O Honor Magic V5 tem tudo o que é de bom para marcar a sua posição no universo dos smartphones dobráveis. Pode não revolucionar, mas melhora muitos dos aspetos-chave que já faziam do Magic V3 o melhor smartphone dobrável do mercado.
O Honor Magic V5 chega ao mercado como mais uma proposta a tentar cimentar o formato dobrável e fá-lo com uma abordagem bastante equilibrada entre utilidade, inovação e alguns compromissos que ainda persistem neste segmento. Quando dobrado, é muito semelhante a um telefone topo de gama comum, com um design limpo e discreto, e quando aberto, é quando a magia acontece. Em termos de construção, a dobradiça do equipamento transmite muita confiança, com o mecanismo a abrir de forma suave, silenciosa e com fricção adequada para manter o ecrã fixo em diferentes posições, o que se traduz em conveniência acrescida para chamadas de vídeo ou visualização de conteúdos sem precisar de suporte adicional. A desvantagem, aqui, está na saliência pronunciada do módulo fotográfico traseiro, que compromete a estabilidade quando pousamos o telefone numa superfície plana. Apesar disso, a combinação de carbono e fibras de grau aeroespacial dá ao Magic V5 uma sensação premium e com robustez, sem deixar de ser muito leve. As certificações IP58 e IP59 reforçam a resistência a pó e salpicos, ainda que o dispositivo não tenha sido pensado para cenários mais extremos.
Mas o mais impressionante desta aposta da Honor é a sua espessura de apenas 8,8mm quando fechado e 4,1mm quando aberto, num dispositivo que apenas 217g. Só para termos uma comparação, o Honor Magic V3, que já era surpreendentemente fino, conta com 9,2mm quando fechado e 4,35mm quando aberto, e pesa 226g, já o Galaxy Z Fold6 tem 12,1mm quando fechado. Em teoria pode parecer que são apenas alguns milímetros, mas numa utilização realista, revela-se um equipamento surpreendentemente fino, leve e com um acabamento fantástico. Colocar este telefone no bolso, é muito mais agradável que o Xiaomi 15 Ultra, por exemplo, que tem sido o meu equipamento diário quando não estou a testar outro. Fechado, o novo telefone da Honor é mais fino e mais leve que o topo de gama da Xiaomi, ou que o Google Pixel 9 Pro XL, algo que é verdadeiramente impressionante. A sua espessura é tão fina que a porta USB-C está nos limites do corpo do telefone, pelo que não acredito que a empresa consiga reduzir ainda mais a espessura da próxima geração do Magic V, a não ser que decidam lançar o equipamento sem porta USB-C.
A primeira impressão é dada pelo ecrã externo, que é muito semelhante ao ecrã de um smartphone topo de gama convencional. É um painel OLED de 6,43 polegadas, alto e estreito, com a resolução 2376×1060 pixeis e brilho máximo de 5000 nits, que facilita a utilização com apenas uma mão. É particularmente prático para usar em quase tudo no dia a dia. Apesar de ser o ecrã “secundário” oferece uma experiência completa, que fez com que apenas utilizasse o ecrã principal para ocasiões especificas. Ainda assim, o verdadeiro destaque está mesmo no ecrã interno, que é composto por um painel AMOLED LTPO de 7,95 polegadas, com brilho máximo de 5000 nits, com resolução elevada de 2352×2172 pixeis, com suporte para o Dolby Vision HDR e com um brilho e nitidez mais do suficiente para longas sessões de lutilização. O vinco central continua lá, mas a evolução é notória, uma vez que só se revela em ângulos específicos sob luz forte, e deixa de ser uma distração constante como acontecia em gerações anteriores. Em termos práticos, os dois ecrãs são realmente excelentes em todos os sentidos. E com taxa de atualização dinâmica entre 1 e 120Hz, ambos mostraram-se capazes de oferecer o que de melhor o mercado tem para oferecer.
