O município algarvio de Loulé é o primeiro do país a ser reconhecido pela UNESCO pela sua capacidade de resposta a tsunamis e riscos costeiros.
O concelho de Loulé tornou-se o primeiro em Portugal a obter a certificação Tsunami Ready da UNESCO, distinção que reconhece comunidades com elevados níveis de preparação para riscos associados a tsunamis e fenómenos marítimos extremos. A entrega oficial da chancela marcou o ponto alto de uma visita de dois dias de representantes da UNESCO ao município, no âmbito do projeto CoastWAVE 2.0, uma iniciativa da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da organização, financiada pela União Europeia, que visa reforçar a resiliência e a capacidade de resposta das zonas costeiras do Atlântico e do Mediterrâneo.
Com uma faixa litoral de 14 quilómetros, abrangendo as freguesias de Quarteira e Almancil, Loulé integra agora um grupo restrito de cerca de uma centena de comunidades em todo o mundo reconhecidas por estarem preparadas para enfrentar o risco de tsunami. Para alcançar este estatuto, o município teve de cumprir 12 indicadores definidos pela UNESCO, estruturados em três pilares: avaliação do risco, preparação e capacidade de resposta.
Na vertente da avaliação do risco, foram elaborados mapas de inundação com base numa altura de onda estimada de 15 metros, identificando populações e infraestruturas situadas em zonas potencialmente afetadas. No plano da preparação, o município desenvolveu mapas e rotas de evacuação devidamente sinalizadas, com 13 pontos de encontro em Quarteira e 11 em Almancil, além de mais de 300 placas informativas. Os trabalhos de campo começaram em 2020 e prosseguiram mesmo durante o período de pandemia, tendo a sinalização de Quarteira sido inaugurada no início de 2024.
A sensibilização da população foi um dos aspetos mais valorizados. Loulé ultrapassou as metas da UNESCO, promovendo 26 sessões informativas sobre risco e resiliência que envolveram mais de mil pessoas, muito acima das três atividades anuais recomendadas. Paralelamente, foi criada uma aplicação móvel da Proteção Civil que permite localizar os pontos seguros e planear rotas de evacuação através do Google Maps. As ações estenderam-se a escolas, hotéis, empresas municipais e equipamentos públicos.
Os simulacros também assumiram um papel essencial. No Dia Mundial da Sensibilização para o Risco de Tsunami, em novembro de 2024, realizou-se um exercício na Escola D. Dinis, em Quarteira, o único estabelecimento escolar em zona de inundação. Nesse mesmo âmbito, foram instaladas sete torres sonoras equipadas com sirenes de alerta precoce, capazes de emitir avisos de tsunami, ondulação forte ou calor extremo, localizadas em áreas estratégicas como a Marina de Vilamoura e o Calçadão de Quarteira.
Em paralelo, está em fase final a instalação de câmaras integradas no programa MEO BeachCam, destinadas a monitorizar em tempo real a presença de pessoas junto à linha de costa em situações de risco. O Plano de Emergência Municipal foi igualmente reforçado, e todos os operadores e técnicos da Proteção Civil receberam formação específica para a gestão de operações durante e após uma catástrofe.
O projeto CoastWAVE 2.0 envolve sete países – Portugal, Espanha, Marrocos, França, Itália, Egito e Turquia – e, no caso português, apenas Loulé e Cascais integram a rede.
Foto: CM Loulé
