Lina Khan, ex-presidente da FTC, acusa a empresa de consolidar poder e “prejudicar jogadores e criadores” desde a compra da Activision Blizzard.
O recente aumento de preços do Xbox Game Pass reacendeu críticas à Microsoft por parte de Lina Khan, ex-presidente da Federal Trade Commission (FTC), que liderou a tentativa de bloquear a compra da Activision Blizzard em 2023. Numa publicação nas redes sociais, Khan afirmou que a aquisição “foi seguida por aumentos significativos de preços e despedimentos, prejudicando tanto jogadores como criadores”.
O comentário surge poucos dias depois de a Microsoft anunciar uma subida de substancial no preço do Xbox Game Pass Ultimate, que passa a custar 26,99€ por mês, dos anteriores 17,99€ por mês – enquanto que as restantes modalidades sofrem outras alterações, como a adição de benefícios, novos nomes e no caso do novo Essential (anteriormente Core), com um aumento de preço para 8,99€ por mês.
Khan recordou ainda que, durante o processo judicial que tentou travar a fusão, a Microsoft tinha assegurado que a compra da Activision Blizzard “não resultaria em aumentos de preços” nos serviços da marca. “Como vemos em vários setores, a consolidação do mercado e o aumento de preços andam frequentemente de mãos dadas. Quando as empresas se tornam demasiado grandes para se preocuparem, as consequências recaem sobre os consumidores”, escreveu.
Este comentário retoma uma crítica antiga da FTC, a de que a fusão, avaliada em 68,7 mil milhões de dólares, reduziria a concorrência e criaria riscos de monopólio no mercado de videojogos. Apesar das objeções, a operação foi concluída em outubro de 2023, após o Tribunal do Norte da Califórnia negar o pedido de injunção da Comissão. A última tentativa de recurso foi rejeitada em maio de 2025, levando à desistência definitiva do processo.
Desde então, o impacto interno tem sido significativo. A Microsoft realizou vários cortes de pessoal nas divisões de jogos, com milhares de despedimentos na Activision Blizzard, Xbox e estúdios associados, para além do encerramento de equipas como a The Initiative e o cancelamento de projetos em desenvolvimento. Paralelamente, a empresa aumentou também o preço das consolas Xbox nos Estados Unidos da América.
Apesar das críticas, a Microsoft continua a afirmar que o Xbox Game Pass continua a ser “um negócio lucrativo”. Em declarações recentes, Sarah Bond, presidente da Xbox, revelou que o serviço gerou 5 mil milhões de dólares em receitas no último exercício fiscal, acrescentando que “à medida que mais criadores se juntam ao Game Pass, os pagamentos aos estúdios também aumentam”.
As declarações de Khan, afastada da presidência da FTC em janeiro de 2025, já não têm efeito regulatório, mas voltam a colocar em causa o impacto real da maior fusão da história da indústria dos videojogos e reforçam a perceção de que, dois anos depois, o “acordo histórico” está longe de beneficiar os consumidores.