Jogos de grande orçamento estão a limitar a indústria, afirma ex-responsável da PlayStation, Shuhei Yoshida

- Publicidade -

Shuhei Yoshida alerta que orçamentos de “200 milhões de dólares” estão a reduzir drasticamente o número de projetos aprovados.

Durante uma entrevista no canal Kit & Krysta, Shuhei Yoshida, antigo responsável pelos estúdios internos da PlayStation, explicou como a escalada de orçamentos nos jogos considerados “AAA” está a restringir o número de jogos que as editoras se sentem dispostas a aprovar. De acordo com Yoshida, o impacto foi visível sobretudo desde a geração da PlayStation 4, em que a aposta em grandes produções passou a ser vista como uma opção mais segura.

Yoshida recorda que, nessa altura, “apostar em grande parecia mais seguro”. A prioridade deixou de ser a diversidade criativa de jogos de escalas mais reduzidas como Patapon ou Gravity Rush, para dar lugar a produções mais grandiosas como God of War, Horizon Zero Dawn o, até, The Order: 1886 – que nunca chegou a ter uma sequela. A perceção dominante era de que um jogo com elevados valores de produção tinha maior probabilidade de sucesso comercial. “Toda a gente queria jogos maiores, com gráficos mais bonitos, personagens mais realistas, mais horas de jogo”, resumiu.

O problema, aponta, é que esta lógica levou a uma inflação descontrolada nos custos de produção, com orçamentos que, por vezes, ultrapassam “os 200 milhões de dólares”. Com esse nível de alto investimento, torna-se mais difícil correr riscos, o que faz com que as editoras apostem apenas em jogos com potencial imenso. “Vi uma análise sobre uma mesma série lançada na era da PS4 e depois na PS5. O orçamento duplicou, a um ponto em que já não se consegue recuperar o investimento”, revelou.

No entanto, para Yoshida, esta geração já é marcada por uma nova consciência na indústria: “É a primeira vez que há um reconhecimento real de que algo tem de mudar”. Adicionalmente, o antigo executivo também destacou como as expectativas de sucesso aumentaram desproporcionalmente: Se na era da PlayStation 1 vender um milhão de cópias era um marco assinalável, agora, um jogo AAA precisa de vender cerca de 10 milhões apenas para ser considerado “normal”.

Este tipo de exigência, de acordo com Yoshida, cria um ecossistema em que poucos jogos têm oportunidade de ser desenvolvidos, colocando em risco a diversidade criativa da indústria. Ainda que jogos de grande orçamento continuem a dominar o mercado, o antigo responsável da PlayStation sugere que está na altura de encontrar modelos de produção mais sustentáveis.

Os efeitos de apostas de grandes orçamentos e de tempos de produção irrealistas, são também grandes catalisadores de reformulações estratégicas como as recém assistidas no departamento de jogos da Xbox, que resultaram por exemplo em cancelamento de jogos e fecho de estúdios.

David Fialho
David Fialhohttps://echoboomer.pt/
Licenciado em Comunicação e Multimédia, considero-me um apaixonado por tecnologias e novas formas de entretenimento. Sou editor de tecnologia e entretenimento no Echo Boomer, com um foco especial na área dos videojogos.
- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados