Os Huawei FreeBuds 6 são uma excelente opção para quem procura um bom par de auscultadores sem fio abaixo dos 140€.
Os FreeBuds 6 são a mais recente adição ao crescente catálogo de auscultadores da Huawei. Estes auscultadores true wireless chegam sem grandes mudanças em termos de design, mas contam com algumas melhorias interessantes. Tal como os seus antecessores, os Huawei FreeBuds 6 são promovidos como auscultadores de encaixe aberto (“open-fit”). O que significa que não incluem pontas de silicone que selam os canais auditivos, permitindo que o som se mantenha parcialmente aberto ao ambiente exterior. Para além disso, são muito idênticos aos anteriores FreeBuds 5. E se visualmente pouco mudou, por dentro, encontramos melhorias no cancelamento ativo de ruído (ANC), na qualidade sonora e na conectividade Bluetooth.
Os FreeBuds 6 mantêm o habitual acabamento em plástico num processo NCVM único, semelhante ao que se encontra nos AirPods e noutros auscultadores modernos. Os próprios auscultadores (mas não a caixa de carregamento) beneficiam ainda de certificação IP54 de resistência à água, o que significa que sessões de treino intensas não deverão danificá-los. As hastes mais largas tornam mais prático o controlo por gestos: é possível deslizar o dedo para cima ou para baixo para ajustar o volume, ativar o ANC ou rejeitar chamadas mantendo o toque. Já um duplo toque reproduz ou pausa a música. Incluídas estão, também, pontas auriculares de silicone com design pouco convencional, que ajudam quem tem ouvidos maiores a encontrar um encaixe confortável (eu não precisei de as utilizar).
Internamente, os FreeBuds 6 chegam com melhorias face ao seu antecessor. O ANC de encaixe aberto da Huawei promete adaptar o cancelamento de ruído ao formato e tamanho únicos de cada ouvido. Apesar de ser difícil comprovar, o sistema de três microfones parece, de facto, proporcionar melhor isolamento em comparação com a geração anterior. A autonomia também melhorou (ainda que continue abaixo da média para auscultadores sem fios), com até seis horas de reprodução com o ANC desativo. Com o ANC ativo, o tempo de reprodução desce para cerca de 3,5 horas. A caixa de carregamento armazena carga suficiente para mais seis recargas, oferecendo até 36 horas de utilização no total. O carregamento ultra-rápido está presente — bastam cinco minutos de carga para garantir até duas horas de reprodução. Há ainda suporte para carregamento sem fios via tecnologia Qi, ideal para quem prefere uma experiência totalmente livre de cabos.
Os FreeBuds 6 contam com Bluetooth 5.2, permitindo que smartphones e tablets emparelhem dois dispositivos em simultâneo. Basta abrir a caixa de carregamento para surgir um aviso de ligação automática no smartphone, computador ou tablet compatível, facilitando a alternância entre dispositivos. Os graves são mais acentuados do que nos FreeBuds 5, e é possível reproduzir sons realmente baixos. A resposta de frequência é anunciada como ultra-ampla e adaptada ao ouvido do utilizador, conforme o ajuste, o formato das orelhas e o volume. Embora difícil de comprovar na prática, esta promessa é, ainda assim, bem-vinda. A inclusão dos codec LDAC de alta resolução, e o L2HC 4.0 da Huawei, é especialmente atrativa para audiófilos que procuram conforto. E para quem tem equipamentos que não suportam LDAC ou L2HC, os FreeBuds 6 também são compatíveis com os codecs Bluetooth AAC e SBC… e já que falamos em compatibilidade, o iOS, Android, Windows, macOS, Linux, e todos os outros sistemas operativos são suportados.
De acordo com a Huawei, o design destes FreeBuds 6 passaram por dezenas de milhares de simulações ergonómicas para alcançar um conforto superior. O facto de os ter utilizado durante várias horas seguidas em diversas ocasiões prova, na prática, essa promessa. A cabeça dos auscultadores é suficientemente grande para se encaixar confortavelmente entre no ouvido, mas não ao ponto de provocar atrito. Para além disso, é geralmente mais difícil sofrer fadiga auditiva ao utilizar auscultadores de encaixe aberto. Não ser necessário introduzi-los diretamente no canal auditivo reduz bastante a pressão dentro do ouvido. Nem sequer é necessário realizar um teste de ajuste (e a aplicação AI Life nem sequer o oferece), visto que o formato dos FreeBuds 6 é, por norma, fácil de utilizar e permanece fora do canal auditivo.
Este tipo de auscultadores é também ideal para quem aprecia vocais e instrumentos mais agudos. Em ambientes silenciosos, considerei a qualidade sonora dos FreeBuds 6 bastante agradável. Ao ouvir Brothers In Arms, de Mark Knopfler, a guitarra e os vocais destacavam-se claramente na mistura. Pratos soavam nítidos sem serem agressivos, enquanto o baixo oferecia uma tonalidade clara e bem definida. Isto é possível porque os Freebuds 6 são os primeiros auriculares semi-abertos do mercado com Dual-Driver True Sound System, e os primeiros a suportar a transmissão sem perdas de 2,3Mbps. Para além isso, conta com um sistema que aumenta o fluxo de ar e reduz a resistência do diafragma durante a vibração. O resultado é um campo sonoro satisfatório, e a inclusão do codec sem falhas L2HC 4.0, da Huawei, melhora ainda mais essa experiência. Quem tiver um smartphone compatível poderá usufruir de uma taxa de bits quase sem perdas, com suporte para ficheiros de música de alta resolução.
