O país prepara um investimento recorde na Agência Espacial Europeia, envolvendo várias áreas governativas e novas missões.
Portugal prepara o maior investimento nacional na Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) desde a adesão, ao prever um aumento de 51% no contributo financeiro para o período de 2026 a 2030, elevando o total para 204,8 milhões de euros. A decisão surge no ano em que se assinalam 25 anos de presença portuguesa na organização e representa o montante mais elevado alguma vez destinado pelo país ao setor espacial, envolvendo agora um conjunto mais amplo de áreas governativas.
No plano científico, mantém-se o financiamento dos programas obrigatórios e das missões que aproximam centros de investigação de empresas tecnológicas. Em paralelo, outras áreas do Governo e a Região Autónoma dos Açores participam em programas opcionais ligados à observação da Terra, segurança espacial, transporte, comunicações, tecnologia e resiliência. Entre as missões apoiadas está o Space Rider, focado no desenvolvimento de um veículo reutilizável para experiências em microgravidade e testes tecnológicos. O regresso do veículo deverá ocorrer ao largo de Santa Maria, prevendo-se a criação de um centro tecnológico espacial associado a estas operações.
Na área da resiliência, o investimento nacional, com contributo expressivo da Defesa, pretende reforçar a capacidade tecnológica interna e posicionar a Constelação Atlântica para o futuro serviço governamental europeu de observação da Terra. Este sistema integrado permitirá recolher informação estratégica para defesa e segurança, apoiar exercícios militares, operações civis e ações de resposta a emergências, incluindo fogos florestais.
Com o reforço previsto para o ciclo 2026-2030, Portugal procura estimular investigação avançada, favorecer o surgimento de novas empresas, atrair investimento estrangeiro e criar emprego qualificado, absorvendo parte do talento formado nas universidades. A oferta académica tem crescido de forma consistente, com cursos de Engenharia Aeroespacial abertos recentemente nas universidades do Porto, Minho, Aveiro e Évora, mantendo-se como uma das áreas com classificação de entrada mais elevada no ensino superior.
O setor empresarial ligado ao Espaço também tem vindo a expandir-se. Nos últimos dez anos, o número de empresas duplicou, passando de 42 para 84, e estudos como o da Novaspace apontam para um retorno médio superior a dois euros por cada euro investido, revelando o impacto crescente destas atividades na economia.
Foto: RAEGE
