A partir daqui esperam-se melhorias na sala de espetáculos e, quem sabe, bilhetes mais baratos para os concertos.
Abril do ano passado foi um ano interessante no que toca a aquisições de empresas portuguesas ou com operações em Portugal. Por exemplo, ficámos a saber que a FNAC iria adquirir o negócio da MediaMarkt em Portugal, algo que se confirmou em setembro do mesmo ano, após o aval do Conselho de Administração da Autoridade da Concorrência.
Foi também em abril do ano passado que uma outra notícia chocou os portugueses: a Live Nation preparava-se para comprar a promotora Ritmos & Blues e a dona da MEO Arena, a Arena Atlântico. Na altura, ficámos a saber que a Live Nation Entertainment ia, portanto, não só adquirir uma posição de controlo da Ritmos & Blues, promotora portuguesa fundada por Nuno Braamcamp e Álvaro Ramos nos anos 90, como também passaria a controlar indiretamente a Arena Atlântico, dona da MEO Arena.
Na altura, fonte oficial da MEO Arena confirmava que a “Live Nation Entertainment celebrou um acordo para adquirir uma participação maioritária na Altice Arena em Lisboa, Portugal”.
“As operações diárias na Altice Arena continuarão a ser lideradas pela sua equipa de gestão e pelos funcionários da Arena. Espera-se que a operação seja concluída logo que finalizados os procedimentos normais neste tipo de transação, incluindo a aprovação da Autoridade da Concorrência portuguesa. A aquisição de uma participação maioritária na Ritmos & Blues, um dos atuais acionistas da Altice Arena, foi parte integrante do acordo global”, disse ainda a mesma fonte.
Como seria de esperar, esta aquisição teria de ser aprovada pela AdC, que deu agora luz verde ao negócio.
No decurso da sua investigação, a AdC identificou possíveis riscos concorrenciais relacionados com a operação, nomeadamente no acesso à Altice Arena por parte de promotores concorrentes e no mercado de bilhética. Entre os principais receios destacaram-se a possibilidade de a Live Nation utilizar informações comerciais sensíveis de empresas concorrentes, a adoção de políticas de reserva ou de preços que pudessem limitar o acesso à Altice Arena por outros promotores, e potenciais barreiras ao acesso de artistas internacionais ao mercado português. Relativamente a esta última questão, a AdC concluiu que a entrada direta da LNE como promotora, utilizando artistas e tournées internacionais da sua rede, seria previsível no contexto do seu modelo de negócios integrado, independentemente da operação em análise.
Para dar resposta às restantes preocupações identificadas, a Live Nation comprometeu-se a implementar medidas destinadas a garantir condições equitativas para todos os intervenientes do setor. Entre as medidas destacam-se a redução imediata dos preços de acesso à Altice Arena, o congelamento desses preços por um período de cinco anos e a obrigatoriedade de validação de alterações futuras por um Mandatário de Monitorização. A empresa assegurou também que todos os promotores teriam acesso ao recinto em condições justas e não discriminatórias, com um limite estabelecido para a utilização do espaço pela própria LNE e pela Ritmos & Blues.
Foi igualmente garantida a liberdade de escolha no mercado de bilhética, de modo a permitir que os promotores utilizem qualquer operador, sem imposição de taxas adicionais além das previstas numa política de preços transparente. Adicionalmente, a Live Nation implementará medidas rigorosas para proteger informações comerciais sensíveis de terceiros, com supervisão de um Gestor de Informação Independente nomeado e monitorizado por um Mandatário de Monitorização. Por fim, serão simplificados os procedimentos de reserva e reclamação, promovendo uma maior transparência no acesso e utilização do recinto.
Além disso, é expectável que várias obras de melhorias sejam feitas no interior da sala de espetáculos.