Mario Kart World – Review: Um novo mundo

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Seja pela sua acessibilidade, profundidade escondida ou pela vontade de explorar cada curva do mapa, Mario Kart World é uma aposta divertida e uma surpresa refrescante para o início de uma nova geração de jogos da Nintendo.

Mario Kart World, a sequela de Mario Kart 8, é o primeiro grande exclusivo da Nintendo Switch 2, a mais recente consola da Nintendo que representa o culminar de conceitos e ideias de um longo legado em hardware, agora com mais capacidades e um potencial muito interessante para o futuro dos jogos portáteis. Inicialmente concebido para a Nintendo Switch original, Mario Kart World revelou-se, segundo os produtores, um jogo demasiado ambicioso – em parte pelos seus visuais melhorados, que exploram as capacidades da nova máquina da Nintendo (com resoluções alvo até 4K na TV e 1080p em modo portátil, a 60FPS), e também pela sua escala, pois, como o nome sugere, Mario e companhia aceleram, pela primeira vez, num mundo aberto.

Admito que a série Mario Kart sempre me passou um pouco ao lado. Passei horas a jogar com amigos nas suas consolas, mas pessoalmente nunca o cheguei a adquirir. A sua natureza arcade e a simplicidade satisfaziam-me nesses momentos sociais, mas o jogo não continha a profundidade de desafios que eu considerasse interessantes para investir o meu tempo. Uma qualidade – que não é, de todo, negativa – também presente noutros kart racers e, até, em jogos de corridas mais antigos.

Mas Mario Kart World atraiu-me de uma forma como nunca antes um jogo da série o tinha feito. Primeiro, porque surge como “jogo rainha” de uma nova peça entusiasmante de hardware, e segundo, porque apesar de cliché e cansativo noutros géneros, um Mario Kart em ambiente aberto soa a algo muito emocionante, mas também muito curioso. Jogos de mundo aberto tendem a perder algumas qualidades que tornam experiências lineares mais únicas, memoráveis e polidas. Felizmente, o fator Nintendo e uma equipa de produtores e artistas com uma visão sólida são a receita para o sucesso – e Mario Kart World fá-lo muito bem, ainda que com espaço para melhorar, especialmente no que toca a mais desafios.

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Mario Kart World (Nintendo)

Mario Kart World é, no geral, um jogo simples e acessível, que preserva muito bem a identidade da série e aquilo que é expectável de um Mario Kart: uma seleção de personagens adoráveis e divertidas do universo Mario, com dezenas de veículos a condizer; uma seleção curada de pistas desenhadas meticulosamente para oferecerem desafio e espetáculo; e modos de jogo onde se destacam os Grand Prix e os modos multijogador.

A simplicidade do seu conteúdo traduz-se na sua experiência em jogo, nomeadamente nas mecânicas de condução divertidas: carrega-se num botão para acelerar, no gatilho direito para fazer drift e ganhar boost, e no gatilho esquerdo para disparar. Uma jogabilidade tão simples que miúdos e graúdos não terão problema em aprender o básico numa volta e, ao fim de alguns minutos, tornarem-se os reis da pista.

Mario Kart World não altera nada de muito fundamental face ao seu antecessor. Opta, sim, por expandir a experiência, mas preservando todas as suas mecânicas, que acabam por ter um novo ar graças às fantásticas animações das 24 personagens e adversários no ecrã, que reagem dinamicamente à corrida e aos momentos de interação – como, por exemplo, quando levam com ataques.

O grande destaque vai, obviamente, para o mundo aberto – um elemento que aumenta drasticamente a escala desta experiência e abre portas muito interessantes, especialmente para quem gosta de explorar. No anúncio do jogo, mesmo em tom de brincadeira, Mario Kart World foi rapidamente comparado a Forza Horizon, o spin-off de mundo aberto de Forza Motorsport. Uma comparação que, ainda que feita com leveza, me deixou com algumas expectativas, e até preocupações, quanto à abordagem do jogo.

