante é a integração com o Apple Find My, funcional sem custos adicionais. Em caso de roubo, a trotinete pode ser localizada através do ecossistema Apple.
No fim do dia, não posso não recomendar a Ninebot F3 Pro. As melhorias são significativas face à F2 Pro, pelo que, se conseguem deslocar-se de trotinete para o trabalho, ou no dia-a-dia, e têm algumas subidas íngremes pelo caminho, esta trotinete promete ser o modelo indicado para todos esses casos.
Podem adquirir a Ninebot F3 Pro através do site oficial por 649€.
Este produto foi cedido para análise pela Segway.