Questões de segurança levam a Alemanha a afastar os gigantes chineses da sua rede 5G.
Tudo começou com os EUA, que afastaram de uma só vez a Huawei e a ZTE das suas redes 5G, que há alguns anos invocou a segurança nacional para essa tomada de decisão, na altura polémica. Não muito tempo depois, muitos outros países, até alguns europeus, seguiram as pisadas da EUA e colocaram essas duas empresas fora dos seus concursos para a infraestrutura 5G.
Agora, muito meses depois (para não dizer anos), Nancy Faeser, ministra do interior da Alemanha, revelou que afastou todos os componentes fabricados pela Huawei e pela ZTE das suas redes 5G. E a “desculpa” prende-se, mais uma vez, com a segurança, especialmente numa altura em que estamos num clima de tensão entre a China e a União Europeia.
“No núcleo da rede 5G, os componentes da Huawei e da ZTE não poderão mais ser utilizados até ao final de 2026, o mais tardar. Para as redes de acesso e transporte 5G, os sistemas críticos de gestão [das duas fabricantes] devem ser substituídos até ao final de 2029, o mais tardar”, indicou a ministra em conferência de imprensa. Acrescentou ainda que esta decisão “será aplicável a toda a Alemanha”.
A decisão foi tomada após um exame minucioso da ameaça que as duas fabricantes chinesas poderiam representar para a segurança da Alemanha. Ao tomar esta decisão, “estamos a proteger o sistema nervoso central das instalações de produção da Alemanha e a proteger as comunicações dos nossos concidadãos e das empresas do nosso país”, disse a ministra.
Em junho de 2023, a Comissão Europeia solicitou aos 27 estados membros, e operadores da UE, que excluíssem a Huawei e a ZTE das suas redes móveis. As proibições ao fornecimento de equipamentos 5G também já foram tomadas pelo Reino Unido e Canadá, mas alguns países europeus ainda estão divididos quanto à abordagem a adotar.
Huawei e ZTE fora da rede 5G da Alemanha
Crescem os receios na Alemanha relativamente à dependência excessiva da China, o seu principal parceiro comercial no ano passado, e o governo alemão aumentou a vigilância sobre infraestruturas críticas que correm o risco de cair nas mãos de empresas ligadas ao Estado chinês.
“Devemos reduzir os riscos de segurança e, ao contrário do passado, evitar dependências unilaterais”, disse Nacy Faeser. “Devemos tornar-nos mais independentes e mais resilientes às crises. As ameaças atuais realçam a importância de uma infraestrutura de telecomunicações segura e resiliente, particularmente no que diz respeito aos riscos de sabotagem e espionagem”, acrescentou.