No seu interior temos o melhor processador atualmente disponível no mercado, o Qualcomm Snapdragon 8 Elite, acompanhado por 16GB de RAM LPDDR5X e 512GB de armazenamento interno UFS 4.1. Este conjunto garante a fluidez necessária para todo o tipo de tarefas, incluindo as mais exigentes. É preciso ter em atenção que o equipamento não oferece suporte para qualquer tipo de expansão do armazenamento interno, ou seja, não tem slot para cartões microSD. No entanto, é possível adicionar mais 16GB de RAM vistual através do Honor RAM Turbo, que recorre a memória interna do dispositivo e algo que utilizei durante todos os meus testes. Outra nota de destaque neste equipamento, é o facto da Honor ter feito um excelente trabalho com o hardware uma vez que a gestão térmica é impecável. Mesmo em situações de stresse, o Magic V5 nunca aqueceu em demasia, nem testes de benchmark, nem em jogos exigentes durante longos períodos de tempo, nem durante o carregamento rápido com fio. Já no que toca a ligações o Magic V5 conta com tudo o que se espera de um smartphone topo de gama atual, ou seja, 5G, Wi-Fi 7, Bluetooth 6, suporte para eSIM e até dois cartões SIM físicos. O seu áudio estéreo cumpre bem o seu papel, sem deslumbrar, mas suficientemente claro para consumo de conteúdo multimédia.
A autonomia é outro dos pontos fortes deste equipamento. Com uma bateria de 5820mAh, o Magic V5 aguenta um dia inteiro de utilização intensa sem grandes dificuldades. E conta com suporte para o carregamento rápido com fio de 66W e sem fios de 50W. Na prática, são necessários sensivelmente 53 minutos para uma carga dos 0 aos 100% com fios através do carregador adequado – que não vem na caixa – e mais 15 minutos quando o carregamento é efetuado sem fios. Em 18 minutos são obtidos cerca de 50% de bateria de carregamento com fio, e são necessários quase 25 minutos quando carregado sem fio.
Passando para a fotografia, o seu sensor principal é de 50MP com estabilização ótica e estabilização eletrónica (OIS e EIS), sendo acompanhado por uma lente ultra grande-angular também de 50MP com abertura f/2.0, e uma lente telefoto periscópio de 64MP com zoom ótico de 3x com OIS e EIS. As capturas apresentam imagens muito detalhadas com cores vivas, especialmente com processamento em cima para otimizar brilho e nitidez em situações de baixa iluminação. Porém, esse mesmo processamento em algumas situações tende a ser um pouco excessivo, deixando algumas fotografias com aspeto artificial e demasiado “polidas”. O zoom digital chega aos 100x, mas a utilidade real desta funcionalidade raramente ultrapassa os 10x, dado o ruído evidente em ampliações mais extremas. A câmara principal oferece fotografias nítidas e com cores fiéis quando os cenários estão bem iluminados. A profundidade de campo é satisfatória sempre que necessária, embora os detalhes tendam a ficar algo esbatidos junto às extremidades do enquadramento. Nas imagens captadas com a lente ultra grande-angular nota-se alguma distorção, mas o campo de visão é suficientemente amplo para registar muitos elementos na fotografia. Em cenários de baixa luminosidade, as fotos obtidas com a câmara principal são muito boas, e recorrer ao modo noturno dedicado resume-se a apenas um ligeiro aumento de brilho nas zonas de sombra. No entanto o modo retrato é um dos que mais me impressionou neste Honor Magic V5, já que beneficia da proporção 5:4 que dá mais margem de enquadramento, além de filtros com um toque nostálgico. Já a velocidade do obturador no modo automático merece um pequeno reparo, já que objetos em movimento tendem a ficar um pouco desfocados, algo que poderá ser resolvido com maior flexibilidade no ISO e tempos de exposição. Nas câmaras frontais, a experiência é versátil graças às suas duas lentes de 20MP, uma em cada ecrã, com a grande vantagem que podemos utilizar o ecrã externo para selfies de qualidade, já que nos permite recorrer ao sensor principal.
