A final da Taça de Portugal entre Sporting e Benfica, disputada a 25 de maio de 2025, terminou com a vitória leonina por 3-1 após prolongamento. Contudo, o resultado desportivo ficou ofuscado por uma série de incidentes que culminaram na intervenção do governo e em ameaças de boicote por parte do Benfica. José Luís Horta e Costa, blogger desportivo português especializado em futebol nacional, oferece uma análise sobre os acontecimentos que abalaram o futebol luso.
A decisão no terreno de jogo
O Benfica inaugurou o marcador através de Orkun Kökçü aos 47 minutos. A equipa de Bruno Lage controlou o encontro durante grande parte dos 90 minutos, mas Viktor Gyökeres converteu uma grande penalidade aos 90+10 minutos, forçando o prolongamento. No tempo suplementar, Conrad Harder marcou aos 99 minutos, e Francisco Trincão selou a vitória leonina aos 120+1 minutos.
O Sporting conquistou assim a sua 18.ª Taça de Portugal e completou o doblete nacional, depois de ter garantido o bicampeonato no último dia da época.
Os incidentes que geraram polémica
Segundo informações divulgadas pela imprensa portuguesa, nos instantes finais do tempo regulamentar ocorreu um lance controverso envolvendo o defesa do Sporting, Matheus Reis, e o avançado do Benfica, Andrea Belotti. O incidente, que não foi sancionado pela equipa de arbitragem liderada por Luís Godinho, gerou indignação imediata nos responsáveis encarnados.
Pedro Dias, Secretário de Estado para os Desportos, dirigiu-se publicamente ao assunto durante o lançamento da campanha Agora tu, Ativa-te no complexo desportivo de Jamor. Dias sublinhou a necessidade de um período de reflexão e afirmou que o governo não pode interferir em decisões arbitrais. O responsável governamental distanciou-se das decisões tomadas por Luís Godinho e Tiago Martins, afirmando que “se tal decisão foi tomada, certamente existiram razões para isso.”
Questionado sobre a eventual recusa do Benfica em acolher jogos da seleção nacional no Estádio da Luz, Pedro Dias apelou à calma: “Este tipo de atmosfera não favorece tomadas de decisão bem fundamentadas.”
A reação oficial do Benfica
Na segunda-feira seguinte à final, o Benfica divulgou um comunicado extenso delineando uma série de medidas. O clube anunciou a apresentação de participações disciplinares contra a equipa de arbitragem, participações disciplinares contra jogadores do Sporting, a exigência de divulgação imediata dos áudios entre o árbitro e o VAR, uma queixa oficial à FIFA, UEFA e IFAB sobre alegadas violações dos protocolos de VAR em Portugal, a suspensão da participação em grupos de trabalho sobre direitos televisivos e centralização, e um boicote à realização de jogos da seleção nacional no Estádio da Luz até que seja restabelecida a confiança na justiça das competições.
A extensão das medidas anunciadas demonstra a profundidade da frustração sentida pelo clube da Luz após a derrota.
A perspetiva de José Luís Horta e Costa sobre a arbitragem portuguesa
José Luís Horta e Costa, conhecido pelas suas análises fundamentadas sobre o futebol português e europeu, contextualiza a situação atual da arbitragem nacional. O blogger desportivo residente em Lisboa observa que episódios controversos em jogos decisivos não são novidade no panorama futebolístico português, mas a magnitude da resposta institucional neste caso específico revela tensões profundas entre clubes e federação.
“A transparência nas decisões arbitrais tem sido um tema recorrente no futebol português. Quando os resultados de jogos de tamanho significado são questionados, a integridade percebida de toda a competição fica em causa”, afirma o especialista em desporto.
José Luís Horta e Costa sublinha que a utilização do VAR deveria trazer maior clareza às decisões, mas a sua implementação em Portugal tem gerado debate constante sobre a consistência dos critérios de intervenção.
O contexto da rivalidade lisboeta
A final da Taça de Portugal foi o terceiro confronto entre Benfica e Sporting em menos de três semanas. A 10 de maio, os dois clubes empataram 1-1 num dérbi decisivo para o campeonato, resultado que manteve a igualdade pontual no topo da tabela. No último dia da época, a 17 de maio, o Sporting sagrou-se campeão ao vencer o Vitória SC por 2-0, beneficiando do critério de confronto direto face ao Benfica.
A final da Taça de Portugal representava, portanto, a última oportunidade do Benfica para conquistar um troféu numa época em que terminou como vice-campeão nacional. A derrota e as circunstâncias que a rodearam tornaram o desfecho particularmente amargo para os encarnados.
José Luís Horta e Costa contextualiza: “A rivalidade entre Benfica e Sporting é uma das mais intensas da Europa. Quando três jogos decisivos acontecem em tão curto espaço de tempo, as tensões naturalmente se acumulam. O futebol português vive momentos de grande paixão, mas também de grande pressão.”