A aplicação complementar da Huawei, AI Life, oferece funcionalidades bastante úteis para melhorar a experiência sonora. A mais relevante será o equalizador personalizável de 10 bandas. Os utilizadores podem ajustar as frequências no entanto, apenas é possível guardar até três predefinições personalizadas. Para quem preferir soluções prontas a usar, há quatro predefinições integradas: padrão, reforço de graves, reforço de agudos e realce de vozes. Pessoalmente, achei que o reforço de graves não só tornava o baixo e o bombo mais presentes, como também dava mais destaque à guitarra. O reforço de agudos torna os pratos algo agressivos em certas faixas, mas melhora a presença da guitarra elétricas. A predefinição de vozes é excelente para podcasts e discursos, proporcionando maior clareza. De um modo geral, estas predefinições aproximam-se muito das minhas expectativas, especialmente em comparação com as opções oferecidas por aplicações concorrentes.
Os controlos por toque são extremamente intuitivos nos FreeBuds 6. A ausência de funcionalidade com um único toque evita interrupções acidentais quando se está a colocar os auscultadores — algo que me acontece frequentemente com os Pixel Buds. As hastes alargadas facilitam bastante o gesto de toque, pois são suficientemente largas para se encontrarem facilmente. O gesto de deslizar é agradável de utilizar e os auscultadores pausam automaticamente a música quando são retirados. Ao recolocá-los, ouve-se um sinal sonoro de dois tons que indica que a reprodução será retomada. Existe também uma notificação de voz que diz “cancelamento de ruído ativado/desativado” consoante a ação.
Uma funcionalidade interessante destes auriculares é a possibilidade de os controlar através de movimentos da cabeça, conhecidos como Head Motion Control. Pode parecer algo muito futurista, mas um simples aceno ou abanão com a cabeça pode atender ou rejeitar uma chamada telefónica. Depois de ativada a funcionalidade, o movimento de “não” com a cabeça rejeita uma chamada, e o de “sim” atende-a. E tudo funciona muito bem. Se, no início, tudo parece difícil de interiorizar, a verdade é que, passadas apenas algumas chamadas, os movimentos tornam-se intuitivos. O mesmo aplica-se ao balançar da cabeça para passar para a música seguinte, por exemplo no Spotify.
Sou também fã da caixa de carregamento com formato de ovo. Para além de ter um design apelativo, adapta-se bem à mão e pesa agradáveis 45g. O acabamento mate evita marcas de impressões digitais e parece ser resistente a riscos. A traseira achatada facilita o transporte no bolso. A tampa abre e fecha com um estalido satisfatório. Existe ainda uma ligeira força magnética que mantém os auscultadores no lugar quando se abre a caixa, embora menos intensa do que em outros FreeBuds. O LED frontal é muito útil, indicando o nível de bateria ao abrir o estojo: luz verde para carga acima de 90%, laranja entre 20% e 40%, e vermelha abaixo de 20%. O botão de emparelhamento está facilmente acessível do lado direito da caixa, com a porta USB-C localizada na parte inferior.
Por fim, a qualidade do microfone. Como acontece com a maioria dos auscultadores sem fios, o som captado é bom, com uma clara melhoria em relação ao seu antecessor, e nos testes mostraram-se mais eficazes em ambientes ruidosos. Para esta análise, fiz um teste no interior de um comboio em movimento. A minha voz foi audível no início, bem como o som do comboio em movimento, e pouco depois, a supressão de ruído entrou em ação, tornando o som externo quase impercetível — embora também tenha cortado parte da minha voz no final. A qualidade não é perfeita, mas está acima da média em comparação com outros modelos no mesmo segmento.
Para quem procura um par de auscultadores com encaixe aberto, os Huawei FreeBuds 6 são uma opção realmente convincente. Oferecem uma maior autonomia do que os seus antecessores, bem como cancelamento ativo de ruído (ANC) ainda mais eficaz em ambientes ruidosos por 159€ (no site oficial da marca conseguem um desconto de 20€ ficando por 139€, mas somente até 29 de junho). O equalizador ajustável de 10 bandas disponível na aplicação AI Life é também um recurso essencial. Combinados com um desempenho sonoro agradável e um driver dinâmico potente, estes auscultadores são uma excelente adição ao seu conjunto de acessórios de áudio.
O suporte para codecs como L2HC e LDAC acrescenta ainda mais entusiasmo a esta proposta, e os audiófilos que anteriormente tinham dificuldades com auscultadores intra-auriculares poderão finalmente encontrar conforto nos FreeBuds 6. Apesar do design arrojado, estes auscultadores são inegavelmente confortáveis. As hastes são extremamente fáceis de utilizar, com gestos simples prontamente reconhecidos. Contudo, estes auscultadores não aparentam ser para todos. O facto de serem abertos, em vez de selarem o canal auditivo, não pode ser ignorado. Pessoalmente, considero que por vezes o nível de fuga sonora dos FreeBuds 6 é excessivo. As vozes, em particular, nem sempre são suficientemente atenuadas pelo ANC, e provavelmente isso nem é defeito, mas sim feitio, e o facto de pessoalmente utilizar muitas vezes auriculares in-ear, leva-me a fazer este apontamento, que a meu ver é o único ponto “menos positivo”.
Este produto foi cedido para análise pela Huawei.