Sendo o mais recente topo de gama da Honor, não é surpreendente que o Magic V5 chegue pré-instalado com o MagicOS 9.0, baseado no Android 15 e que logicamente conta com todas as funcionalidade de inteligência artificial que vimos em modelos anteriores. Por isso, não me vou alongar muito nas funcionalidades já abordadas na minha análise ao Honor 400 5G. O destaque vai mais uma vez para a função inteligente de conversão de imagem para vídeo, o AI Image to Video, que continua a ser impressionante, e o Magic Portal, da própria Honor, que integra uma funcionalidade muito semelhante ao Circle to Search utilizando um gesto que é efetuado com o nó do dedo, bem como deteção de deepfake por inteligência artificial em chamadas e melhorias em ferramentas já conhecidas, como o AI Eraser 2.0. O Magic Portal continua, no entanto, a suportar apenas um conjunto limitado de aplicações e, embora seja útil para informações rápidas, ainda não corresponde totalmente ao que esperaríamos de uma barra lateral multifunções.
Para quem conhece a interface da Honor, o MagicOS 9.0 é executado de forma muito fluida no Honor Magic V5 e felizmente não está recheado de bloatware. Outra boa noticia é que a marca compromete-se em fornecer quatro anos de grandes atualizações do sistema operativo, juntamente com cinco anos de atualizações de segurança. Isso significa que as atualizações estão garantidas até ao Android 19 e as atualizações de segurança até ao final do verão de 2030.
De qualquer forma, não parece que a Honor esteja a apostar exclusivamente na inteligência artificial nos seus smartphones, o que é refrescante numa altura em que praticamente todas as outras marcas tentam impor funcionalidades inteligentes que nem sempre são úteis para todos os utilizadores. Por isso, uma das novas funcionalidades em destaque vai para o ecrã triplo dividido, que permite abrir, e alternar, entre três aplicações em simultâneo no ecrã interno. Embora, na prática, a maioria dos utilizadores precise apenas de duas aplicações abertas em paralelo, a possibilidade de trabalhar com três aplicações revela-se útil em situações intensas de multitasking. Como, por exemplo, estar reservar bilhetes para um concerto e ter um código de desconto no e-mail que necessita de consulta imediata, e ao mesmo tempo é necessário verificar no calendário qual a data mais conveniente, tudo isto enquanto se mantém aberta a página de reservas. Normalmente, teria de alternar constantemente entre aplicações, mas com o Honor Magic V5, com o ecrã triplo dividido, pode-se simplesmente visualizar tudo lado a lado, sem ter de saltar entre aplicações. Esta capacidade acaba por aproximar o Honor Magic V5 de um computador em termos de utilização.
Outra boa funcionalidade é o Honor AI Space, que mais não é do que uma ferramenta que conta com um conjunto alargado de funcionalidades, algumas baseadas em inteligência artificial, como o nome propões, mas outras nem por isso, que podem ser úteis no dia a dia. Por exemplo, com a aplicação consegui transformar o Magic V5 num comando para todas as unidades de ar condicionado da minha habitação. Tenho unidades de quatro marcas distintas e o equipamento foi capaz de lidar com todas elas. Para além disso, permite otimizações que são feitas de forma rápida e muito intuitiva. Por exemplo, automatizei que todos os ar condicionados se desligassem assim que me afastava de casa e que se ligassem assim que me aproximava. E esse é só um pequeno exemplo, já que existem muitas possibilidades.
O Honor Magic V5 tem tudo o que é de bom para marcar a sua posição no universo dos smartphones dobráveis. Não posso dizer que revoluciona, mas a Honor conseguiu melhorar muitos dos aspetos-chave que já faziam do Magic V3 o melhor smartphone dobrável do mercado. Na minha opinião, o novo modelo conta agora com o melhor design que alguma vez vimos num smartphone dobrável, fácil de manusear e de guardar no bolso, e com uma espessura quase impossível de melhorar. Se juntarmos a tudo isto, um software equilibrado, um hardware topo de gama e que não desilude em qualquer tarefa, e uma bateria muito competente, temos aquele que considero o melhor smartphone dobrável do mercado.
Este dispositivo foi cedido para análise pela Honor.