Como dizia acima, a transição de experiências mais lineares para mundos abertos faz-se com algumas concessões. Forza Horizon é um exemplo perfeito disso: ao sairmos de circuitos desenhados com muito cuidado e elementos únicos, tudo acaba por se espalhar e diluir em zonas mais genéricas, perdendo aquele efeito memorável das pistas isoladas. No caso de Mario Kart World, isso não é tão prevalente, porque se sente que a prioridade foi dada à criação das pistas – que foram depois colocadas num mapa, em zonas e biomas distintos, com entradas e saídas orgânicas.

Tudo isso é aplicado com fluidez através de estradas, caminhos e até campos vastos que interligam essas pistas. Isto estende-se também aos modos de jogo, como o Grand Prix, onde ao terminar uma pista, a corrida seguinte continua pelo traçado até à próxima. Ou pelo novo e entusiasmante modo de eliminatórias, que adota um formato contínuo, à medida que os jogadores vão ficando para trás.

Mas um mundo aberto só é interessante se tiver atividades e descobertas – e disso Mario Kart World não carece, ainda que pudessem existir em maior quantidade e diversidade. Durante a exploração, encontramos botões azuis, os chamados P Switches, que iniciam pequenas missões contra o tempo, como corridas rápidas ou apanha de moedas azuis. Estes desafios são difíceis e muito divertidos – e uma das partes mais giras de descobrir no mapa.

Temos também os ? Panels, painéis secretos espalhados pelo mapa; as Peach Medallions, que são colecionáveis; moedas que se acumulam e desbloqueiam novos veículos; e sacos de comida que mudam o aspeto das personagens e desbloqueiam novos fatos na primeira vez que os apanhamos – sendo estes últimos também encontrados durante as corridas.

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Mario Kart World (Nintendo)

Quer em corridas, quer na exploração, os jogadores podem também usar duas mecânicas interessantes: uma de rebobinar o tempo, para repetir alguns segundos de jogo em caso de erro – mas atenção, só afeta o jogador, não o mundo em redor –, e um simples, mas divertido, modo de fotografia, para captar os melhores momentos a solo ou com amigos, em jogo ou em repetições.

Mario Kart World apresenta, assim, uma profundidade mecânica e de conteúdo muito mais interessante e apelativa do que aquilo que me lembro de jogos anteriores. Consequentemente, torna Mario Kart muito mais divertido para mim. A sua jogabilidade simples aprofunda-se com mecânicas escondidas de turbos, saltos e corridas entre paredes que exigem algum treino para serem dominadas, e que podem também ser úteis para explorar todos os cantos do mapa. De certa forma, Mario Kart World acaba até por se aproximar da ideia de um Mario Kart com influências de Super Mario Odyssey.

Apesar de Mario Kart World ser, por mérito próprio, um excelente jogo e de ótimo aspeto em movimento, pode não apresentar a qualidade visual de um jogo de “nova geração” na Nintendo. No entanto, como referi na minha análise à nova consola Nintendo Switch 2, não são os visuais – ainda que sólidos e com uma fantástica direção de arte – que definem esta experiência. É, sim, um conjunto do que acontece “debaixo do capot” da consola para permitir correr Mario Kart World a altas resoluções, com uma taxa de frames constante e uma imagem clara – no contexto da sua escala –, algo impossível na consola anterior.

Para além disso, Mario Kart World é também um dos poucos jogos – e o único grande exclusivo disponível – na Nintendo Switch 2 nesta sua janela de lançamento, tornando-o automaticamente num título essencial.

Mario Kart World é, assim, uma evolução ainda que cautelosa, mas confiante da fórmula clássica. Traz consigo todas as qualidades que tornaram a série numa referência para o género, ao mesmo tempo que arrisca o suficiente com a introdução de um mundo aberto, oferecendo uma nova camada de liberdade e exploração que ainda tinha existido. É, também, um jogo que se sente simultaneamente acessível e profundo, fácil de entrar e, em alguns casos, difícil de dominar.

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Cópia para análise cedida pela Nintendo Portugal.

David Fialho
David Fialhohttps://echoboomer.pt/
Licenciado em Comunicação e Multimédia, considero-me um apaixonado por tecnologias e novas formas de entretenimento. Sou editor de tecnologia e entretenimento no Echo Boomer, com um foco especial na área dos videojogos.
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