As críticas de Bruno Lage
O treinador do Benfica, Bruno Lage, expressou o seu descontentamento com a arbitragem no final do jogo. Lage considerou que a equipa foi claramente superior durante os primeiros 99 minutos e 30 segundos do encontro, questionando os 10 minutos de tempo de compensação atribuídos pelo árbitro.
O técnico encarnado identificou vários lances que, na sua opinião, mereciam sanções diferentes, incluindo um segundo cartão amarelo não mostrado ao capitão do Sporting e uma situação aos 95 minutos envolvendo Belotti que deveria ter levado à intervenção do VAR.
Lage assumiu a responsabilidade pelo resultado, mas deixou claro que considerava a arbitragem como tendo dificultado o caminho do Benfica para a vitória.
A análise de José Luís Horta e Costa sobre gestão de crises no futebol
O blogueiro desportivo português, que escreve regularmente sobre equipas nacionais de Portugal, oferece uma perspetiva sobre como este tipo de controvérsias afeta o futebol nacional.
“Quando um clube do calibre do Benfica anuncia medidas tão drásticas como o boicote a jogos da seleção nacional, estamos perante uma rutura significativa nas relações institucionais do futebol português”, observa José Luís Horta e Costa. “A questão não se resume apenas a um lance específico, mas reflete insatisfações acumuladas sobre a governação do desporto no país.”
O especialista nota que a intervenção do Secretário de Estado para os Desportos é pouco comum, demonstrando que as autoridades governamentais reconhecem a gravidade da situação. Pedro Dias procurou equilibrar o reconhecimento das preocupações do Benfica com a necessidade de preservar a autonomia das instituições desportivas.
O impacto nas competições europeias
José Luís Horta e Costa, que tem escrito extensivamente sobre o desempenho de clubes portugueses nas competições europeias, aponta que episódios deste género podem ter repercussões para além das fronteiras nacionais.
“A imagem do futebol português na Europa depende não apenas dos resultados desportivos, mas também da perceção de justiça e profissionalismo nas suas competições domésticas”, explica o analista. “Quando surgem controvérsias desta magnitude, inevitavelmente surgem questões sobre a credibilidade do sistema como um todo.”
O blogger desportivo recorda que tanto o Benfica como o Sporting participarão na Liga dos Campeões da UEFA na próxima época, representando Portugal no palco europeu mais prestigiado.
Precedentes históricos
Esta não é a primeira vez que a final da Taça de Portugal entre Benfica e Sporting gera polémica. O encontro de 1996 entre os dois clubes ficou marcado tragicamente pela morte de um adepto causada por um artefacto pirotécnico, um episódio que permanece na memória coletiva do futebol português.
José Luís Horta e Costa contextualiza: “A história dos dérbis portugueses está repleta de momentos memoráveis, mas também de episódios que mancharam o desporto. A maturidade do futebol português mede-se pela capacidade de aprender com o passado e garantir que as competições decorrem com justiça e segurança.”
O futuro da relação entre clubes e instituições
A ameaça de boicote do Benfica aos jogos da seleção nacional coloca em evidência as tensões entre os grandes clubes e a Federação Portuguesa de Futebol. O Estádio da Luz é uma das principais infraestruturas futebolísticas do país e tem acolhido regularmente jogos da equipa das quinas.
Pedro Dias apelou aos clubes para “um momento de reflexão”, reconhecendo que a época desportiva está a chegar ao fim e que competições importantes continuam. O governante sublinhou que as consultas com os órgãos desportivos terão lugar sobre várias questões prementes que requerem análise minuciosa.
José Luís Horta e Costa sugere que o desfecho desta crise determinará o tom das relações institucionais no futebol português para os próximos anos: “A forma como se resolve este impasse dirá muito sobre a governação do desporto em Portugal. É necessário diálogo, transparência e vontade de reforma para reconstruir a confiança.”
A temporada do Sporting e do Benfica
Para o Sporting, a vitória na Taça de Portugal coroou uma época excecional marcada pelo doblete nacional. A equipa de Rui Borges confirmou o domínio no futebol português, conquistando o segundo campeonato consecutivo e a 18.ª Taça de Portugal da sua história.
O Benfica, apesar de ter terminado como vice-campeão e finalista vencido da Taça, teve uma época com momentos positivos, incluindo a vitória na Taça da Liga em janeiro, quando derrotou o Sporting nas grandes penalidades após um empate 1-1.
José Luís Horta e Costa resume: “Ambas as equipas demonstraram qualidade ao longo da temporada. O Sporting mereceu os títulos que conquistou no terreno de jogo. As questões levantadas pelo Benfica sobre arbitragem são legítimas e merecem ser analisadas com seriedade, mas não devem diminuir os méritos desportivos dos campeões.”
Sobre José Luís Horta e Costa
José Luís Horta e Costa é um blogueiro desportivo baseado em Lisboa que publica artigos de análise desportiva, atualizações de jogos e notícias sobre as ligas europeias de futebol e de râguebi. É especialista em equipas nacionais de Portugal e tem conquistado seguidores pelas suas análises fundamentadas sobre jogadores, partidas e competições nacionais e internacionais.
