O MACAM nasce da vontade do colecionador Armando Martins em tornar acessível ao público a sua coleção privada, que reúne mais de 600 obras desde o final do século XIX até à atualidade.
Lisboa recebe, no próximo dia 22 de março, um novo espaço cultural, que conjuga o Museu de Arte Contemporânea Armando Martins e um hotel de cinco estrelas, naquela que é uma proposta inédita em Portugal e na Europa. Situado no Palácio Condes da Ribeira Grande, na Rua da Junqueira, entre Alcântara e Belém, o MACAM resulta de uma profunda reabilitação arquitetónica liderada pelo estúdio MetroUrbe. O objetivo foi preservar elementos históricos do edifício do século XVIII, ao mesmo tempo que se integrou uma extensão moderna para acolher exposições temporárias. A nova ala já recebeu reconhecimento internacional, vencendo um prémio nos Surface Design Awards, em Londres, graças à sua fachada revestida por azulejos tridimensionais concebidos pela artista Maria Ana Vasco Costa.
O MACAM nasce da vontade do colecionador Armando Martins em tornar acessível ao público a sua coleção privada, que reúne mais de 600 obras desde o final do século XIX até à atualidade. A data de inauguração assinala um marco pessoal para o fundador, coincidindo com o aniversário da aquisição da sua primeira peça de arte, em 22 de março de 1974. O espaço funcionará sob o conceito The House of Private Collections, permitindo que outros colecionadores possam expor as suas obras.
A coleção permanente, com curadoria de Adelaide Ginga e Carolina Quintela, será apresentada no piso térreo do palácio sob o título Uma Coleção a Dois Tempos. A exposição reúne obras de arte moderna e contemporânea de figuras proeminentes como Amadeo de Sousa Cardozo, Paula Rego, Júlio Pomar, Vieira da Silva, Marina Abramović e Olafur Eliasson, entre muitos outros. O acesso ao MACAM faz-se por uma entrada principal partilhada, onde os visitantes podem dirigir-se à bilheteira do museu, localizada à direita, ou à receção do hotel, situada à esquerda.
Além da coleção permanente, o MACAM inaugura com duas exposições temporárias. O Antropoceno: Em Busca de um Novo Humano?, com curadoria de Adelaide Ginga, analisa o impacto da atividade humana no planeta, abordando a crise climática, a ética ambiental e a necessidade de um futuro sustentável. A exposição divide-se em três secções temáticas, explorando a posição do ser humano no cosmos, a sua influência sobre o ambiente e a urgência de preservar a natureza. A segunda mostra, Guerra: Realidade, Mito e Ficção, de Adelaide Ginga e Carolina Quintela, reflete sobre a fragilidade da vida e os desafios geopolíticos contemporâneos, promovendo um debate sobre a guerra através da arte.
O programa do MACAM inclui ainda o MURMUR, um projeto que desafia artistas emergentes a desenvolver obras específicas para o espaço do museu. A primeira edição conta com Marion Mounic, cuja instalação Harem evoca a memória e resistência feminina. A componente artística estende-se ao hotel, onde cada um dos 64 quartos e áreas comuns exibe peças da coleção MACAM. O espaço também integra a Biblioteca Sala D. João da Câmara, em homenagem ao primeiro português nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, que ali residiu.
No restaurante Contemporâneo e no MACAM Café, a gastronomia portuguesa surge reinventada com inspiração nas obras em exposição, sob a curadoria do chef responsável, que procura estabelecer um diálogo entre arte e culinária através de sabores inovadores. Além disso, o complexo dispõe de um auditório para eventos culturais e uma loja com edições exclusivas de marcas nacionais. Um dos destaques do projeto é a capela do século XVIII, agora convertida no ÀCapela – Live Arts Bar, onde decorrerão performances, concertos e sessões de poesia ao longo do ano.
A inauguração do MACAM decorrerá durante três dias, de 22 a 24 de março, com entrada gratuita entre as 10h e as 19h. O evento contará com performances, atividades educativas e visitas comentadas às exposições, promovendo um encontro entre arte e público num dos mais inovadores espaços culturais de Lisboa.